Ucker observava Hannah ajeitando a bolsa. O momento que tanto temia, havia chegado. Hannah preparara o almoço, lavara a louça e, agora, ia embora, deixando-o sozinho com o menino.Hannah o ajudara a superar as primeiras horas, embaraçosas e difíceis. Seguindo as instruções de Dulce, a governanta servira o café da manhã para Charles, ajudara-o a tomar banho e a vestir-se. Agora, porém, ia embora.
- Bem, Dr. Uckermann, já vou. Se precisar de alguma coisa é só telefonar. Acredito que tudo correrá bem. O garoto já almoçou e acho que vai dormir ainda por um bom tempo. Quando ele acordar, procure distraí-lo até a mãe chegar.
Era justamente esse detalhe que o preocupava. Distraí-lo significava conversar, ouvir, ficar com ele... durante horas. Dessa vez, não poderia evitá-lo. Oferecera ajuda à Dulce prometera cuidar bem do filho dela.
Não queria decepcioná-la. Entretanto, sua respiração tornava-se mais rápida e ofegante. Suas mãos transpiravam e tremiam.
Da porta, Ucker acenou para Hannah. Depois, voltou para a sala de estar, onde Charles dormia no sofá. Assim que entrou, o menino abriu os olhos e olhou-o com expressão cautelosa.
- Precisa de alguma coisa? - Ucker detestou o tom ríspido de sua voz.
Charles negou com um gesto de cabeça.
- Tem certeza?
De novo, o movimento de cabeça, afirmativo dessa vez.
Ele não queria nada... Ou melhor, Ucker juraria que ele queria livrar-se daquele estranho.
Charles estava bem equipado. Rodeado por livros, brinquedos, até mesmo o indefectível urso de pelúcia, parecia ter mesmo tudo do que precisava.
Mas, a sala estava escura. Aproximando-se da janela, Ucker começou a abrir as cortinas.
¾ Não abra! - Charles gritou com voz estridente.
-Você precisa de luz - Ucker explicou. - Não é bom ficar no escuro por tanto tempo. - Como eu fiquei, até Dulce entrar em minha vida, ele lembrou. - O dia está ensolarado. O sol faz bem para a saúde.
-É mais uma ordem do médico? - Charles indagou num tom ansioso.
-Com certeza. Por que você não quer as cortinas abertas?
Charles franziu as sobrancelhas e Ucker achou que ele não iria responder. Depois, erguendo o queixo, disse:
- De repente, os monstros podem entrar. Você sabe, se eles perceberem que estamos aqui. Se as cortinas estiverem fechadas...
Os lábios dele tremeram, a voz fraquejou. Ucker decidiu não contrariá-lo.
¾ Entendo. - Sentou-se mais perto de Charles. - Os monstros o incomodaram hoje?
¾ Não. - Charles brincava com um caminhão amarelo. - Porque Hannah estava aqui comigo. Mas, você... Já lhe contei que a mamãe disse...
¾ Eu sei o que sua mãe disse. Que eu tenho medo de crianças.
- Você tem mesmo? Mamãe sempre fala a verdade.
Ucker descobriu que não conseguia sustentar o olhar de Charles. Desviando o olhar, deteve-se nos desenhos do carpete. O amor de Charles pela mãe era tão grande que demonstrava o quanto uma criança poderia ser inocente e confiante. Confiante demais, Ucker pensou. Alguns pais não correspondiam a tanta confiança quando eram requisitados. Ucker sabia disso muito bem
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um pai perfeito
أدب الهواةSinopse: Charles precisa de um pai... Alguém para levá-lo à feira cultural. Alguém que não tenha medo de monstros. Alguém que também ame sua mãe e a faça feliz. Mas não será fácil encontrar o pai perfeito. Por isso, Charles fez uma lista... ...e Chr...