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Bulma encarou o olhar incrédulo do alien que olhava seus seios... Não, não é nos seus seios que ele estava olhando, procurou um espelho e se encarou... Havia crescido, pouco, mas cresceu! Olhou para ele do reflexo, estava apavorada mas ele... Ele estava em completo desespero, havia perdido a sanidade e sua cor no instante que viu sua barriga. Se virou, era quase imperceptível, mas estava lá... É tudo verdade!

Uma lágrima solitária escorreu, ela não queria! Não queria nada disso! Tomada pelo puro e cruel desespero, procurou por algo afiado, achou um punhal pendurado na beira do espelho, rapidamente pegou e o desembainhou e iria perfurar sua barriga. Sua mão fora pega e seu punho apertado, Bulma soltou o punhal, que antes de bater contra o chão fora pego por um dos animais que guardavam seu aposento.

Vegeta puxou seu rosto choroso e abatido e encarou as lágrimas que esculpiam o rosto fino e encarou os olhos trêmulos azuis, estavam perdidos, sem rumo, sem direção, sem um caminho a seguir. Se lembrou de Raditz e de como não conseguiu dar uma resposta e direção ao seu subordinado e talvez pela falta de ajuda anterior, aos poucos abaixava a mão que tremia e deslizou os dedos até que se encontrassem com os dela e os segurou, entrelaçando-os. Foi então que Vegeta finalmente entendeu o que estava sentindo.

Perdidos. Ambos estavam perdidos e se sentiam em uma estrada sem rumo e sem fim, um caminho com espinhos profundos e medos desconhecidos. Perdidos. Juntos. Olhos que derramavam lágrimas sem fim e incontáveis desejos escondidos por trás do olhar manso e gentil. Sua cauda fez algo que ele não mandou, foi até o pequeno e choroso rosto e limpou suas lágrimas, macia e molhada, ela apertou os olhos quando o fez. Chorar... apenas... não combinava com ela... mas ao mesmo tempo, combinava. 

Talvez fosse por seu instinto real, o instinto de mostrar a direção para aqueles que tomava conta, estava em uma situação semelhante a que passou com Raditz há pouco, não completamente diferente do guerreiro a sua situação estava acontecendo naquele momento. Uma terráquea de cabelos azuis que estava prenha da sua semente.

Uma situação que nem mesmo em seus piores sonhos e cenários imaginários poderia supor que isso aconteceria com ele e com ela é a mesma coisa. A diferença é que ela foi sequestrada, tirada do seu lar, dos seus amigos e família e inesperadamente ficou prenha daqueles que causaram mais mal do que bem a ela.

Sim, ele simpatizou com ela, com sua situação, só que não contaria a ela ou para qualquer pessoa, ninguém precisava saber disso. Encarou os azuis trêmulos e sentiu algo que não estava previsto nos seus planos, alguma coisa dentro dele pulsou, pulsou fortemente. Forte até demais. A garota fechou os olhos com força, a cauda de Vegeta acariciou sua bochecha, a pulsação forte em seu peito se tornou seu comandante. Sua mão subiu para o maxilar delicado, não a forçou a olhar para ele, a deixou escolher.

Bulma encarou o negro confuso e estranho, ele também está se sentindo assim? Violado? Machucado? Perdido? Essa coisa que cresce na sua barriga a assusta, Bulma apertou os dedos do pai do bebê que cresce em seu útero, surpreendente o rapaz apertou de volta. Ela não precisou dizer que não queria isso, ele a entendia, mas ambos entendiam o que precisam fazer e tinham que levar até o fim. Bulma estava apavorada, o rapaz acariciou seu maxilar com os dedos enquanto a cauda secava a trilha salgada. Vegeta e Bulma simpatizaram um com o outro e o clima ficou suave entre os dois. Não havia questionamentos, pedidos, juras, era apenas... Eles.

- Vegeta?

Uma batida e logo a entrada do rei os separou, o rei viu algo estranho, ela se olhava no refletor ofegante e chorosa, seu filho estava do outro lado do quarto olhando para a janela. Eles estavam perto antes que chegassem? Eles poderiam estar se aproximando, isso seria bom, muito bom.

- Estou atrapalhando?

- Não há nada para atrapalhar.

O príncipe latiu, passou e saiu do quarto indo em direção a sala de treino. O rei, por sua vez demorou um pouco mais para ir, convidou a garota para o acompanhá-lo na refeição matinal, ela hesitou antes de aceitar.

Notou que a adaga que tinha dado para seu filho na cerimônia de coroação estava sendo mastigada por um guardião, seu filho nunca deixaria seus guardiões fazerem tal ação, a terráquea teria alguma coisa a ver com o assunto? Será que ela tentou matar o príncipe? Ou fazer uma besteira maior, como tentar se matar?

Sua cabeça martelou algumas coisas a mais, mas resolveu deixar para lá. O caminho fora silencioso, ao chegar encontrou a mesa posta e os lugares preparados, a garota esperou que ele a mandasse se sentar, o fez logo depois de se ajeitar a mesa. O rei começou a comer e observou a menina que cutucava um pedaço de carne assada, assim que provou demorou um pouco para mastigar e engolir e segurar com todas as forças para não regurgitar, seria uma refeição lenta, mas pelo menos estava se alimentando. O que havia acontecido entre os dois? Precisava descobrir.

- Minha tenente irá te mostrar os arredores do palácio. – Disse ganhando a atenção da garota. – Sairão logo após a refeição.

Ela não concordou nem discordou, apenas ouviu e continuou a comer. Na verdade, cutucar a comida. Seja lá o que o príncipe havia feito ontem a fez ficar satisfeita até agora, as comidas do seu povo são fortes seja em tempero ou na própria comida, até mesmo a água era forte.

Bulma pegou o copo e analisou o líquido arroxeado, vinho? Será que bebiam vinho? Girou o líquido e saboreou o aroma, forte, muito forte.

- Não deveria beber. - O rei a alertou.

- O que? - O encarou, estava perdida demais nas coisas diferentes de seus planetas para se lembrar que estava na presença do rei. - Não, não irei.

- O álcool de Vegeta-sei é muito mais forte que você pode imaginar.

- Eu imagino que sim.

Sorriu sem olhar, se o olhasse a raiva a inundaria. Por culpa dele estava grávida de uma criança que não queria e nem havia pensado em ter, agora todos perceberiam! Todos!

Fechou as mãos ao ponto da sua unha começar a machucar sua pele, não podia perder o controle, se perdesse provavelmente não ficaria com cinco membros inteiros. Mas não podia aguentar, não podia... Cada segundo que passava e que olhava para si, se lembrava da maneira que havia sido violada, da maneira que invadiram sua casa e a tomaram.

O rei tentava ser cordial, tentando não a incomodar ou deixá-la com seu espaço pessoal, mas nada disso adiantava, porque tudo o que via, sentia e ouvia a forçava a se lembrar da sua captura, por culpa do rei... por culpa do homem que comia educadamente, por culpa dele!

- Se eu fosse você eu não faria isso.

Bulma segurava o cabo da faca a ponto de seus dedos ficarem brancos.

- Diferente de você humana, eu sinto quando você quer me matar.

O rei dizia com um sorriso lateral enquanto girava o cálice com álcool.

- Então deverá dormir de olhos abertos. - Ameaçou.  

E se?Onde histórias criam vida. Descubra agora