E se?

1.8

Agora Vegeta caminhava um pouco a frente da guerreira que trazia Bulma atordoada consigo, não sabia o motivo mas desde que esse ser chegou perto dela sua vontade fora totalmente sugada a deixando apenas... existindo. Uma sensação de perigo a acompanhava no fundo do estômago, seu sangue bombeava o sangue de forma acelerada e desregulada, em resposta ao seu medo, sua palma suava. Sua mente de engenheiro e dominada pelo medo planejava uma forma de escapar. A cada passo a sala se tornava menor, a penumbra que cobria o corredor parecia esconder mais guerreiros que a qualquer momento poderiam ataca-la e mata-la ou algo pior, algo que ela não consiga nem pensar na palavra. 

Estupro. 

Ela tinha medo de ser estuprada por extraterrestres, principalmente guerreiros extremamente fortes e cruéis. Morrer ali era o de menos, ela seria morta com um estalar de ossos ou um soco, mas ser tocada sem sua permissão era a pior forma de ser humilhada. Além de que seu corpo terrestre não era forte o suficiente para aguentar mais que dois socos no máximo, então nem sequer queria pensar sobre o que iriam fazer com ela se resolvessem tirá-la da proteção da guerreira e molesta-la.

Um tremor iniciou em seu corpo a cada passo que dava e ela conseguia parar de olhar para o Príncipe com cabelos arrepiados a sua frente. Bulma estava conflitante com os seus novos sentimentos, sua razão a mandava correr e tentar desaparecer, mas seu coração a fazia continuar. Não sabia se era por medo dele ou o que estaria a esperando caso se afastasse dele. Bulma seguiu o príncipe trêmula, não fazia ideia se era de frio ou medo. Uma pergunta constante a assombrava, seria esse o dia de sua morte?

- Terráquea. Controle-se.

Ela viu o Príncipe girar os calcanhares e a olhar pela primeira vez a observando. Os olhos negros estavam com um brilho indiferente e a analisavam de cima a baixo, notando que mesmo com a capa saiyan ela ainda continuava sem roupa. Isso era um ultraje e completamente desrespeitoso, ele é um príncipe e ficar sem roupa na sua frente é claramente um convite ou algo parecido, mas o príncipe guerreiro da raça mais orgulhosa do universo não aceitaria esse convite.

Seu pai tinha planos para ela e não iria estragar o novo brinquedinho de seu pai, mesmo que ele gritasse de medo a cada passo. Seu nariz podia reconhecer o familiar aroma de terror e os sutis tremores que seus ouvidos podiam captar, uma sensação de prazer percorreu seu corpo quando a viu tremer de medo. 

Não iria quebrar o brinquedo, mas quem sabe aterroriza-lo. Sua cauda estralou no ar e a garota deu um passo para trás horrorizada, um esboço de sorriso preencheu seus lábios. Isso é divertido, pensou, Vegeta já viu inúmeras reações de pavor e horror, mas n or algum motivo, a reação dela o diverte.

- Onde está suas vestes? - Perguntou assustadoramente calmo. 

- Ela-

- Silêncio soldado. Responda terráquea. – Outro estralar.

- Eu... e-eu não s-sei.

Uma sensação estranha percorreu seu corpo agora, a voz trêmula daquela mulher, ele não gostou de ouvi-la. Era divertido colocar medo e ver suas reações, mas isso, esse sentimento de vitória fora esmagado por outra coisa, algo excruciante que pesava sob seu corpo. Esmagou esse sentimento para o íntimo de seu corpo, o afogando em qualquer coisa para não sentir novamente.

- Nyx vá pegar um de nossos uniformes. Estaremos no hangar. – Ele vira a azulada tremer diante sua declaração e a diversão começou a brincar no seu estômago.

- Sim. Volto logo. – O soldado sussurra mais para a menina do que para a figura de autoridade.

- Se não quiser ser molestada, siga-me. – Ele continuou a caminhar.

Segundos depois ouviu os pequenos passos descalços no chão gélido, um som engraçado de se ouvir. Logo a terráquea estava andando ao seu lado, o que o fez apressar um pouco o passo para ficar a sua frente, como estava a poucos centímetros do corpo da garota, pode perceber que seu corpo estava congelando pelo frio do espaço, estava quase com a mesma temperatura de um cadáver. Vegeta já não se incomodava com o frio, não mais. Aumentou seu calor corporal de forma que a atingisse também, pelo canto de olho a viu relaxar um pouco e não notou a sugestão de um sorriso de contentamento em seu rosto. Definitivamente, os terráqueos são uma espécie divertida.

