capítulo 67

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Nem tanto, Charles - Ucker protestou. - Você me deixou ganhar para eu sentir o gostinho do triunfo. - Olhou para Dulce. - Seu filho ficou com pena das minhas mãos. Acho que ele ganhou de mim umas dez vezes, não é?


-Ah, mas o mais importante é que ele sabe como livrar-se dos monstros, mamãe.


-É mesmo? E, como é? - Dulce aproximou-se do filho, beijando-o no rosto.


-Ucker prometeu pintar meu quarto com uma tinta antimonstro. Não é verdade, Ucker?


-E, sim. - Ucker lançou um olhar significativo para Dulce. - Você não se importa se pintarmos o quarto de Charles, não?


-Claro que não! Se é para nos livrarmos de todos os monstros, eu não me importo.


Levantando-se, Ucker aproximou-se de Dulce. Evi­tando olhá-lo, ela pegou algumas peças do jogo que ele ainda segurava.


-     Obrigada, Ucker - ela agradeceu, tentando ignorar o calor que percorreu seu corpo quando seus dedos roçaram a palma da mão de Ucker. - Muito obrigada, mesmo.


Procurando disfarçar o embaraço, ela se voltou ra­pidamente para o filho.


-Está na hora de arrumar essa mesa, Charles. Você já está melhor e pode muito bem recolher as peças do jogo. Vou preparar o jantar. Creio que temos bifes no freezer.


-Já vou indo, então. - Ucker caminhou até a porta. - Voltarei dentro de duas horas. Está bem assim?


Dulce não respondeu de pronto. Esperou até Charles descer do sofá e levar os brinquedos para o quarto.


-    Você acha que sou tão ingrata a ponto de deixá-lo ir embora assim, depois de ter cuidado de meu filho o dia todo?


Ucker levantou a mão e fez um gesto no ar. Dulce notou que ele não se preocupava mais em esconder as mãos nas costas.


-Não aceito pagamento por ter ficado com Charles. Ofereci-me para vir porque eu precisava disso.


¾ Porque você não quer mais remorsos em sua vida.


¾ Sim. - Os maxilares dele se contraíram.


-Ótimo. - Dulce cruzou os braços e encarou-o com expressão séria. - Então, você janta conosco.


-Não, Dulce. Você chegou do trabalho, está can­sada. Não quero atrapalhar.

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