Álcool e adrenalina

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Zack

Frio, escuro e isolado. Não sei se falo sobre minha mente ou o local em que estamos.
Após minha vítima desmaiar a coloquei no carro e trouxe para a segunda parte do meu plano, sua última frase ressoa em meu interior.

"Melhor amigo"

Não sei porque fiquei tão afetado, talvez pelo fato de que a única pessoa na qual dei o cargo de melhor amiga também é a única que pode me desmontar por inteiro em uma única frase, ou por uma das melhores amiga da minha ex mulher ter a beijado na minha frente.

Realmente não sei, mas isso já não importa, minha vítima já está para acordar.

—Droga!–Falando nela... Seu lamurio tão baixo quanto o barulho de um agulha caindo ao chão.

—Que bom que acordou–Seu olhar se entretém em mim, o medo percorre por toda sua face.

—Zack...Por quê?

Me aproximo dela passando a mão pelo seu cabelo e sorrindo ao notar como ela tenta se afastar.

—Logo saberá.

Saio do cômodo sem me importar com seus estrondosos gritos de desespero, não sabia que uma boca tão bela poderia profetizar tanto xingamentos horrendos.

Penso em ligar para Ash, contar tudo que já fiz e o que estou prestes a fazer mas sei que ela iria querer me procurar, me impedir e nunca mais olharia na minha cara.  

Levanto meu olhar, o céu tão límpido e as estrelas lutando em pleno brilho em meio a vasta galáxia.

Dou meia volta e retorno para o imundo lugar no qual a deixei. Ela não merece isso mas à contas a pagar, uma pena.

A vejo tão amedrontada tentando parecer forte em meio ao caos, o furacão em sua cabeça e em seu coração pode ser visto em quilômetros de distância.

—Zack, por favor...–Ela clamava com a cabeça baixa em submissão— Você não é assim, eu sei disso– Ingênua, como eu disse.

—Se realmente soubesse entenderia que isso não é nem mesmo a ponta do iceberg.– Atos destroem pessoas, pessoas destroem pessoas. E eu? Bem, eu fui destruído!

—O QUE EU TE FIZ?- Gritos, histeria, movimentos tão bruscos como raios.
Perfeito, o medo virou raiva.

—Já disse que logo saberá de tudo, agora eu preciso ir.– Dou as costas para a garota que até um dia atrás tinha sua inocência intacta, sem aviso paro de caminha e a olho sobre ombro— Ah, eu realmente sinto muito.

Tudo que vi foi seu olhar confuso antes de sair dali em passos largos e apressados.

***

Se passa da meia noite, a lua coberta pela voluptuosa neblina, me esgueirando sobre os muros já te espero.

Um maldito culpado, um maldito drogado!

Ouço seus passos, vacilando na falha tentativa de andar reto mesmo com o álcool sendo o total controlador do seu corpo e, cá entre nós, sabemos muito bem que o álcool não é um bom piloto.

Ao entrar pelo estreito beco continua o mesmo descuidado, uma pena... Apenas para você.

Quando seus passos se aproximam ainda mais, ainda nas sombras eu chuto uma lata qualquer.
Percebo você paralisar ao ouvir o som, "ah" o doce sabor do medo.

—Quem está aí ?– Sua voz irresoluta de medo, já posso sentir a adrenalina que exala de seu corpo.

Acelerando os passos, quase como correndo, você tenta escapar. Não! Não se atreva a tentar fugir!

Rio, em plenos pulmões liberto minha risada e seu corpo estresse apenas com esse som, imagina quando ouvir todo o resto.

Agora você definitivamente já corre e eu estou amando a sensação de diversão, seu sofrimento é meu maior prazer, sua dor é meu maior esplendor.

Uso da neblina como minha amiga, o sombrio me acolhe e eu repouso com prazer em seu abraço.
Pelo visto você também ouve meus passos já que não para de olhar em volta tentando me localizar, falha tentativa.

Em uma pequena vacilada você diminuiu a velocidade, como pode ser tão estúpido!? Qual é? Eu queria um pouco mais de diversão.

Agora já posso inalar seu amargo perfume, o bile me subindo ao sentir seu cheiro podre, do ser humano podre que você é!

Mal consegue se manter em pé, como se submete a isso?

Me aproximo lentamente e você sabe disso, sua ofegante respiração só me prova o quanto você sabe.

O que será que andou aprontando?

—Não vou perguntar outra vez, quem está aí?– Olha só,  temos um corajoso aqui, abram espaço!

E novamente só posso rir, você é bem divertido, não me sentia vivo assim a bastante tempo.

Retomo minhas passadas, eu estou perto, mal posso esperar.

Adrenalina, tão forte em sua veias, seu coração pode não aguentar. Foi só álcool que ingeriu ? Espero que sim, te quero vivo!

Poucos passos, estou chegando!

Você tenta fugi, tenta correr mas mal aguenta o próprio peso.

Em um abrupto movimento puxo seu corpo para o meu, tampo sua boca não quero ouvir o desamor de sua voz.

Posso sentir você tremer sobre mim, em segundo todo o álcool evaporou de seu corpo e age completamente sóbrio.

Você tenta me olhar, me reconhecer mas está imobilizado.
Medo, o medo em seu olhar me diverte, você não teve medo quando agiu antes.

Mais uma risada escapa de meus lábio e dessa vez lhe proporciono o desprazer de ouvi-la ao pé do ouvido junto da seguinte frase que por logos momentos será sua última.

—Te peguei!– Péssima decisão tentar gritar, isso me fez te apunhalar bem antes do desejado.

Carrego seu corpo desfalecido até o carro e o caminho foi um pouco longo até o nosso destino mas juro que foi por um bom motivo.

***

Chegamos! Você ainda não acordou, que preguiçoso da sua parte.

Ao entrar no galpão minha doce vizinha me olha e ao notar o corpo em meus braços seu rosto fica em prantos.

—O que você está fazendo?– Dessa vez foi um sussurro, ela estava cansada e fraca e parecia já ter desistido de tudo.

—Não precisa se preocupar.

Pegou outra cadeira e coloco de frente para ela, deposito o corpo ali e finalmente você acorda.

Seus grunhidos me dão repulsa, você me dar repulsa!

Seus olhos estão vendados e um saco cobre seu rosto. Você não sabe onde está e ela não sabe quem você é. Por enquanto.

Dando uma última olhada para a garota respiro fundo e puxo o saco de sua cabeça junto da venda.

Ambos se encaram e eu adoraria ter uma câmera para capturar o exato momento em que se reconheceram.
Seus olhos arregalados, bocas entreabertas em surpresa e a postura elevada em defesa.

—Nic–Você foi o primeiro a falar, boa escolha.

—Pai– Novamente um sussurro, mas esse era de decepção. Um péssimo pai eu diria, em...

Assim na Terra como no Inferno-Meu MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora