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Vegeta não queria ver o semblante dela daquele jeito, queria que ficasse da mesma forma que ficou aquele dia, completamente iluminado e risonho. Sentiu a energia da fêmea vacilar e disparou até ela, a pegou antes que batesse a cabeça no chão. Ela está mais pálida que o normal, seu calor está baixo e está suando muito. A tocou perto da orelha e estranhou o sangue, viu o nariz também possuía sangue, quem fez isso com ela? Porque ela estava sangrando?

A pegou no colo e a levou para seu quarto, ele deveria prende-la, cada segundo que passava longe dos seus cuidados, se machucava. Tinha deveres e não podia ficar cuidando de uma coisa que se quebra facilmente. No momento que entrou no seu quarto ele percebeu.

Havia acontecido uma briga, não, não uma briga, um massacre! Alguém batalhou no seu quarto, no seu domínio! E foi massacrado miseravelmente! Os guardiões estavam roncando, eles não são de dormir em pleno dia. Além de invadir sua privacidade colocaram seus animais para dormir, colocou a garota desmaiada na cama e tocou nos seus guardiões, eles estavam frios, mas não estavam mortos. Ele reconheceu o cheiro! Aquela empregada passou dos limites! Estava virando as costas quando a terráquea acordou. 

- Mas o que...?

Tocou seu rosto e desceu para os ouvidos, quando os tocou eles doeram e ecoaram dentro da sua cabeça, olhou e estava com sangue. Olhou para frente e viu o príncipe sibilar algo, na verdade, falar algo, mas ela não ouviu. Apertou e assoprou o nariz, fazia isso quando a pressão era muita e algumas vezes ajudava, mas não era pressão que estava impedindo que ouvisse, era outra coisa.

Sentiu um calafrio e procurou pelo motivo, mas não tinha ninguém ali fora o príncipe, seu corpo se recordou da sensação da morte, do frio, da solidão, lágrimas desceram de seu rosto e se misturavam com o pouco sangue de seus dedos. Estava sozinha. Havia perdido seu mundo, seu namorado, ela nem sabia se sua irmã estava viva, ela teria um filho e iria morrer no caminho, ela não queria morrer.  Som, queria terminar com seu sofrimento, mas não queria ter que morrer para isso. 

Ela não queria morrer, não queria ter que ter um filho, não queria sentir a pequena vida que crescia, mas ela sentia, sentia quando ele soluçava, quando se movia, quando girava, ela sentia tudo e ficava maravilhada, um milagre estava acontecendo dentro do seu útero. Essa dádiva era para poucos, haviam pessoas que não desejavam ser mães e tudo bem, haviam pessoas que desejavam ser mães e não podiam e tudo bem também.

Mas ser mãe de paraquedas é estranho e horrível, mas aos poucos tudo se tornava suportável, quando ela sentia os pequenos movimentos ela se apaixonava cada vez mais e se culpava por isso, porque a cada segundo que passava, ela tinha medo de morrer e nunca ver o rosto do seu filho. O destino que foi dado a ela fora o pior de todos, seria mãe, mas não viveria para desfrutar.

Ele foi até ela e para que? Ela não se deu ao trabalho de responder sua pergunta, mas aquele maldito instinto, aquele maldito instinto fez com que se sentasse e observasse a fêmea prenha, estaria mentindo se dissesse que não gostava de vê-la dessa forma, chorando. Talvez fosse o sentimento de que apenas ele poderia fazê-la chorar ou o gosto que sentia quando a água levemente salgada tocava seus lábios, apenas... Gostava de vê-la dessa forma, porque ele é o único que poderia dar consolo a ela.

Levado por esse misto de sentimento de desejo e consolo, se sentou e tocou a garota que se assustou com seu toque. Estranhou. Normalmente ela recuaria e não se assustaria. Viu o sangue e uma ideia passou pela sua cabeça, será que é possível? Estalou os dedos ao lado da orelha e como suspeitou, a fêmea havia perdido a audição. Mas como? Como aquela fêmea havia pedido a audição?

