A madrugada fria o levou de volta para casa. Ele foi, como sempre, recepcionado por seus leais e confiantes guardiões, animais de seis patas, quatro dianteiras e duas traseiras, animais de natureza magra a ponto de marcar as costelas, esse tipo de corpo era específico da sua raça, por mais que estivessem saudáveis, sua aparência não mudava. Seu dono havia aprendido que, por sua aparência e sua estrutura, eles são rápidos, bons rastreadores e bons caçadores.
Vegeta gostava das cores escuras de seus animais, dois machos territoriais. De início foi difícil para o trio conviver em harmonia, cada um desejava ter seu espaço, cada um desejava ser o dono daquele espaço, desejavam a recompensa de dominar aquele cômodo e com o tempo cada um se acostumou com a presença do próximo.
Havia um detalhe interessante nos animais, o rosto possuía um focinho alongado sem fendas nasais, uma boca com dentes afiados e retráteis, olhos com pupilas quadradas e esverdeadas, respiração vinda de curtas e quase invisíveis fendas laterais em cada vão entre uma costela e outra totalizando quatro fendas nasais ao todo. Os guardiões possuíam uma visão como nenhuma outra, conseguiam enxergar animais escondidos atrás de determinados objetos, como paredes, por exemplo, na natureza, enxergavam através de árvores, Vegeta nunca era pego desprevenido em seus aposentos, os guardiões o avisavam da presença de qualquer pessoa, empregado ou realeza.
Naquela noite, os guardiões estavam agitados e Vegeta estranhou, seus animais nunca o recepcionaram dessa maneira. Ambos ficaram atentos olhando em direção ao quarto real, definitivamente algo não estava em ordem e o príncipe detestava bagunça. Vegeta havia um hábito para organizar seus objetivos pessoais e seus pensamentos, consequentemente o habitat de Vegeta é o mais organizado que o castelo possui.
Seu aposento estava em ordem, não havia nada fora do lugar ou novo, seus animais pularam em cima da enorme cama e rosnaram para o amontoado de pesadas cobertas, cobertas feitas de couro animal tratado para ser seu aquecedor em noites frias. O infeliz animal possuía pelos curtos e leves dando uma perfeita sensação de maciez para quem o tocava e as mãos calejadas do príncipe gostava da sensação macia que percorria através de seus calos.
De início não havia notado, mas agora que prestara a devida atenção, notou um aroma diferente misturado ao seu e aos de seus guardiões. Um cheiro estranho, não havia palavras para definir, o mais próximo que podia chegar para descrever o cheiro seria as noites chuvosas em um bosque fechado com uma montanha com uma névoa que a cerca. Esse cheiro o agradava e de certa maneira o deixava relaxado e sem vontade de matar qualquer coisa que se mexesse. Vegeta só se sentir assim quando estava descansando no pico da neblina, ele se lembrava da primeira vez que descobriu o seu lugar secreto e é a mesma sensação que ele estava sentindo naquele momento. Como um estalo mental, percebeu quem emanava esse cheiro.
Terráquea.
O que seu pai havia feito? Seus guardiões não atacavam somente seu pai porque percebiam a autoridade que emanava dele. Porque ele havia colocado aquela terráquea em seus aposentos? Ele não estava falando sério sobre estar dispensado de seus serviços como general, estava? Se fosse isso, ignoraria essa ordem, mesmo que isso o colocasse em mal lençóis. Parou ao lado da cama e observou o amontoado azul, se lembrava do semblante calmo de quando ela estava dormindo, só que agora estava diferente, parecia estar... agonizando. Havia algo diferente nela, só não sabia o que, esse sentimento de falta de informação o irritava, não gostava de ficar desinformado, seja por qualquer assunto existente.
Suspirou.
Ela havia sido envenenada então poderia estar sofrendo alterações de temperatura, não precisou colocar as mãos na garota para notar a vermelhidão de seu rosto pálido. Ele não ia fazer isso, ia? Sim, contra todos os relutantes gritos da razão, Vegeta iria fazer isso. Se não fizesse seu pai falaria na sua cabeça e honestamente ele não queria ouvir, aquela terráquea já estava causando problemas e ela nem estava acordada!
O que ela iria fazer quando acordasse? Gritaria com ele? Ele não pensou tempo suficiente, mas alguma coisa dizia que sim. Ela iria gritar e berrar com ele, Vegeta não tinha tempo para lidar com as teimosias e irritantes da terráquea. Estava cansado e seu corpo pedia para um descanso merecido e extremamente longo, mas o corpo quente e doente da terráquea estava em seu caminho e estava relutante de a acordar ou de fazer qualquer coisa que tinha alguma relação com ela.
Depois de muito tempo longe do seu quarto, da sua cama, ele só queria descansar o corpo e recuperar suas forças mentais, mas quando voltou para casa, ele se depara com uma terráquea que está carregando sua prole e essa mesma terráquea é a banshee que as histórias infantis contavam. Ele estava sendo punido por todas as coisas que havia feito até esse momento? Pelas mortes a sangue frio? As torturas? Deuses! Se ele saísse disso iria ser tornar um monge que vive nas montanhas.
Essa terráquea é uma dor de cabeça fodida, é o simples pensamento que paira na cabeça de Vegeta.Foi ao banheiro e pegou uma caixa pequena que nunca fora usada por ele, não precisava, tinha apenas por ter. Abriu e pegou uma toalha, a molhou e se aproximou da terráquea. Estava nervoso e não deveria estar, apenas colocaria o pano na testa dela e esperaria, era simples, mas e se ela acordasse? E se se assustasse e gritasse com ele? Já havia escutado o grito antes e poderia jurar que em uma outra vida ela foi uma banshee. Os gritos ainda o incomodavam em pesadelos e honestamente, nenhum saiyan conseguiria lutar contra ela se gritasse. Hesitou em colocar o pano e quando o fez aconteceu o que havia previsto, ela acordou, observou, assustou e gritou.
Os guardiões choraram e Vegeta ficou irritado, tinha a certeza do que ela iria fazer a seguir, então porque fez? Podia simplesmente tê-la deixado queimar e todo esse problema teria desaparecido, mas não! O instinto que estava escrito em seus genes, o estava fazendo fazer coisas que jamais pensaria em fazer e toda essa situação estava acontecendo por causa da decisão estúpida de seu pai! Colocou a mão na boca da fêmea e a silenciou.
- Será que você poderia não fazer um escândalo? - Rosnou contra o rosto da garota.
Sua mão apertava a boca da criatura assustada que agora segurava seu pulso e o fuzilava com o olhar, foi muito claro a confusão se transformando em raiva e ele se divertiu com isso. Uma curva leve apareceu em seus lábios quando a garota tentou perfurar as unhas em sua pele. Esperou que ela se acalmasse e parasse de gritar contra sua palma que estava esmagando sua boca, quando percebeu que era seguro tirar a mão, foi lentamente afrouxando a mão da boca da criatura que aparentava ser hostil, mas aos seus olhos parecia mais com um filhote arisco, manteve sua mão por perto caso voltasse a gritar.
- O que você está fazendo?
A terráquea perguntou e Vegeta sentiu o hálito quente, ele é uma terráquea, não deveria ter um hálito quente assim, deveria?

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E se?
FanfictionE se o rei Vegeta se recusasse a trabalhar com Freeza? E se uma rebelião causasse a morte de meio planeta? E se o rei se submeter as ordens de Freeza como um cachorro na coleira? E se um rei rastejasse na lama implorando por seu perdão? E se Freeza...