capítulo 89

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Você vai se casar - ele acrescentou. Dulce ergueu os ombros.


- Como você mesmo disse, um garoto precisa de pai.


- E uma mulher precisa de alguém para abraçá-la à noite? - Era verdade. Sim, era verdade que o simples pensamento de alguém, qualquer um e não ele, par­tilhando as noites de Dulce, provocavam um aperto na garganta dele.


O rosto de Dulce tornou-se rubro. Ela pousou a mão no peito, num gesto de autodefesa.


-     Desculpe, Dulce. Isso não é da minha conta. - Não, não era. Mas, ele precisava fazer um grande esforço para lembrar-se disso. - Dulce, não me dê atenção. Sinto muito. Principalmente em relação a Charles. Eu não imaginava o quanto meu comportamento iria afetá-lo.


-     Não precisa se desculpar, Ucker. A culpa é só minha. Eu percebi o quanto ele estava se apegando a você e deixei as coisas acontecerem. Não fiz nada para impedir. Eu sabia que Charles não tinha condições para compreender que um dia isto tinha que acabar. Ele nunca tinha conhecido meu pacientes antes. Por­ tanto, não tem noção de começo e fim.


Ucker observou-a atentamente. Por um momento, ela pareceu melancólica, frágil. Ucker pensou na lista. Logo, outro homem estaria ali para confortá-la, para tomá-la nos braços e beijá-la profundamente. Outro ho­mem. Alguém que a merecesse, que nunca a magoaria como ele poderia magoá-la. Um homem que não lhe fal­tasse. Sim, era o que ela merecia. O que ele desejava que ela encontrasse. Outro homem. Um bom homem.


Então, por que ele se sentia tão indefeso, tão incapaz, muito mais do que se sentia antes de Dulce entrar em sua vida? Por que suas mãos se "sentiam" tão vazias e inúteis?


Ele não sabia. Mas, não queria pensar no as­sunto. Absolutamente. Irritado, tratou de afastar tais pensamentos.


-     Sobre o aniversário de Charles, Dulce. Pretendo manter minha promessa. Não virei para não reabrir as feridas, mas mandarei um presente. Não quero que pense que o esqueci. Ele é um menino especial. Apesar de tão pequeno, ele me ajudou muito. Muito mesmo. Quando vim aqui pela primeira vez, eu tremia só de ouvir a palavra criança. Ele me fez superar esse trauma. Diga isso a ele... algum dia. Ok? Ele precisa saber, mas não agora.

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