Fiquei absolutamente imóvel naquele momento, sentindo a sensação de estar sonhando, porque aquilo não parecia ser real. Fiquei olhando pra ele, sem saber ao certo o que fazer. A expressão de Tyler era de hesitação, como se ele não soubesse como eu iria reagir aquilo e estivesse nervoso com o fato. Mas eu não conseguia falar nada. As palavras tinham morrido na minha boca.
—Eu sinto muito, Hannah Queria ter te contado antes. —Afirmou, parando a uma distância segura de mim, engolindo em seco como se estivesse tão nervoso e tão ansioso ao mesmo tempo. —Mas eu não sabia como contar e... Eu sinto muito. Sei que o presidente já te contou tudo e eu só queria que você soubesse que eu realmente sinto muito.
—Você... —Soltei uma respiração pesada, ouvindo o som do meu coração martelando na minha cabeça. —Você é o Ryder Parker. —Ele assentiu lentamente, enquanto eu percebia que todos estavam olhando pra nós, em completo silêncio. —Não, espera... Você levou um tiro. Eu vi Cold atirando em você. Eu o vi cair morto e...
—Não era eu, Hannah. Você não me viu levando um tiro. —Ryder rebateu, abrindo um sorriso fraco. —Eles colocaram um pano na minha cabeça, lembra? E enquanto Cold estava ocupado com você, os rebeldes me tiraram de lá e colocaram outra pessoa no meu lugar. —Ele deu de ombros, como se aquilo não fosse de fato relevante. —Enquanto Cold matava outra pessoa, eu já estava saindo pelos túneis abaixo do complexo.
Soltei uma risada nervosa, escondendo o rosto entre as mãos, sem saber o que pensar de tudo aquilo. Minha garganta ardeu com a súbita vontade de chorar, quando me lembrei de como me senti depois que pensei que ele havia morrido. De como ele havia me protegido desde o início, quando eu ainda não entendia nada. Ele sempre esteve ali, do meu lado, agindo como um estranho quando era muito mais do que isso.
Afastei a mão do rosto e olhei pra ele, percebendo o quanto eu estava tão feliz por vê-lo bem. Ryder ficou sério, sem saber se vinha até mim ou não, observando as lágrimas grossas que escorriam pelas minhas bochechas. Balancei minha cabeça e fui até ele, afundando o rosto contra seu peito quando ele me abraçou apertado, como se estivesse esperando por isso a vida toda.
—Você é meu irmão? —Questionei, sentindo-o beijar o topo da minha cabeça, balançando a cabeça que sim antes de me apertar ainda mais entre seus braços.
—Sim, Hannah. Eu sou seu irmão. —A voz dele soou trêmula quando falou, beijando minha testa várias vezes. —Me desculpe por não contar antes. Me desculpe por tudo que aconteceu.
Balancei a cabeça negativamente, porque aquilo não importava. Nada daquilo importava agora que eu sabia que ele era o Ryder, que esteve do meu lado esse tempo todo, a ponto de levar um tiro por mim. Não tinha ideia de como as coisas seriam quando o encontrasse, mas agora sentia que tudo estava tão certo. Ryder me abraçou apertado, da mesma forma que eu me agarrava a ele.
[...]
Ryder nos levou pelos corredores do Ponto de Iniciação até um dos médicos, que cuidou do meu ferimento, sobre o olhar atendo dos meus irmãos. Depois ele nos levou até o apartamento dele. Era simples, mas confortável. Uma sala de estar pequena e dois quartos. Não havia cozinha, já que todos os rebeldes costumava fazer as refeições juntas no pátio, como se fossem uma grande família. Ainda estava me recuperando da surpresa de saber que Tyler era na verdade Ryder, mas não deixei de notar a expressão estranha no rosto de Ethan.
—Entrem. —Ele deu espaço para que eu e Ethan passássemos, gesticulando para a sala ao redor. —É um pouco pequeno. Eu e a Amara moramos sozinhos aqui. Tem um quarto sobrando. Não sei como vocês gostariam de fazer.
Olhei para Ryder quando ele ficou em silêncio, observando que ele e Ethan estavam se encarando. Nenhum deles demonstrava qualquer emoção, mas eu sabia que ambos estavam em uma batalha interna. Não sabia o que Ethan estava pensando sobre tudo isso, já que ele havia dividido o dormitório com Ryder por um tempo e agora acabou de descobrir que ele é meu irmão.
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Em Destruição
Ficción GeneralO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...