Acidente

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É isso aí gente, bora saber o que rolou nessa treta.

Lorena

Eu estou tão feliz, logo saberei quem é o serzinho que carrego em meu ventre, ainda não sabemos qual nome colocaremos independente do gênero.

Ashley estará me esperando no hospital, ela ficou encarregada de guardar o segredo até a hora da revelação. Ela está sendo uma madrinha muito presente com certeza irá mimar a criança quando nascer.

-Tchau, Sr. Clóvis.-Me despeço despeço porteiro da empresa já retirando as chaves do meu carro da bolsa, Desvio meu olhar por alguns segundos já que não estava achando a chave no meio da bagunça que sempre fica na minha bolsa.

-Tchau filha.-Ela acena de volta em despedida.

Acho as chaves do carro e destravo, me acomodo no banco de couro deslizando minha mão esquerda pelo volante e colocando a chave na ignição.
Checo o retrovisor e cintos de segurança, após descobrir a gravidez redobrei o cuidado no volante já que tem uma vida que depende de mim.
Quando vejo que nenhum carro está vindo faço a baliza para sair do estacionamento, os pneus deslizam pelo asfalto causando o típico cheiro de borracha queimada, a brisa fria da tarde de inverno e o sol refletindo no grande vidro do para-brisa.

A grande Avenida está movimentada, carros por todos os lado em alta velocidade indo apressadamente para seus destino, pessoas andando sem sequer olhar para o próximo com o grande foco em sua frente, ou melhor, seu próprio umbigo.

O sinal se abre então acelero, quando passo pela faixa uma forte luz branca se faz presente, olho para o lado e depois...

Um som alto faz meus ouvidos zumbirem, a pressão da porrada na lateral do meu corpo e só penso em meu bebê. Vejo tudo virar junto ao carro, barulhos me deixam ainda mais tonta. Apago.

Luzes coloridas, o som da sirene, gritos por todo lado, lanterna iluminando o caminho de quem procura algo.

—A senhora consegue se mexer?– Um policial pergunta analisando o interior do carro, por algum motivo ele está de ponta cabeça e eu não consigo nem ao menos virar meu pescoço.—Está tudo bem, iremos tira-la daí.

—Meu bebê.–Junto toda as forças possíveis mas mesmo assim minha voz sai como apenas um fio fúnebre.

—Tem um bebê com a senhorita?–Ele pergunta já com a feição ainda mais preocupada.

—Minha barriga–Ele parece entender no mesmo instante.

—MOÇA GRAVIDA, APARENTA TER ENTRE 20 A 30 ANOS. POSSÍVEL LESÃO NA COLUNA!– Ouço passos e mais vozes, sinto mãos me tocarem ao tentarem me retirar do carro, a dor em cada célula do meu corpo porém só penso em meu bebê.

—Meu bebê...

—Vai ficar tudo bem– É a última coisa que escuto antes de apagar.

Zack

Policiais chegam com uma vítima de acidente de carro, quando vejo a moça na maca e escuto dizerem que ela está grávida apenas penso em Lorena, ela pode ser ela!

Me aproximo dos tais e a vejo, tão pálida, tão frágil, tão vulnerável.
Meus olhos se enchem no mesmo instante e me recusou a acreditar que é minha mulher ali, com o meu bebê!

Tudo para naquele momento, se algo acontecer não sei o que farei.
Médicos e mais médicos chegam, todos examinando e fazendo perguntas.

Era hoje... Hoje iríamos saber qual o gênero do bebê, iríamos ir para o chá e revelar na festa com todos, hoje era para ser um dia feliz.

Percebo que estou parado no meio do corredor olhando fixamente para um ponto quando Ashley toca em meu ombro me puxando para um abraço, seus olhos estão forrados de lágrimas e seus lábios tremem.
Passo meus braços pelo seu corpo e a aperto como se toda dor fosse sumir ali, ela pousa sobre meu peito soluçando e molhando minha camisa com suas lágrimas. Ali me permito chorar, me permito sentir tudo que me vinha bater.

Daya se aproxima e também entra no abraço e ali ficamos, os três abraçados agachados no chão chão corredor de um hospital chorando como três crianças abandonadas. Era assim que me sentia, abandonado, largado por Deus e jogado para os cães.
Ela pode ter perdido o meu filho, o policial disse lesão na coluna e possível perda, ela pode não andar mais.

Minha mulher, meu filho! Ela estava tão feliz, EU estava tão feliz, estávamos tão feliz.
Já planejamos tudo, arrumamos o quarto e até mesmo as roupinhas.
Já estávamos imaginando as idas aí parque, os banhos delicados e até as noite mal dormidas.

—Precisamos falar com os médicos–Digo entre soluços.

—Eu sei.–Daya e Ashley dizem ao mesmo tempo.

Me levanto e ando até um policial que estava junto da maca quando entrou.

—Boa noite, no que posso ajudar?–Ele diz me olhando com pesar.

—Sobre a mulher que o senhor trouxe, ela é minha esposa eu estava aqui na espera dela pois iríamos fazer ultrassom–Seus olhos me analisam com pena e ele logo pega uma prancheta ao seu lado.

—Ela sofreu uma batida de carro, possivelmente fraturou a coluna e infelizmente pode perder o bebê. O impacto foi totalmente no lado do motorista o que agravou o acidente, ela estava com sangramento nas pernas que indicavam aborto espontâneo. Porém maiores informações serão dadas após os exames, sinto muito.

—Obrigada–Agradeci e andei até um banco próximo, digerir tudo que eu ouvir e continuava sem acreditar no que ele disse, aborto espontâneo.

—Família de Lorena?– Uma enfermeira atravessa a grande porta com uma prancheta na mão e olhando ao redor.

—Sou eu.–Me levanto de prontidão e caminho até ela com as pernas já trêmulas.

—O Senhor é?

—Marido.

—Nos documentos está como solteira.

—Eu sou o pai do filho que ela carrega–No momento que digo isso sua feição já muda e ela recua alguns passos.

—Eu sinto muito senhor, infelizmente o bebê não resistiu ao trauma. Foi necessário fazer uma cesariana de emergência para retirar o bebê já morto, a mãe está em repouso ainda sedada e livre de qualquer risco. Gostaria de ver a criança?

—Por favor–Digo sem mais lágrimas para chorar

Assim na Terra como no Inferno-Meu MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora