capítulo 35

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Que diabos acontecera com ele? O que estava fazendo? Aquele era um momento de grande emoção para ambos. Não poderia confundir as coisas. Não deveria tocar naquela mulher, muito menos envolvê-la em suas fantasias.


-     Dulce, sinto muito. - Recuou alguns passos. - Sinto muito mesmo.


Seguiu-se um silêncio longo e constrangedor. Ucker não ousava olhá-la. Não suportaria ver a mágoa estampada no rosto de Dulce. Precisava do calor dela. Muito. Como havia muito não se lembrava de precisar, ou de querer. Muitos anos, não apenas dois. Seu co­ração se apertou só de pensar nisso. Joanna merecia muito mais. E Dulce...


-     Não se preocupe - ela murmurou, por fim.


As palavras de Dulce fizeram-no voltar à realidade. Ela parecia tão frágil, tão perdida.


Os cabelos caíam-lhe no rosto em pequenas ondas que pareciam beijá-la quando balançava a cabeça. Ucker fechou os olhos.


-     Não se preocupe, Ucker. É gratidão. Isso acontece muito - assegurou ela. - Ambos nos deixamos levar pelo entusiasmo do momento. Foi isso.


Isso acontece muito. Céus, ela dissera isso mesmo? O pensamento de Dulce defendendo-se de todos os ho­mens que atendia, deixou-o muito furioso.


-     Como eu disse, sinto muito, Dulce. Pelo menos, aceite meu pedido de desculpas.


Diante da expressão atormentada de Ucker, ela se limitou a concordar com um gesto de cabeça. Depois, forçou um sorriso.


-Venha jantar - disse, voltando-se para arrumar a mesa.


- Não.


Com o canto dos olhos, viu-o fechando e abrindo a mão.


-     Você precisa ir para casa. - A voz dele soou num tom casual.


Era exatamente o que Dulce queria. A lembrança de como perdera o controle nos braços de Ucker, en­chia-a de vergonha. Queria desaparecer dali. Soltou um longo suspiro.

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