capítulo 15

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Então, ela se calou, esperando que ele reconhecesse seu pequeno progresso.


Ele parou junto à mesa empoeirada. Equilibrando a caixa e tentando abrir espaço para colocá-la.


-     A propósito, doutor - ela continuou. - Atrasei-me porque, quando fui verificar os equipamentos, en­contrei-os bagunçados. Por acaso, você não teria ligado para o hospital e pedido para alguém sabotar minha lista de material?


Nessa altura, com dificuldade, Ucker conseguira lidar com a caixa. Ele olhava para Dulce, com uma sobrancelha erguida e o esboço de um sorriso irônico nos lábios.


-     O que acha, srta. Saviñón?


Por breves segundos, Dulce sustentou o olhar intenso e desafiador. Encolhendo os ombros, ela sorriu.


- Acho que seria muito mesquinho mesmo da parte de alguém que não gosta de mim, como você.


- Acredite, se houvesse uma maneira de livrar-me de você, eu teria tentado.


- E bom saber. - Ela abriu a porta. - Até mesmo a ira pode ser positiva quando contribui para tirar al­guém do estado de apatia. Lembrarei disso quando você precisar de uns puxões de orelha durante o tratamento.


Com rapidez espantosa, Ucker aproximou-se. Ela recuou. Mesmo assim, estavam muito próximos. O ca­lor e o cheiro másculo envolveram-na, fazendo com que se sentisse ainda mais consciente daquela proxi­midade. Ela poderia tocar-lhe a face com a ponta do dedo. se quisesse. Os olhares se encontraram e a ex­pressão dele não tinha nada de gentil ou amistosa.


-     Nada a abala, não é, srta. Saviñón? Eu a insultei, ameacei e praticamente expulsei-a de minha casa e você continua aqui,
furioso. Agora, eu lhe pergunto. O que fazer para li­vrar-me de você?


Dulce não respondeu. Continuou a fitá-lo nos olhos. Aqueles olhos que falavam com ela, que perscrutavam-na, E, ela não queria aquilo. Não queria sentir absolutamente nada por aquele homem, além do in­teresse profissional. Não poderia sentir mais nada, não se permitia. Ele a abalava. Mas jamais admitiria a verdade para Christopher Uckermann.

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