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Saiu e foi ao encontro do filho. O achou em seus aposentos encarando as mãos. O filho foi para o banheiro, o rei entrou no cômodo minutos depois, viu o filho dentro da banheira lavando as mãos e os braços excessivamente. O rei conhecia o comportamento do filho, sabia que ele estava alterado e que não falaria sobre isso nem mesmo se fosse torturado.

Vegeta começou a esfregar e arranhar os braços para tentar tirar alguma sujeira que só existia na cabeça dele, já que ele estava limpo. O rei também tinha essa mania de se limpar excessivamente, acabou que essa mania de se limpar se tornou uma maneira distrativa para não se culpar pelas vidas que tirou. O garoto tinha a mesma mania, mas diferente do pai que sabia quando parar, Vegeta estava esfregando demais.

- Vegeta.

Não parava.

- Vegeta.

Ele está chateado.

Pegou no braço do filho e o impediu de se esfregar.

- Chega!

O olhar de seu filho estava coberto por uma sombra terrível, mas o rei sabia que havia uma preocupação por trás daquela mascara terrível.

Leu que fora ele que encontrou a terráquea morta e ficou algum tempo tentando ressuscitar a mulher. Ela fora a segunda pessoa que ele não queria que morresse em suas mãos e morreu. Ele deve ter lembrado da sua mãe, de quando o rei saiu para ir buscar alimento para sua companheira e seu filho ficou, quando voltou encontrou seu primogênito segurando o irmão menor ao lado da mãe já falecida.

Vegeta IV amava a mãe, muito mais que suas palavras podiam expressar e vê-la morrendo ao dar a luz, foi inevitável culpar o irmão. O rei viu a intenção de assassinato do filho para com o irmão e teve a certeza de que se não tirasse seu filho de perto do irmão, ele o mataria sem receio.

Foi uma escolha difícil de se fazer, mas necessária. Partiu seu coração ao deixar o mais novo partir. Desde aquele dia notou a tendência de limpeza do filho e se perguntou se foi porque teve que tirar o irmão do útero e matar a mãe, nunca saberia, o filho jamais tocava no assunto.

- Ela vai ficar bem.

- Você ACHA que EU me IMPORTO? – Saiu. - Ela VIVA OU MORTA, não IMPORTA.

- Não?

- Não.

- Então porque a salvou?

Ele parou e virou para o pai enquanto ajustava a roupa, seu pai contava com instinto dos saiyajins e já estava na hora de parar com essa palhaçada.

- Você espera que eu cuide da fêmea e da cria por causa do MALDITO INSTINTO PATERNAL dos saiyajins? Você espera que eu seja um PAI, espera que eu seja um PROTETOR? Acontece, meu pai, que eu NÃO VOU FAZER NADA DISSO!

- Se não vai porque a trouxe de volta?

A calmaria do rei Vegeta estava irritando o príncipe Vegeta.

- Por causa do MALDITO INSTINTO QUE DESPERTOU quando você me disse que eu ia ter um FILHOTE! – Gritou. – Eu não QUERIA SALVA-LA! Você ME FEZ FAZER ISSO, por mim eu A DEIXAVA MORRER!

- Se você se arrepende tanto. – Disse com a voz baixa e ofegante. – Me mate então!

Os machos olharam para a garota apoiada na parede com o ombro e com os olhos lacrimejando.

- Eu fui sequestrada, fiquei grávida, fui sequestrada dos meus sequestradores, fui tocada e machucada e acima de tudo, eu morri! Se você está tão arrependido então me mata, me mata e acaba com o seu tormento!

A garota estava ofegante, o rei achou melhor sair e deixar os garotos discutirem, assim que saiu pediu a um dos empregados para trazer um jantar daqui há dois momentos e também ordenou que ninguém os incomodasse até que o príncipe os chamasse.

- Eu não vou matar você. – Ele apertou o osso do nariz enquanto se dirigia a mesa.

- Mas vai continuar reclamando!

- Eu não... Reclamo, humana. - rosnou. 

- É o que você está fazendo e além-

A garota começou a tossir e a cambalear, ele correu e a pegou e a colocou na cama, ela estava tossindo muito e quando colocou a mão na boca percebeu o sangue com a tosse e ficou com medo.

O rapaz chamou uma curandeira que não tardou a chegar. Fez um exame básico de toque e notou a maneira que ela ficava quando tocava seu útero, ele também percebeu o medo que emanava da menina. A cada toque da curandeira sua cor desaparecia e seu corpo tremia, suas mãos seguravam os cobertores e os apertavam ao ponto de suas mãos ficarem brancas.

A respiração ofegante e o tremor estavam demais, cada olhada que Bulma dava para a curandeira, a pupila dilatava e Vegeta conseguia ouvir o coração bater extremamente rápido, taquicardia. Deuses, essa mulher! Se sentou ao lado da cama e quase que instantaneamente seu rabo se enrolou na perna dela, deixou seu calor a preencher. Isso não passou despercebido pela doutora.

- Não é nada muito sério, é apenas um reflexo do trauma passado. Qualquer tipo de estresse vai fazer com que seu corpo responda a isso, que no seu caso é sangrando e uma taquicardia. 

Ela não tardou a sair para deixar o casal sozinho. Vegeta levantou e encarou a garota que o encarava.

- Você vai ficar aqui. – Não era um pedido.

- E o que você vai fazer? Me obrigar? - Se levantou com os cotovelos. 

- Se for preciso, sim.

- Então tente! – Ela rosnou.

O garoto estava cansado, queria dormir, a cama era grande então tudo bem se ficasse do outro lado, agachou e ordenou aos guardiões que não a deixassem sair do quarto e se deitou. A garota o olhou em todos os cantos, será que poderia ir? Desceu da cama e deu dois passos em direção a porta, os guardiões a pararam rosnando e indicando a cama para ela, tentou dar outro passo e eles atacaram suas pernas sem morder, a assustando e a fazendo voltar para a cama.

- Você é um idiota!

- Você consegue parar de falar?

- Sim, acontece que ficar em silêncio vai te dar paz e acredite eu não vou te dar esse prazer.

O garoto rosnou e decidiu ignorar a presença da garota que agora estava andando pelo seu quarto explorando qualquer canto que fosse possível, podia não ver mas ouvia. Sabia que ela estava mexendo em seus relatórios, guarda-roupa, armários, batendo o dedo mesa, sentando e levantando da cama, ela o estava irritando e não demoraria muito para que ele respondesse a esse ato de guerra.

Ela ficou quieta, quieta demais. Olhou por cima do ombro e a viu analisar seus relatórios, iria deixar para lá, mas ela estava focada demais, se levantou e foi até ela. Livros geográficos e mapeação, climas e biomas, ela estava estudando seu relatório e o estava resumindo em outro papel. Estava aprendendo sobre sua cultura e sobre seu povo, um leve subir de lábios o fez voltar para cama.

- Ei.

Desapareceu.

- O que aconteceu com a equipe de exploração?

Ele imaginou que se não explicasse ela iria falar na sua cabeça, correria o risco.

- Ei!

Ele iria ignora-la? Tudo bem. Iria descobrir por si. Ficou estudando e alguma coisa não batia, a equipe de exploração havia ido com três cientistas, quatro guerreiros e três exploradores, então porque na volta tinha três cientistas, cinco guerreiros e três exploradores? E porque ninguém entrevistou esse novo integrante?

Pegou um dos perfis dos soldados e comparou, havia uma longa linha de diferenças entre cada um deles, mas a única coisa que tinham em comum é que eram treinados pela mesma academia se pudesse chamar assim e aquele último cara não era nem formado. O que ela raciocinou, era incrível os saiyajins serem formados e terem educação básica... então aqueles que receberam ela e Nyxxy quando estava sendo levada, não eram saiyans. Soldados educados como eles não ousariam falar da sua tenente com aquele tom insolente, apesar de ser mulher ela era respeitada, se não, não tinha como ter subido de posição.  

E se?Onde histórias criam vida. Descubra agora