Hannah Hawking/Carly Parker
—Onde ela está? —Questionei, odiando cada segundo daquele momento na presença de Neo. —Onde o presidente a manteve esse tempo todo? —Caminhei até parar na frente de Neo e apontei a arma para o peito dele, vendo que ele sequer se moveu com a minha aproximação. —Onde ela está, Neo?
—Você acha mesmo que vai conseguir tirar ela daqui? O presidente jamais vai deixar isso acontecer! —Neo afirmou, com aquele sorriso se tornando insuportavelmente maior, como se ele tivesse confiança absoluta no presidente.
—O presidente não vai mais estar aqui para deixar ou não, Neo. —Afirmei, inclinando meu rosto para perto do dele, vendo a confusão tomar seus olhos pela primeira vez. —Não estamos aqui por causa da minha mãe apenas. Mas para tirar o presidente do lugar. Isso que ele construiu aqui, acaba hoje!
—Vocês não podem e não vão conseguir fazer isso! —Sibilou, mas havia um tom de hesitação na sua voz dessa vez, como se ele tivesse se dado conta de que Cold não estava ali. —Acha que depois de tudo, ele vai deixar vocês entrarem aqui e tomarem tudo que ele construiu?
—Ele não vai ter muita escolha quando estiver morto, de qualquer forma. —Kai exclamou, usando um tom totalmente sarcástico. —Pare de perder a porcaria do nosso tempo, cara, e diga logo onde ela está!
Neo olhou para nós e soltou uma risadinha, antes de começar a andar em direção ao elevador no final do corredor. Engoli em seco, com medo do que poderia encontrar, já que ele estava agindo com uma tranquilidade assustadora. O observei parar na frente do elevador e clicar na tela, se demorando de uma forma absurdamente irritante.
—Onde está o famoso filho do presidente? —Neo questionou, mas não abria a boca para respondê-lo, porque Neo já tinha a resposta para aquela pergunta. —Seu namorado foi atrás do presidente, Hannah? Vai permitir que ele mate o próprio pai?
—Cale a merda da boca! —Ethan resmungou, caminhando na direção de Neo. —Tivemos que suporta-lo por semanas nos treinamentos, mas agora chega. Mostre a porcaria do caminho, Neo, e fique de boca fechada ou vou enfiar uma bala na sua cabeça!
Neo apenas riu, enquanto Kai revirava os olhos. A porta do elevador se abriu e nós entramos, com Ethan se colocando atrás de Neo com a arma apontada para sua cabeça. Eu e Kai permanecêssemos virados para a porta, nos preparando para qualquer coisa que fôssemos encontrar quando a porta se abrisse de novo.
—Sabe, ela perguntou de vocês todos esses dias. —Neo começou, me fazendo fechar os olhos, enquanto algo fervia dentro do meu peito. —Ela achava que vocês nunca iriam atrás dela. Que ela morreria sozinha. Pensou isso ainda mais quando soube que você, Carly Parker, havia reencontrado seu irmãozinho.
—Posso atirar na cabeça dele? —Kai indagou, fazendo Neo rir, como se tudo aquilo não passasse de uma piada pra ele. Como se ele tivesse se divertindo muito com aquele momento.
A porta do elevador se abriu, fazendo eu e Kai erguermos ainda mais as armas, mas de novo, tudo estava estranhamente vazio e silencioso, exceto pelo som dos tiros em outras partes do complexo.
—Não tem ninguém aqui também. Estão todos tentando proteger o complexo. —Neo afirmou, enquanto saíamos do elevador, caminhando lentamente ao observar as luzes piscando sobre nossas cabeças. —Ah, eu esqueci completamente!
Me virei para trás para olhar para Neo, bem a tempo de vê-lo clicando em algum objeto dentro do bolso. A bomba explodiu do nosso lado e meu corpo foi jogado para longe com a onda de energia que ela soltou. Escutei um zumbido nos meus ouvidos, enquanto o gosto metálico invadia minha boca e minha cabeça girava depois de bater contra o chão.
