capítulo 73

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Dois dias depois, na hora em que Ucker ia embora, Dulce informou-o que Char­les já tinha condições de voltar à vida normal.


-     Muito obrigada, Ucker - agradeceu. - Obrigada por ter cuidado de Charles. Mais tarde, ligarei para Mandy avisando-a de que segunda-feira ele irá para a casa dela, depois da escola. Como Mandy concordou em ficar com ele à noite também, irei à sua casa no horário de sempre.


Ucker olhou para a mão dela, fina e pequena, estendida para um aperto de mão impessoal. Aquela mão fizera-o sofrer de dor física logo no início das sessões. Aquela mão o confortara, o encorajara. Tam­bém tocara-o muitas vezes, com carinho. Conhecia o prazer daquelas mãos em seu peito enquanto ele a beijava nos lábios.


Naquele momento, porém, ela era toda profissio­nalismo, toda formalidade. Exatamente como ele sempre desejara. Não queria lembrar-se de como Dulce o desequilibrava sempre que se tocavam. Pre­feria aceitar aquele gesto polido e sair depressa da­quela casa. Ainda assim...


Ignorando a mão estendida, Ucker fitou-a nos olhos.


- Você está dizendo que estou despedido, Dulce?


Lentamente, ela baixou a mão.


-     Claro que não! - Ela sorriu, meio confusa. - Ambos sabemos que você estava apenas me fazendo um favor e...


Ucker segurou-lhe a mão. Acariciou-a gentilmente, preparando-a para o que tinha a dizer.


-Ambos sabemos que foi apenas por alguns dias. Acontece que Charles está um tanto empolgado com o meu trabalho. Na verdade, ainda tenho que cumprir a promessa de pintar o quarto dele. Assim, creio que terei que ficar mais alguns dias.


-Mais alguns dias? - Desvencilhando-se, ela cru­zou os braços. Apertou os olhos de um jeito que Ucker já conhecia muito bem. - Quantos?

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