capítulo 44

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Acalme-se, Dulce. Não foi tão difícil assim. - Com a ponta do dedo, contornou-lhe os lábios, para arrancar-lhe um sorriso.


Imediatamente, ela recuou, fugindo ao toque.


-Você poderia ter-se machucado - insistiu ela, afas­tando-se para dar-lhe passagem. - Se pensa em voltar dirigindo, à noite, depois que terminarmos nossa sessão, esqueça, Dr. Uckermann. Você só sairá daqui de táxi.


-Dr. Uckermann? - ele repetiu. Realmente, ela estava furiosa. - Deixa para lá, Dulce. Estou bem. E, se isso a tranqüiliza, saiba que Dan estava comigo quando aluguei o carro.


O argumento surpreendeu-a. Virando os olhos, con­duziu-o até a mesa que preparara para a sessão.


-Realmente, às vezes, o Dr. Dan Anderson me es­panta - ela confessou. - Ele está fazendo qualquer coisa para tê-lo de volta ao hospital.


-Por isso que tenho você, Dulce. Para ter certeza de que serei bem-sucedido.


Péssima escolha de palavras, Ucker admitiu ao no­tar o rubor cobrindo o rosto de Dulce. Suas palavras haviam despertado as lembranças da noite anterior, quando ele definitivamente tentara fazer alguma coisa com sucesso. Dulce não mencionaria o assunto, ele sa­bia. Deveria dar-lhe crédito pelo autocontrole.


Ela prendera os cabelos num coque no alto da cabeça. Do jeito que ele, um dia, desejou que ela prendesse, acreditando que seria menos atraente com os cabelos escondidos. Enganara-se. Com os cabelos presos, o pes­coço ficava exposto, visível, vulnerável, viçoso. Marfim espreitando sob alguns cachos que haviam escapado.


Não passou despercebido à Dulce o modo como os olhos dele avaliaram a curva dos ombros, o pescoço, o queixo, os lóbulos das orelhas. O rubor tornou-se mais intenso. Ela pigarreou.


¾ Então, você dirigiu bem?

um pai perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora