Claro, jamais poderia dizer tais coisas ao filho. Empenhara-se para fazer Charles acreditar que fora muito amado. Na verdade, bem que gostaria de encontrar um pai para ele. Fora exatamente o que sempre desejara em criança. Um pai para ela mesma. Era hora de enfrentar os fatos. Nem todos os casamentos eram baseados em sentimentos arrebatadores. Muitas pessoas se casavam por motivos mais práticos, como interesses comuns, benefícios mútuos, para garantirem um pai para seus filhos.
- Você acha que terei um pai, mamãe? - Charles perguntou de novo.
Dulce fitou-o longa e intensamente. Esquecera-se da xícara de café à sua frente.
- Ainda não sei, Charles. Vamos ver. Olhe, prometo pensar no assunto.
Ambos se calaram, refletindo nas palavras dela. De repente, voltaram à realidade, trazidos pela fumaça e pelo inconfundível cheiro de bacon queimado. Dulce levantou-se rápido, tentando salvar o que não tinha mais salvação. Charles correu para abrir a janela, mas Dulce ordenou-lhe que continuasse sentado, enquanto ela cuidava de tudo.
Era, realmente, um dia com gosto de bacon queimado. E, a partir de então, só piorara ainda mais.
Girando o volante, Dulce entrou numa alameda tortuosa. Depois de quinze minutos somente com arbustos e dentes-de-leão, concluiu que errara o caminho.
Correndo a mão pelos cabelos compridos, estacionou o carro e estudou o mapa que o Dr. Anderson rabiscara à mão. Olhando com mais atenção, percebeu que o número que imaginara ser um, na verdade, era sete, e que onde, a princípio lera Hiller Road, poderia ser interpretado por Ridden Road.
-Parece-resmungou,desanimada.
Começara o dia pensando que algo maravilhoso iria acontecer e, no entanto, estava a quilômetros de seu destino, tendo como única companhia os dentes-de-leão. Não sabia onde ficava a casa de Christopher Uckermann e, pior, teria que encontrar uma boa desculpa para justificar seu atraso. Péssimo começo, uma vez que fora prevenida de que o homem ficara furioso quando soubera que ela estava a caminho da casa dele. Dulce estremeceu. Não queria Christopher Uckermann como seu paciente, assim como ele não queria uma fisioterapeuta. O homem que fora o cirurgião mais importante do Southeastern Illinois Memorial, considerado um verdadeiro gênio. O homem de dedos mágicos. Ela sentia muito pelas mãos dele feridas, pelo acidente que interrompera uma carreira brilhante e que tirara a vida da esposa e da filha dele, cerca de um ano atrás. Mas, ela tinha uma agenda cheia de pacientes, pessoas que precisavam dela, que estavam no meio do tratamento. Não tinha espaço para outro paciente, especialmente para alguém que, além de resistir ao tratamento terapêutico, precisaria de sessões por longo tempo. Pelo menos, fora o que ouvira de seu supervisor e do Dr. Anderson. Dulce não ignorava que teria uma missão árdua pela frente.
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um pai perfeito
FanficSinopse: Charles precisa de um pai... Alguém para levá-lo à feira cultural. Alguém que não tenha medo de monstros. Alguém que também ame sua mãe e a faça feliz. Mas não será fácil encontrar o pai perfeito. Por isso, Charles fez uma lista... ...e Chr...