Caminharam por alguns minutos até chegarem na entrada do hangar, onde um murmúrio peculiar chamou sua atenção, palavras jamais escutadas por ele em um local público. Dizendo que ele estaria se rebaixando a uma humana e ainda por cima a cobrindo com seu calor, o que o fez sair do transe e se reprimir internamente, lançou um olhar repreendendo o soldado que esboçou um pequeno sorriso, isso o irritou completamente. 

Ergueu a palma da mão e uma pequena bola de luz brilhante saiu de sua palma e flutuou até o rapaz, isso chamou a atenção de Bulma que agora olhava com olhos curiosos, literalmente se esquecendo onde estava. Sua curiosidade a estava fazendo se aproximar alguns passos até que viu a esfera de energia começar a cortar o membro do homem e seus gritos de agonia deliciaram os ouvidos da realeza.  A esfera cortou também sua cauda o deixando agonizando ao chão, seu sangue bombeava para fora de seu corpo esparramando-se por todo o chão, Bulma teve que voltar para seu lugar de origem para que o sangue não a tocasse. A perplexidade a tomou, aquele homem cortou o braço e o rabo do soldado baixo e redondo, com uma cor nunca visto por ela.

Um rosnado de desgosto saiu do peito de Vegeta antes de continuar seu caminho, acompanhado pelos sons de passos lentos da mulher. Novamente o cheiro de medo invadiu suas narinas dentro do elevador, estava tão perto, exalando o terror e mesmo sem olhar para ela podia ter a certeza de que ela estava tremendo, suspirou profundamente, era divertido antes, mas agora o irrita profundamente.

- Terráquea, seu medo é compreensível, mas já provou que nós saiyajins podemos ser piedosos quando queremos, então pare de se tremer como um verme.

O pavor fora substituído pela raiva, a palidez de sua pele rapidamente fora substituída por um rubor em suas bochechas e orelhas. Raiva. Essa mudança repentina o divertiu, sorriu como se estivesse vendo um filhote tentando desafia-lo, será que ela late? Se questionou internamente.

- Olha aqui, quem você pensa que é para falar assim?! Vocês invadiram minha casa, assassinaram pessoas sem nenhum sinal de misericórdia e está incomodado comigo sentindo medo? Você está brincando comigo! - Bulma explodiu com ele.

- Olhe seu tom. – Ele rosna e se sentiu incrivelmente desrespeitado, mas ao mesmo tempo quis irrita-la para ver até onde iria sua insolência.

- Olhe meu tom? Eu falo do jeito que eu quiser, com quem eu quiser!

Bulma quis estapear aquele rosto real, mas sua cabeça a repreendeu, ela com certeza morreria se fizesse isso.

Vegeta finalmente se virou para encarar a terráquea insolente, por um milésimo se assustou, não esperava encontrar um azul profundo e irritado. Se fixou e notou a chama raivosa neles, um roxo sutil se formava ao redor da íris, provando a ele que a raiva que ela estava sentindo estava beirando ao ódio. Ele estava sendo desafiado por uma terráquea? É como um leão sendo desfiado por uma formiga.

Bulma também viu os olhos ônix sugarem toda a luz de seus olhos, uma escuridão surgiu e tomou conta de seu olhar. A garota se tremeu diante disso, mas não recuou. Sua vida se tornou uma desgraça depois que ele apareceu e agora ele quer que ela fique quieta como um cachorro? Nunca! Bulma Briefs nunca abaixa a cabeça, para ninguém.

Vegeta viu a posição da menina, seu instinto saiyan borbulhou, ela o está desafiando e Vegeta nunca recua diante de um desafio. O príncipe orgulhoso dos saiyajins faria a terráquea se submeter a ele, por bem ou por mal. Vegeta torcia fortemente para que fosse por mal.

- Quem eu sou? 

Um riso de escárnio preencheu seus lábios e Bulma pode ver os dois caninos afiados e pontiagudos do rapaz, é com eles que ele vai dilacerar sua carne?

– Eu sou Vegeta, o Príncipe guerreiro dos Saiyajins, o guerreiro mais poderoso do universo, destruidor de planetas, estrelas e sóis. Eu sou...

Ele se aproximou dela, sentindo um cheiro confortável vindo de seus cabelos ondulados e azuis. Não reclamaria se pudesse sentir esse cheiro constantemente.

 – O seu pior pesadelo.