capítulo 82

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Ela esperava que não. Esperava que o remédio de Ucker fosse definitivo, independente do homem. Por­que ela não poderia procurá-lo depois que ele se fosse. Charles e ela nunca mais ficariam perto dele. Soube disso no momento em que ele a abraçou. Diria adeus mais uma vez e seria forte. Mais do que isso seria pedir demais para si mesma.


Ao ajeitar os lençóis, ela viu um pedaço de papel na mão do filho. A lista. A cada dia tornava-se mais patético examinar aquela lista. Charles olhava e se­gurava aquele papel como se fosse um tesouro. Um papel amarrotado que continha as promessas de algo que ele desejava fervorosamente.


Delicadamente, tirou o pedaço de papel da mão dele. O lápis vermelho caiu da cama, rolando pelo chão.


Ela alisou cuidadosamente o papel até desamassá-lo. Leu os itens que restaram. Não ter medo de monstros, nem de crianças. Não precisa ser bom em quebra-ca­beça. Porém, foi a última linha da lista que a fez es­tremecer. Seus olhos embaçaram e ela piscou para im­pedir que as lágrimas escapassem. Onde ela escrevera Médico não, a palavra não fora riscada com o lápis vermelho.


Ela lembrou que Charles lhe pedira para apontar as palavras conforme as lia. Agora, descobria o motivo. Ele queria saber. Médico. A palavra parecia gritar para ela. Médico. Charles queria um médico como pai.


Não. Charles queria Ucker. Queria apenas Ucker.


E, que Deus a ajudasse. Ela também queria.


Amava Christopher Uckermann, apesar de tudo. Apesar de Ucker não querer amar. De não poder amar, nem a ela, nem a ninguém mais, por ser prisioneiro do pas­sado. Mas nada disso fazia a menor diferença para o que ela estava sentindo. Ela o amava. Gostando ou não, amava-o, sim. Ela não gostava, absolutamente. Entretanto, era verdade. De algum modo, precisaria superar os próxi­mos dias. Depois, só depois, começaria a aprender como não amar Christopher Uckermann.


 

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