Desci do carro ao lado de Ethan, encarando aquele pátio onde normalmente só era liberada par ir na noite de ano novo. A arma pesada toneladas nas minhas mãos à medida que os soldados desciam dos carros e se colocavam em ordem para entrarmos pelo portão da Zona Agronômica. Cold estava à frente de todos, gritando ordens enquanto segurava a arma perto do corpo, como se ela fosse uma grande amiga dele.
Foram exatos 10 minutos antes de eu entrar de novo naqueles corredores subterrâneos que eu conhecia muito bem, quando fomos divididos em várias equipes. Cada lugar que eu já havia passado quando ainda morava ali. Ainda me lembrava de cada canto, mesmo depois de tanto tempo. As lembranças com a minha mãe estavam vivas o suficiente na minha mente, fazendo meu coração se apertar enquanto cruzávamos aqueles corredores. Ethan não deixava o meu lado um segundo sequer.
—Atenção, os civis foram mandados para o setor 4, mas ainda há alguns deles escondidos. Tomem cuidado para não acertarem os nossos. —Uma voz murmurou no comunicador, me fazendo engolir em seco e segurar a arma com mais firmeza. As luzes vermelhas dos corredores piscavam sem parar, deixando o nervosismo quase explodindo das minhas veias.
—Por que as portas estão todas abertas? —Ethan questionou, quando passamos pelos corredores dos dormitórios, vento tanto as portas dos corredores, como dos quartos abertos, revelando aquela pequena sala de estar que toda família que vivia ali possuía. Podia ver que Ethan estava pensando o mesmo que eu naquele momento. Era mais fácil deixá-las fechadas, pra dificultar a saída dos rebeldes que ainda estariam por ali.
—O sistema do setor 2 foi hackeado. —Sawyer sussurrou atrás de nos, me fazendo lançar um olhar demorado na direção dele. —Eles tem alguns caras super inteligentes com eles. Isso deve deixar Cold puto da vida.
—Quando que ele não está puto da vida? —Indaguei, arrancando uma risada baixa de Sawyer, que balançou a cabeça negativamente.
—Tem razão. Cold deve ser o cara mais infeliz desse lugar. Ele nunca sorri e nunca parece relaxado. —Afirmou, me fazendo hesitar por um segundo, sentindo aquelas palavras causarem um impacto maior dentro de mim, do que deveria.
Ethan me olhou com o canto dos olhos, como se quisesse saber minha reação. Tentei não expressar nada, seguindo o grupo até entrarmos no refeitório. Da última vez que eu e Ethan estivemos ali, tínhamos tentado fugir por um dos túneis de ventilação. Tinha certeza que meu irmão se lembrava disso, já que se demorou olhando exatamente para a grade do túnel que havíamos usado, que já estava de volta ao lugar.
—Ei, tem alguém embaixo de uma das mesas! —Alguém exclamou, alto o suficiente para a pessoa se mover quando olhamos na direção que o soldado apontava. Uma garota que não deveria ter mais de 9 anos disparou de baixo da mesa, tentando alcançar uma das saídas.
—Peguem ela! —Neo mandou, e Gates soltou a arma antes de correr atrás da garota. Eu e Ethan trocamos um olhar demorado, porque não queríamos ficar na equipe de Neo, mas Cold fez questão de nos separar dessa forma. Me encolhi quando a criança soltou um grito quando Gates a agarrou, a erguendo do chão e a pegando no colo de qualquer jeito. —Traga-a aqui, Gates. Vamos checar a pulseira dela.
Fiz uma careta ao ver Gates segurá-la com força, enquanto ela tentava se debater para se soltar, com as lágrimas manchando o rosto. Dei um passo na direção dos dois, querendo mandá-lo tomar mais cuidado, mas Ethan me segurou, olhando para Gates e Neo com uma expressão fechada, enquanto apertava as mãos com força ao redor da arma.
—A pulseira. —Neo resmungou, tentando segurar o braço da menina, que se debateu mais ainda. —Mostre a porcaria da pulseira e a gente te solta!
Gates soltou a menina no chão quando ela começo a chutar, o acertando algumas vezes, antes dela se virar e morder o braço dele. Gates a soltou na mesma hora, soltando um grunhido de incredulidade. Neo segurou a garota antes de ela correr, dando um puxão com tanta força no braço dela, que ela gritou e chorou mais alto.
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Em Destruição
Ficção GeralO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...