Pensei ter ouvido Ethan me chamando, mas estava mais ocupada gemendo no chão, sentindo todos os meus músculos latejarem quando tentei me mover e ficar de joelhos. O gosto de sangue na minha língua fazia um gosto amargo surgir pela minha garganta, enquanto meus olhos ardiam como se estivessem queimando.
—Hannah? —Tentei abrir os olhos, cheios de fuligem, e vi a escuridão que o corredor se encontrava, com partes das paredes rachadas e outras caídas. —Hannah?
—Estou bem. —Falei, ouvindo Ethan me chamar, provavelmente tentando se recuperar da explosão também, já que ainda se encontrava no chão.
Me coloquei de pé com a maior dificuldade possível e me escorei na parede, vendo Neo se arrastando até onde uma das armas havia caído, com um corte profundo na testa, por onde o sangue escorria para o restante do seu rosto. Disparei na direção dele, com meus pés tropeçando uns nos outros e o empurrei para longe da arma, caindo no chão em cima dele.
—Sempre você pra atrapalhar tudo. —Ele resmungou, me empurrando de cima dele e deixando um soco no meu rosto. Minha cabeça girou e eu tentei segura-lo, enquanto ele tentava se levantar.
—Hannah! —Ouvi a voz de Ethan, quando Neo chutou meu corpo e então agarrou a arma, ficando de pé. —Espera!
Assim que Neo mirou a arma na minha cabeça, ouvi o som do disparo cortar o ar, fazendo todo meu corpo se sobressaltar. Mas não senti absolutamente nada quando ergui os olhos para Neo, vendo seu corpo desabar ao meu lado, revelando Eliot no final do corredor, com a arma erguida. Laís estava um pouco atrás dele, junto com a minha mãe.
Um suspiro de alívio saiu dos meus lábios, antes de eu me colocar de pé com dificuldade e correr na direção deles, vendo os olhos da minha mãe se enxerem de lágrimas quando me viu. Quando viu Ethan de pé no final do corredor, tão pálido, como se não pudesse acreditar que ela estava mesmo ali.
—Mãe! —Me joguei nos braços dela, me dando conta do quanto eu havia sentido sua falta todo esse tempo. E ela me abraçou de volta, tremendo em um choro silencioso. Ethan chegou até nós duas em poucos segundos, apertando nós duas entre seus braços.
—Você está aqui... Você não está morta. —Ethan balançou a cabeça negativamente, parecendo prestes a se desmanchar ali mesmo. —Você está bem? Eles a machucaram?
—Eu estou bem. —Ela se afastou e olhou para nós dois, colocando as mãos nos nossos rostos, enquanto abria um sorriso trêmulo. —Achei que nunca mais veria vocês dois.
—A gente está aqui. —Ethan afirmou, com os olhos vermelhos e as bochechas molhadas pelas lágrimas que ele não conseguia segurar. —Nunca deixaríamos você pra trás, mãe. Estamos aqui.
—Cara, você tá bem? —Virei o rosto, vendo Eliot e Laís ajudando um Kai confuso a se levantar. Ele colocou a mão no ouvido e fez uma careta.
—Acho que fiquei surdo. —Kai resmungou. Ele virou a cabeça e bateu na orelha. —Ah não, era só sujeira mesmo.
—Vocês a encontraram. —Ethan falou para Eliot e Laís, que se viraram para olhar pra nós três, antes de balançarem a cabeça negativamente e trocarem um olhar demorado. —O que foi?
—Gates não foi nos encontrar na entrada dos túneis de esgoto. Ele nos avisou que sabia onde ela estava e que tentaria soltá-la enquanto a invasão acontecia. —Laís afirmou, passando a mão no rosto, para afastar os cabelos loiros que grudavam na sua bochecha. —Fomos o encontrar quando conseguimos entrar no complexo.
—Ele levou um tiro tentando me ajudar. —Minha mãe completou, fazendo eu e Ethan nos olharmos na mesma hora. —Mesmo quando Eliot insistiu para que ele viesse, ele disse para irmos encontrar os outros, que ganharia mais tempo pra gente.
—Onde ele está? —Indaguei, olhando na direção de Eliot, vendo-o comprimir os lábios em resposta.
Continua...
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Em Destruição
Aktuelle LiteraturO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...