capítulo 3

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Vira Christopher uma única vez, logo que ela começara a trabalhar no hospital, e lembrava-se per­feitamente do impacto que aquele homem lhe causara. Ele quase não falara, e mal notara a presença dela. Ainda assim, quando Dulce fitou-o nos olhos, sentiu o coração acelerado, a respiração difícil e sinais de alerta em sua mente. Até notar a aliança na mão esquerda. Então, suspirou aliviada.

Isso acontecera havia dois anos, quando ele ainda era um homem casado. Agora, porém, as coisas haviam mu­dado. Algumas coisas, pelo menos. Dulce ainda fugia de envolvimentos emocionais. Preferia não correr o risco de ver-se envolvida com alguém, desde que tivesse escolha. Mas, não tivera. O Dr. Anderson fora categórico ao de­signá-la como fisioterapeuta de Uckermann e ela absolutamente não poderia fugir do compromisso.

E, estava atrasada. Não só perdida, como atrasada.

Encolhendo os ombros, manobrou o carro.

- É impossível vencer num dia com gosto de bacon queimado - resmungou, perguntando-se se Uckermann entendia sobre dias como aquele. Só tinha que entender. Afinal, um cirurgião com mãos feridas, inutilizadas, com certeza já enfrentara muitos dias com gosto de bacon queimado em um ano e meio. Muito mais do que ela!

Logo, ela se arrependeu por pensar assim. Christopher não tinha culpa se o dia começara mal para ela, se sua lista de pacientes era imensa ou se ela não prestara mais atenção ao mapa que o Dr. Anderson lhe dera.

Dentro de pouco tempo, seu dia começaria a melho­rar. Assim que estivesse em casa com Charles. Então, brincariam, conversariam sobre coisas sem importân­cia, ou muito importantes. Talvez, até discutissem so­bre a possibilidade de encontrar um pai para ele. Pla­nejar a busca de um homem que quisesse uma esposa e um filho. Tudo se arranjaria e seu mundo voltaria a ser azul e brilhante de novo.

Além do mais, não poderia assumir uma atitude derrotista. Tinha um trabalho a fazer, um compromisso a cumprir. A primeira tarefa, importantíssima, aliás, era encontrar a casa do homem, examiná-lo e planejar um esquema de trabalho.

Tinha que estabelecer uma relação simples de paciente-terapeuta... e bloquear toda e qualquer lembran­ça do que sentira quando vira aquele homem pela pri­meira vez

um pai perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora