O brilho que ela notara nos olhos verdes, dissipou-se. As pálpebras se fecharam, os maxilares se contraíram.
- Eu fui o pior pai do mundo. - A voz soou fria, amarga. - Um péssimo marido, também. Nunca estava com Joanna e Amy. Além disso, era eu quem estava dirigindo quando aquele carro nos fechou. Se eu estivesse atento, se meu pensamento estivesse voltado para a segurança de minha esposa e de minha filha, teria evitado o acidente. Deveria ter jogado o carro para o acostamento. Ou, pelo menos, girado o volante e desviado. Não fosse minha negligência, elas ainda estariam vivas. Não pense que sou um herói. Não pense nada de bom a meu respeito. Agora, vá ver seu filho. Leve o urso.
Ucker observou Dulce saindo da sala. Como no dia anterior, ele a ouviu murmurar palavras de conforto para o filho. Seguiu-a com o olhar, quanto ela foi para a cozinha. Ouviu o ruído da porta da geladeira e, depois de pratos. E, entre os ruídos, ouviu a voz ansiosa de Charles.
- Mamãe?
Mais barulho, panelas caindo. O toque do telefone. Um abafado "Oh, não", depois o suspiro longo e sonoro de Dulce. Ela não ouvira o chamado de Charles.
- Mãe, onde você está?
Ucker olhou para a cozinha. Ele poderia até chamá-la. Dulce agradeceria se a chamasse. Mas, bastou uma espiada pela porta da cozinha para mudar de idéia. Ela estava de costas, falando ao telefone, recolhendo os objetos que deixara cair. Dulce precisava de alguns minutos de folga.
Ele lhe daria a folga. Talvez. Desde que tivesse forças para entrar no quarto. Desde que tivesse a coragem de ver o que o menino queria. Não custaria nada. Na verdade, tratava-se de uma coisa muito fácil de fazer. Então, por que estava tremendo? Por que seu coração batia como um tambor?
Ucker deu um passo na direção da porta. Depois, outro. Lentamente. O quarto parecia distante, distante demais, e, ao mesmo tempo, muito próximo.
Outro passo. Mais um pouco e estaria lá.
A cama gemeu. Se não detivesse o menino, ele sairia correndo pela casa, pés descalços, em busca de ajuda, quando a ajuda estava do outro lado da porta, tremendo, assustada.
Respirando fundo, Ucker endireitou os ombros, ergueu o queixo e forçou-se a entrar no quarto. Forçou-se a olhar para a cama.
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um pai perfeito
FanfictionSinopse: Charles precisa de um pai... Alguém para levá-lo à feira cultural. Alguém que não tenha medo de monstros. Alguém que também ame sua mãe e a faça feliz. Mas não será fácil encontrar o pai perfeito. Por isso, Charles fez uma lista... ...e Chr...