45 ~ Bagunçei ainda mais minha vida.

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Demet

Acordei ouvindo batidas insistentes na porta. Ainda de olhos fechados me espreguiçei, sentindo o corpo quente e grande ao meu lado. Abri os olhos rapidamente, e as lembranças de ontem a noite vieram. Eu tinha me entragado por completo para Can. As batidas voltaram a soar, mais altas.
Ele levantou da cama aos tropeços, esfregando os olhos. Parou em frente a porta, e avistou quem era pelo olho mágico.

- Só um instante! - Can gritou, para quem quer que fosse ao lado de fora.

Ele se aproximou de mim, me deu um beijo na testa.

- A descontrolada que quase derrubou minha porta é Gülliz. - Ele se esticou e pegou o celular ao lado da cama. - Meu celular está descarregado. Acho que perdemos a hora.

Arregalei os olhos, saí da cama aos pulos, pegando minhas roupas pelo caminho.

- Eu vou me trocar no banheiro,me avise quando ela sair? - Sussurrei para Can. - Ficamos de conhecer os arredores do Resort essa manhã, com certeza ela acha que eu me perdi.

Ele sorriu, achando graça do meu desespero, e concordou com a cabeça. Olhei para aquele corpo definido, os gomos do peitoral pareciam me chamar para tocá-lo. Sacudi a cabeça, buscando por clareza e fechei a porta do banheiro.
Ouvi Can cumprimentar minha amiga, enquanto eu trocava de roupa. Achei uma escova de dentes nova e fiz minha higiene pessoal na ponta dos pés, para não ser notada.
Pude ouvir Gülliz e Can conversarem, e para o meu pavor, ela realmente pensou que eu estava perdida. Enquanto escovava os dentes, me encostei na porta para ouvi-la melhor.

- Ela não esta em nenhum lugar, Can. - Eu podia sentir a preocupação na voz dela.
- Já tentou o celular dela? - Ele era mesmo um ótimo ator. Prendi o riso.
- Foi a segunda coisa que fiz, quando percebi que ela não estava no quarto. Já são quase 10 da manhã. Em 15 minutos as gravações irão começar. Russel perguntou por ela a alguns minutos atrás, e eu não soube o que dizer...
- Russel também está procurando ela?
- A equipe toda... Você não parece preocupado.

Congelei atrás da porta. Claro que Gülliz sabia do que tinha rolado no carro dele e de como eu estava envolvida.
Talvez fosse melhor eu sair do banheiro e contar a ela que passei a noite aqui. Cuspi a espuma e enxaguei a boca. Quando minha mão segurou a maçaneta da porta para que eu saísse e acalmasse minha amiga ouvi as palavras de Can.

- Claro que estou preocupado. Demet é tão avoada, que pode ter se perdido nos arredores mesmo.
- Sei...
- O que foi?
- Bom... Ela bem poderia estar por aqui.
- Por que ela estaria aqui? Tem algo que eu não esteja sabendo, Gülliz?
- NÃO! Imagina, chefinho... Eu só imaginei que você e a Demet tivessem...
- Não fique imaginando coisas. O que mais poderia acontecer entre nós dois? O que Demet e eu temos é totalmente profissional.

O quarto caiu no silêncio por alguns segundos.

- Você pode me trazer um café forte? Minha cabeça esta doendo.
- Sim, chefe.
- Sobre Demet... Vou verificar com Russel se alguém a encontrou.

Ela concordou, depois ouvi a porta se fechar.
"O que Demet e eu temos é totalmente profissional", foi o que Can disse. Mas o que eu esperava? Que depois de me entregar de corpo e alma ele me fizesse alguma jura de amor?
Eu era tão idiota.
Can bateu na porta do banheiro.

- Gülliz já foi. Parece que a equipe toda está te procurando.

Abri a porta, não me dei ao trabalho de encará-lo. Eu não queria que ele visse meus olhos marejados. Passei por ele lhe entragando a camiseta que eu usei para dormir.

- Entendi.

Peguei a chave do meu quarto, ainda sem olhá-lo nos olhos.

- Obrigada pela noite.

Antes que eu pudesse chegar até a porta, Can me pegou pelo pulso.

- Ei, o que ouve?

Eu estava de cabeça baixa. Não eramos mais crianças, e eu sabia que as pessoas faziam sexo sem compromisso o tempo todo. Mas algo em mim se entristeceu.
Reuni todo o cinismo que eu poderia ter naquele momento, olhei em seus olhos escuros e forçei um sorriso de lado.

