E se?

2.7

Animais voaram do céu como abutres e começaram a caçar as suas presas que aparentemente eram as crianças, Bulma gritou para as crianças não irem, mas seus gritos foram abafados pela excitação dos guerreiros que gritavam os nomes de seus filhos. As crianças olharam para o céu e encararam o bando que formava um tornado que se dispersava em todas as direções.

Alguns garotos sorriram enquanto outros ficaram sérios e ergueram voo em direção ao tornado de criaturas maiores três vezes maiores que eles, com asas longas e pontiagudas, possuindo dois membros que se assemelhavam a braços com pinças no lugar dos dedos, uma estrutura fina e estreita que possuía uma fenda amarelada, um corte de onde saia os sons estridentes que estavam sendo abafados pela barreira.

A luta dos garotos acontecia rapidamente, os meninos lutavam com todas as suas forças usando suas energias para lançarem bolas de KI ou serras cortantes, aquela horda de sugadores também tinha seus truques se encostassem, mesmo se fosse outras de sua espécie, roubariam a energia uma da outra até que um deles morra, um detalhe peculiar que não passou despercebido por Bulma é que as crianças se duplicavam quando cortadas, para evitar um aumento desnecessário os meninos as transformavam em pó antes que eles se tornassem pó. 

A luta demorava, os meninos sangravam e faziam seus inimigos sangrarem, um deles manipulou perfeitamente sua energia para formar uma grande serra que se dividia em três para cortar uma horda de sugadores, enquanto outro garoto se juntou para formar uma grande esfera de energia amarelada que dizimou as criaturas cortadas. Outros três se juntaram para formar um cristal de proteção que se expandia e queimava com contato, sabendo disso, eles se tacaram dentro da horda e os explodiram de dentro para fora.

A luta continuava, os gritos se tornavam mais altos até que uma tensão os prendeu, Lunari, estava no ar quando duas dessas criaturas desceram para ele e outras duas o puxaram para baixo, ele tentou se soltar, mas sua manipulação de KI não é tão forte comparada as dos outros. O grito de dor do garoto atiçou alguma coisa dentro de Bulma, suas palmas suaram como nunca, seu coração pulsou de forma descompassada e  podia jurar que os saiyajins podiam ouvir seus batimentos.

O garoto estava sendo dilacerado pelas garras, o menino lutava pela sua vida, para sobreviver. Bulma olhou para cima e ela viu o príncipe olhando fixamente para ela, não esperou por nada, apenas disparou para baixo. Por algum milagre conseguiu sair da esfera de energia e correr até o menino, suas pernas falharam no meio do caminho, o que a ajudou a desviar de um dos animais que deram um rasante, correu para o garoto que estava lutando instantaneamente para não morrer, o sangue pulsava para fora de seus ferimentos e ela sabia que ele ia morrer, mas viu algo nele que não deixaria passar.

Mesmo sendo um saiyan, ele é um menino e não importa em qual planeta estivesse, Bulma nunca deixaria uma criança se machucar. Deslizou sobre a terra e o sangue para chegar até o corpo que estava tendo dificuldades ao tentar se soltar da criatura com caninos afiados que machucavam e rasgavam sua perna direita. Bulma sabendo que aqueles animais são fracos fisicamente, esmagou a cabeça do animal com um pedaço de pedra e o puxou para perto dela enquanto se escondia.

Bulma só conseguia focar no corpo pequeno e moribundo que sofria para respirar, o sangue que escorria de sua boca e dos seus ferimentos a deixaram tensa e histérica, ele não é um guerreiro que consegue suportar ferimentos como esse. Ela viu e compreendeu. Lunari não era um guerreiro, Lunari é um cientista.

Bulma vai salvá-lo nem que custe sua vida. Lentamente, ela não sabia, mas lentamente o garoto estava se curando, rasgou suas vestes e as amarrou nas pernas e nos braços do menino para tentar estancar o sangramento, ele precisava sobreviver. Ele tinha que sobreviver.

-Você vai ficar bem! Olha pra mim! 

Ela fez o garoto a encarar, os olhos cheios de lágrimas e cansados, fez o seu coração se apertar e se partir. Ele é apenas um menino, fora isso que Bulma pensou.

- Você é um garoto, mas você é esperto! Você consegue sobreviver, porque esse é quem você é, você é um sobrevivente! Você não é um guerreiro, você é um cientista, você é inteligente, use isso ao seu favor ao invés de deixá-la se tornar uma fraqueza.

Ela dizia enquanto rasgava suas roupas para amarrar nos ferimentos do menino, não havia percebido, mas seu corpo estava se ensanguentado pelo sangue da criança saiyan moribunda, os traços de roupas que ambos possuíam eram poucos.

- Você consegue viver! Você consegue! Eu acredito em você e tenho certeza de que vai conseguir viver, então viva!

Como se fosse um estralo o garoto arregalou os olhos, pela primeira vez alguém disse que ele conseguiria, alguém acreditou nele, alguém... Lá estava a chance dele, pela primeira vez ele seria o destaque, pela primeira vez ele sabia o que fazer. O menino se levantou, ainda ensanguentado, levantou voo para o meio do céu atraindo todas as criaturas para ele, os seus companheiros estavam caídos desmaiados ou lutando pela vida assim como ele. As bestas começaram a rodeá-lo, o garoto deixou seu KI sair de todo seu corpo, ergueu seus braços ao redor de seu corpo e os animais atacaram. 

Bulma gritou. 

O mundo parou. 

Tudo parecia lento, o sangue em seu rosto, o cheiro de morte e podridão que invadia seu nariz a fez enjoar e deixar suas lágrimas misturadas com sangue caírem de seus olhos. Até que seus olhos encontraram um ofuscantes azul, lâmina finas como agulhas perfuraram os animais e a cada perfuração eles explodiram, sem ser o suficiente para aniquilar todas as criaturas, três esferas azuis o cercaram e giraram em uma velocidade impressionante queimando cada animal que passava, os matava queimados e antes de chegar ao chão, eles se transformaram em pó.

O garoto caiu, sem energia. 

Bulma correu para pegá-lo, por sorte o garoto caiu em seu colo e agora, finalmente podia escutar o silêncio da plateia, seus ensanguentados dedos correram nos cabelos lisos e escuros, ela sussurrou uma pergunta para o rapaz, não houve resposta, mas a profunda respiração do menino a fez ficar tranquila, seus olhos pesaram e por alguns segundos ela os fechou.

Até que ela ouviu um grito estridente e coberto de dor, somente quando viu o sangue, percebeu que o sangue era seu, segundos depois a última criatura viva explodiu e o Príncipe que antes a olhara com curiosidade a encarava como se estivesse de frente com seu maior inimigo. A mordida da criatura não a afetou, entretanto, o veneno de suas presas sim, em segundos, depois de ver a ira do príncipe, sua visão ficou turva e escureceu rapidamente e antes de desmaiar se agarrou ao menino para protegê-lo.