Mordendo o lábio, ela concordava com movimentos lentos de cabeça. Apesar da postura autoritária que ela assumira, Ucker podia notar a vulnerabilidade estampada nos olhos azuis-esverdeados. A custo, conteve um sorriso. Afinal, ela não era tão forte quanto se mostrava. Não perderia aquela chance de expulsá-la de casa, de sua vida, o mais rápido possível. Ela e o filho, cujo nome nem queria ouvir.
Se fazer tudo o que ela mandava significava livrar-se dela, então, ele o faria. Depressa.
Quando Dulce abriu a torneira, ele notou o sangue na mão dela.
- Você se cortou.
- Não foi nada.
-Como não foi nada? Droga, Dulce, chame a mulher! A culpa foi minha por ter deixado um copo quebrado aí dentro! Chame-a. Hoje mesmo.
-Não se preocupe, Ucker. Só preciso de um band-aid.
Ele a olhou desolado, sentindo-se inútil, como não se sentia desde o acidente.
- Não tenho nem mesmo um band-aid - confessou ele.
Para espanto de Ucker, ela riu. Não. Gargalhou. Ele estava envergonhado, deprimido, e ela gargalhava.
- Não se ofenda, Ucker. Você não é o único no mundo. Por acaso, eu tenho uma caixa na bolsa. As mães sempre carregam um estoque, por precaução.
Voltando para a sala, abriu a bolsa de onde tirou um band-aid verde fluorescente. Colou-o no dedo.
- É a cor favorita de Charles - explicou. - Venha. Vamos terminar nossa sessão antes que você comece a discutir.
Ela era impossível, incrível. Outra mulher o teria deixado sozinho há horas. Depois do modo como ele a tratara no dia anterior, Dulce deveria tê-lo deixado falando sozinho. Não a culparia por isso. Mas, ela estava sorrindo. Brincando. Implicando. Imaginando que, talvez, ela agisse da mesma forma com todos os pacientes, Ucker sentiu que o antigo mau humor voltava.
Com ar de poucos amigos, ele estendeu as mãos sobre a mesa. Dulce segurou-as, reiniciando as massagens e explicando os exercícios que ele deveria fazer durante o dia seguinte.
- Onde está sua pulseira? - ele indagou repentinamente.
-Minha pulseira? - Ela o fitou surpresa. - Oh, não uso jóias quando estou trabalhando!
-Seu filho sabe disso? As crianças ficam magoadas quando dão um presente à mãe e ela não usa. Principalmente quando a mãe não fica em casa por causa de um paciente teimoso.
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um pai perfeito
FanfictionSinopse: Charles precisa de um pai... Alguém para levá-lo à feira cultural. Alguém que não tenha medo de monstros. Alguém que também ame sua mãe e a faça feliz. Mas não será fácil encontrar o pai perfeito. Por isso, Charles fez uma lista... ...e Chr...