Vegeta a deixou desprotegida e por isso, a fêmea perdeu a audição, seu peitou sentiu uma pontada de culpa por isso. Não é culpa dele que ela é frágil até para uma criança!

Vegeta percebeu que não foi uma batalha física que havia acontecido em seu quarto, ele saberia se ela estivesse lutando com alguém, sua energia é difícil de esconder e teria sentido alguma alteração em sua energia. Ele vai fazer com que paguem por terem tocado na mãe do seu filhote!

Vegeta observou a garota, precisava gravar a imagem dela para que pudesse se lembrar porque estava lutando. Essa mulher... Como é possível que arrume tanta confusão? Ele já deveria estar acostumado com as confusões dela, mas ele apenas se surpreendida ainda mais. Sua cauda foi até o rosto choroso e limpou as lágrimas que escorriam, a garota aceitou o carinho sem se afastar.

Vegeta ficou irritado, ele vai fazer o responsável pagar, ninguém toca na mãe do seu filhote! Iria sair quando a porta se abriu e uma criatura, um namekuseijin pequeno se apresentou trêmulo e medroso. 

- Dendê! 

A terráquea gritou e seus pelos se eriçaram, ele estava do seu lado, não havia necessidade de gritar! Deuses! Aquela mulher consegue ser  a causadora de sua paz e aflição em menos de segundos. Como ele poderia se sentir atraído para aquele poço de confusões?

- Onde você estava? Eu estava preocupada!

Bulma tentou se levantar e o mundo conspirou contra ela. Já havia se acostumado com a gravidade do planeta e agora parecia que havia dobrado o peso, suas pernas torceram e ela cambaleou. E mais uma vez fora pega pelo príncipe, parecia ser uma rotina, ela cair e ser pega por ele. Mas dessa vez havia algo diferente, havia algo nos olhos dele, o imenso mar negro estava inquieto, será que é possível...? Ele estar preocupado?

Que pergunta idiota! Mas é claro que ele vai estar, está carregando o filho dele e ele é muito mais precioso que ela.

- Deuses mulher! Se eu tirar os olhos de você, você vai morrer!

Bulma sabia que ele havia dito alguma coisa, mas não entendeu nada. Vegeta a puxou pelo braço e colou ambos os corpos, o peito de a Bulma disparou, o que esse príncipe está fazendo? Ele a puxou pelo outro braço e a colocou em suas costas, a cauda apertou a cintura dela e Vegeta a segurou pelas pernas e a levou para perto do pequeno, a deixou no chão e ela se ajoelhou para ficar na altura dele.

Bulma sorriu e sibilou um "oi", Dendê a analisou por um momento, mesmo tremendo ele esticou suas pequenas mãos até o rosto da garota, tapou as orelhas dela e murmurou uma longa prece. Bulma sentiu uma queimação nas orelhas, aos poucos sua audição voltou. Bulma sorriu para o menino e agradeceu, Dendê ficou com vergonha e com medo, diante dele estava o príncipe dos saiyajins era cruel e a criança estava medo e Bulma não o culpava por isso.

- Dendê... Você está bem?

Bulma foi recuperando a audição e se deliciou com o som da própria voz. Perder a audição, mesmo que temporariamente é uma experiência que ela não quer repetir e deseja que ninguém passe por isso.

- S-sim.

Ela suspirou aliviada, um enorme peso desapareceu do seu ombro e coração. Cuidar de Dendê é uma tarefa dada a ela por uma saiyan irritada, não queria ver uma saiyan irritada se falhasse.

- Fico feliz então por favor, não desapareça, você é uma criança no meio de -

Ela ia dizer algo mas a palavra monstro morreu na sua garganta, olhou para Vegeta e agora ele não parecia um monstro... Ele só parecia preocupado, parecia como um ser humano comum, depois que aprendeu a ver por trás das ações de Vegeta, percebeu que ele só é um príncipe extremamente sobrecarregado e responsável por sua raça, uma responsabilidade que ela não tinha noção do quão pesado era. O quão pesada é a coroa desse homem que o fez se tornar um monstro? Bulma notou que o saiyajin estava ansioso por sua resposta.  

E se?Onde histórias criam vida. Descubra agora