- Não ouve nada... Eu preciso tranquilizar a equipe.

Can tocou meu rosto com as duas mãos, seus olhos fixos aos meus.

- É somente isso mesmo?

Concordei com a cabeça.
Can beijou minha bochecha e abriu a porta para que pudesse sair. Ele olhou para os dois lados do corredor, verificando se não tinha ninguém. Assim que ele saiu da frente da porta, passei por ela feito um raio pegando o elevador e indo até meu quarto.
Emtrei em meu quarto procurando meu celular, as varias ligações de mamãe, Gülliz e Samantha apareceram. Liguei primeira para Gülliz, para que ela avisasse a todos que eu estava bem, mas o que eu poderia dizer?
Eu queria contar a minha mais nova melhor amiga que eu tinha tido a noite mais incrível da minha vida. Eu queria contar tudo a ela e Samantha, mas eu não poderia dizer. Não agora, não quando Gülliz era a assistente pessoal do homem que fez meu corpo virar gelatina tantas vezes em um período curto de horas.
Eu não poderia dizer nada, sem antes ter uma conversa com Can.
Eu não me programei para uma relação casual... Aliás, que relação? Não tinhamos nada, e essa constatação me pegou me cheio.
O telefone chamou e no segundo toque Gülliz atendeu.

- Demet Ozdemir!!! Você quer me matar do coração?!
- Ah... Oi amiga. Eu não acordei muito bem... Eu... Eu precisei ir até a farmácia comprar algo para melhorar, como fica um pouco longe, fui de taxi.
- Por que não me avisou amiga? Eu teria ido com você. Olha, vou avisar o diretor e a equipe, estavamos doidos atrás de você. Aviso para ele que você não se sente bem para gravar hoje?

Gülliz parecia aliviada. Eu queria muito não ter que fingir que estava tudo bem entre Can e eu, mas eu realmente sou muito profissional. Não iria atrasar um dia de gravações para não encarar o senhor sem compromisso.

- Eu já estou bem melhor, amiga. Acho que foi algo que eu comi, mas agora estou firme e forte!
- Que bom! Estou indo levar o café do Can e passo ai para irmos juntas.
- Tudo bem, fico te esperando... Gülliz?
- Sim?
- Obrigada por se preocupar comigo, eu nunca tive uma amiga como você.
- Se continuar falando essas coisas eu vou chorar. Levarei uma café para você também!

A boba sorriu e nos despedimos.
Eu queria tanto contar a ela, pedir conselhos...
Liguei para meus pais e avisei que estava tudo bem e mais tarde eu voltaria para casa. Alguns minutos depois, Gülliz e eu fomos juntas até o local das gravações. Can já estava lá, lindo como todos os dias. Trocamos um olhar cheio de significados que eu não pude compreender.

- Ai amiga, eu dei a maior bola fora com o Can... Por favor não me mata! - Sussurrou Gülliz ao meu lado. - Eu fui até o quarto dele e meio que dei a entender que rolava algo entre vocês dois.
- Não se preocupe, Gülliz. Sei que não fez por mal.

Gravei as cenas com Ali (Osman), onde ele encorajava Sanem a ir atrás de Can e abrir seu coração. Gravamos outras cenas paralelas e depois Sanem procurando Can no hotel. As proximas cenas seriam de Sanem indo até a casa de Can, para se declarar... Mas tudo acaba saindo do controle, pois Emre com a ajuda de Sanem, entregou as fotos da campanha para ajudar as mulheres que Can estava colaborando para Aylin, a namorada sem escrúpulos. Aylin pagou para um hacker colocar fotos parecidas com as de Can, só que com a data antescedente, e com isso, Can seria acusado de Plágio.
Gravamos as cenas com os Outdoor pela estrada, com as fotos de Sanem.
Saímos do hotel, indo para a casa onde os personagens de Can e Emre viviam.
Respirei fundo, as palavras que Sanem queria tanto dizer a Can... Talvez eu também quisesse dizer a ele.
Eu não podia mais negar... O coração querendo sair do peito, toda vez que ele me olhava... Meu sorriso bobo ao ver o sorriso dele... Desejar que ele passasse mais do seu tempo comigo...
Eu consegui bagunçar ainda mais minha vida.
Maldito seja aquele corpo maravilhoso de beijos perfeitos do Yaman!

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