capítulo 68

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Que bobagem! Não tem cabimento você ir para sua casa agora, preparar o jantar e voltar daqui a duas horas. Além do mais, não posso permitir que o homem que prometeu espantar os monstros de minha casa, vá embora sem jantar. Você janta conosco e ponto final. Ordens da terapeuta.


- Não sei...


- Você ainda está com medo?


Ucker avançou um passo. Avaliou-a intensamente.


-     De você? De uma mulher do seu tamanho? De uma mulher que ameaça acampar em minha casa? - Encostou os lábios na orelha dela. - Absolutamente, Dulce. Absolutamente. Nenhuma mulher jamais aba­lou minhas defesas tanto quanto você. Nenhuma mu­lher jamais me assustou tanto quanto você.


As últimas palavras foram proferidas com convicção, com voz enrouquecida, suave, acariciante. A respiração dele aquecia o rosto dela. Dulce acreditava nele. Mas, estava tão assustada quanto ele, com o que estava acontecendo entre ambos. Talvez, fosse melhor não tê-lo convidado para jantar. Seria melhor se... Mas, ele estaria sozinho, preparando o próprio jantar numa casa vazia, sem calor humano.


-     Apenas diga que vai ficar, Ucker - ela insistiu, tentando manter a voz firme, tentando sustentar o olhar dele, mesmo estando tão próximos. - Vai ficar ou será que precisarei convocar a artilharia?


Ela estremeceu. Suas emoções estavam tão aflora­das, correndo o perigo de serem expostas. A vontade de inclinar-se e comprimir os seios contra o peito dele era assustadora. O desejo de acariciar-lhe as costas quase a sufocava.


-     Trata-se apenas de um jantar, Ucker. Não quero mais do que isso. Nem você. Sou sua terapeuta e sei o que é bom para você. Um belo jantar será ótimo para um homem que passou o dia inteiro cuidando de uma criança.


Dulce forçou um sorriso. Ucker ainda estava muito próximo. Os quadris quase se tocavam. Nervosa, ela mor­deu o lábio, tentando conter a inclinação do próprio corpo.


-     Pare com isso, Dulce - Ucker disse num fio de voz. - Pare de agir como se fosse você o meu jantar. Vou ficar, sim. Mas, só se você parar de olhar-me desse modo. E, não se preocupe com os bifes. A promessa de acabar com os monstros não merece um jantar de primeira classe.

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