O silêncio naquele lugar era insuportável e sufocante. Minha mãe permaneceu sentada quando soltei sua mão e fiquei de pé ao lado de Ethan, sentindo os olhos de todos sobre nós à medida que Kallie falava mais alguns nomes. Mas eu não prestava mais atenção. Só tentava entender o que havia acabado de acontecer ali. Tinha que ser um engano. Deveria ser. Eles jamais levariam Ethan e eu pra lá. Eles nunca levavam duas pessoas da mesma família, além de eu não ter qualquer porte pra ser um soldado.
—Ethan... —Eu me virei pra olhar pra ele, encontrando seus olhos arregalados e vidrados, como se ele estivesse em completo estado de choque. Nossa mãe ficaria sozinha ali. Sua vida seria solitária até ela partir. Essa era a pior coisa que poderia acontecer. —Não podemos...
—Não temos escolha. —Sussurrou de volta, erguendo a própria pulseira para ver o aviso de que havia sido convocado aparecendo ali. Logo ele sumiu, assim que Kallie desapareceu do telão e todas as pessoas ficaram de pé no refeitório, se abraçando e chorando em meio a despedidas esquisitas. —Somos obrigados a ir.
Nós dois nós viramos para nossa mãe, que permanecia sentada, tremendo em soluços silenciosos enquanto encarava o chão. Eu me ajoelhei na frente dela, segurando seu rosto e a fazendo olhar pra mim. Toda a dor que ela estava sentindo naquele momento se estilhaçou por completo, assim que Ethan se abaixou também e nos abraçou, abafando o som das outras pessoas ao nosso redor.
—Vai ficar tudo bem, mãe. —Ethan afirmou, mesmo que ele nem tivesse certeza sobre aquilo. —Vamos ficar bem. Vamos tentar ver você sempre que der. Não vamos deixá-la nunca. —Por um longo segundo ela não disse nada, nos abraçando de volta e finalmente se permitindo chorar alto, como se tivesse se dado conta que ia perder nós dois. —Temos que ir arrumar nossas coisas e depois nos juntar aos outros.
Ethan se afastou, olhando para a pulseira eletrônica, que agora exibia um novo aviso. Meu coração se apertou, porque as lágrimas quentes e grossas inundavam meus olhos e eu não queria ir. Eu odiava minha vida naquele lugar, mas não queria sair dali e perder tudo que eu tinha. Eliot já havia sido levado. Agora eu e meu irmão. Não era pra ser assim.
—Não. —Eu e Ethan olhamos pra nossa mãe quando ele soltou aquela palavra com tanta determinação que nos pegou de surpresa. —Vocês não podem ir.
—O que? Mãe, não podemos ficar. Seremos presos se nós recusarmos a ir. —Afirmei, soltando uma respiração pesada quando ela segurou meu rosto entre as mãos, olhando no fundo dos meus olhos. —Temos que ir, mãe.
—Não é seguro pra vocês dois lá. Não é... —Ela balançou a cabeça negativamente, engolindo todas as lágrimas quando sua expressão endureceu e ela ficou de pé. —Vamos pra casa pegar as coisas de vocês. Vamos, agora!
—O que... —Ethan nos seguiu quando nossa mãe segurou minha mão e me puxou para sairmos dali, em meio às pessoas que ainda se despediam e choravam e outros que voltavam para suas casas, para pegar suas coisas e ir embora. —Mãe, espere. O que está fazendo?
—Resolvendo as coisas. —Afirmou, fazendo eu e Ethan trocarmos um olhar demorado e confuso, porque não estávamos entendendo o que estava acontecendo com ela naquele momento. Tínhamos que ir. Não importava o que ela fizesse, ainda precisávamos ir, ou seríamos presos.
Quando entramos em casa, nossa mãe correu para o próprio quarto, enquanto Ethan e eu a seguíamos, sem entender o que ela estava fazendo. Ela começou a mexer no armário onde suas roupas estavam, jogando coisas pra fora, como se procurasse por alguma coisa, sem se importar com a bagunça que estava fazendo.
—Mãe, o que você está procurando? —Indaguei, sentindo a tensão exalando de Ethan quando a preocupação dele se tornou palpável, assim como a minha. —O que você está fazendo? Temos que arrumar nossas coisas pra ir.
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Em Destruição
Genel KurguO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...