capítulo 100

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Desejou que Amy tivesse conhecido Dulce. Ela teria gostado de Dulce. Sua Dulce.

Sua Dulce... se já não fosse tarde demais.

Não, não seria tarde demais. Não poderia ser.

Levantando-se, pegou o convite de aniversário que Hannah lhe trouxera. Sabia que o convite fora man­dado sem o conhecimento de Dulce. Não pretendia ir à festa. Pensara em enviar um presente acompanhado de um cartão.

Agora, nada no mundo o impediria de estar junto da mulher e da criança às quais amava. De alguma maneira, teria que convencer Dulce de que ele era o homem da lista. Que era o homem com quem ela e Charles poderiam contar para além da eternidade.

A frente da casa estava enfeitada com balões e a faixa de feliz aniversário. Estacionou a Blazer ao lado dos demais carros. Respirando fundo, pegou a caixa enorme que estava no banco traseiro. Desceu do carro e, com passos lentos, caminhou até o portão. A festa parecia animada. Ouvia risadas, gritos, conversas. Tentou reco­nhecer a voz de Charles entre tantas, mas não conseguiu.

Ele magoara o menino naquele último encontro. Lembrava-se dos bracinhos dele em seu pescoço, pra­ticamente pedindo-lhe para ficar: O pensamento pro­vocou-lhe um frio no estômago. Prometeu nunca mais magoar Charles. Nunca mais o deixaria. Isso se Dulce lhe abrisse a porta.

Apressou o passo. Parou ao ouvir o som da voz dela.

Levantando a cabeça, viu-a na lateral da casa, con­versando com um homem de cabelos escuros. Ela lhe entregava um fio com lâmpadas coloridas. O homem sorriu e pendurou as lâmpadas. Depois, disse algo em voz baixa, algo que Ucker não conseguiu ouvir.

Não importava. Ele viu o sorriso nos lábios dela. Viu como ela se inclinou para responder. Os cabelos cor de mel roçaram no ombro do homem. Os cabelos bonitos e sedosos que Ucker se lembrava tão bem. Os cabelos que todo homem gostaria de enterrar os dedos na hora de beijá-la, de tocá-la, de amá-la.

Ucker sentiu a força do ciúme apertando-o, quei­mando-o. Respirou fundo, obrigando-se a não se mover, a não cometer nenhuma tolice.

Ele estava ali por uma razão e não teria como ex­plicar uma eventual cena de ciúme. Passou a mão no queixo e avançou mais alguns passos. Logo, chegaria ao portão e, então, poderia vê-la, falar com ela.

-     Charles, Scotty - chamou o homem de cabelos escuros. - Venham cá.

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