capítulo 56

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Dulce recuou, fugindo do perigo.


-Charles sabe que você não é uma ameaça. Já disse isso a ele.


-Tudo bem. Mas, talvez, ele tenha que ver com os próprios olhos. Talvez você interprete mal minhas ações. Quem sabe não seja por puro egoísmo que eu queira o menino perto de nós. Assim, você não precisa ficar correndo de lá para cá, desdobrando-se para aten­der os dois. E, conseqüentemente, o tratamento ter­minará mais rápido. Você sabe o quanto sonho com isso. Afinal, prometi enviar-lhe rosas, lembra-se? Para celebrar o final. Ou você não gosta de rosas?


-Adoro rosas, Ucker, posso esperar pela sua recuperação, só para celebrarmos com flores. Mas, e suas convicções? Logo no primeiro dia, você foi cate­górico. Nada de crianças. Dividir a mesma sala com Charles é muito difícil, não?


Ucker refletiu por alguns segundos. Depois, enco­lheu os ombros.


-     Sou um cirurgião, Dulce. Conviver com crianças faz parte da vida. Será melhor acostumar-me logo com isso.


Dulce suspirou, desviou o olhar e após um breve silêncio, como se considerasse a inutilidade de discutir com ele, ela encolheu os ombros.


-Tudo bem, Ucker. Só posso agradecer-lhe, sejam quais forem suas razões. Estes últimos dias não têm sido fácil para Charles. Nem para mim. Detesto não poder ajudá-lo. Obrigada. Agora, vamos voltar às suas mãos. - Ela deu um passo em direção à porta.


-Ok, mas ainda não. Tenho uma pergunta. - Ele tocou num cacho de cabelos, impedindo-a de sair da cozinha.


Virando levemente a cabeça, ela olhou-o por sobre o ombro. Parou, esperando com um brilho de descon­fiança nos olhos.


¾ Então, pergunte.


-Seu filho... Charles... Ele terá que ficar em casa por mais alguns dias?


Ela concordou com um gesto de cabeça.


-Estes dias que você tem faltado... isto é, o hospital não a punirá de alguma forma?

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