capítulo 33

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-Já vesti muitos pacientes antes. - Era verdade. Só que os outros pacientes não eram como Ucker.


O olhar dele tornou-se mais escuro, mais intenso.


Ela se aproximou e começou a abotoar a camisa. Instantaneamente inspirou o perfume de sabonete. Perfume de sabonete e de homem. De Ucker. Sob os dedos, sentia as batidas aceleradas do coração dele. Ela vacilou, incerta se deveria ou não continuar.


-Talvez seja melhor deixar a camisa desabotoada - ela sugeriu. - Você ainda está úmido. - Uma onda de calor percorreu-lhe o corpo. - Está quente aqui.


- Acho que tem razão - ele concordou em voz baixa.


Dulce recuou, ainda incerta. Contemplar os músculos do peito de Ucker era tão perturbador quando tocá-lo.


-     Hannah deixou seu jantar - comentou só para mudar de assunto.


Ucker respirou fundo, como se também estivesse perturbado com aquela situação. Olhou para a mesa, depois de novo para Dulce.


-     Janta comigo? Estou faminto. E, francamente, eu... eu gostaria de uma  companhia.


Como recusar um pedido tão gentil?


-     Boa idéia. Hannah preparou comida suficiente para alimentar um batalhão.


Ucker observou-a caminhar até o fogão. Sentiu-se aliviado por ela ter-se afastado dele. Ao mesmo tempo, sentiu uma vaga sensação de perda.


Felizmente, ela desistira de abotoar-lhe a camisa. Quando os dedos dela roçaram em seu peito, temeu não resistir ao impulso de tocá-la também. De enterrar os dedos nos cabelos cor de mel, expondo a pele vulnerável do pescoço. Vulnerável para seus olhos. Para seus lábios.


Observava-a preparando os pratos, fatiando a carne. Ela era tão pequena, tão graciosa. Tinha as mãos deli­cadas, suaves. Ela introduziu o dedo numa travessa para provar da comida. Ucker engoliu a seco, imaginando o calor daquele dedo queimando-lhe a pele do peito. Irritado, tratou de afastar o pensamento. Tentou mentalizar a imagem de Joanna.


Respirou profundamente quatro vezes. Sentiu-se re­laxar. Decidiu ajudá-la, mais para manter-se ocupado. Abriu uma gaveta de onde tirou os talheres. De outra, pegou os guardanapos.


-     Ucker!

um pai perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora