capítulo 57

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Centro infantil? Ele já esteve lá antes?


-Já. Uma vez, no ano passado e apenas por um dia. - Pelo tom de voz, Dulce dava a entender que não lhe agradava muito deixar o filho no centro in­fantil. Depois, reassumindo a postura profissional: - Os ponteiros do relógio estão correndo e você está per­dendo tempo. Você quer ou não enviar-me aquelas ro­sas? Você não quer ver-me bem longe de seus calca­nhares, Uckermann?


Céus, ele queria, sim! Ele a queria longe de seus calcanhares, de sua vida, de seus pensamentos, de seus sonhos. Queria um mundo onde nunca a tivesse co­nhecido. Um mundo onde o perfume de limão não o faria lembrar-se dos lábios de uma mulher movendo-se sob os seus.


-     Você terá suas rosas, Dulce. E rapidamente, se depender de mim.


Quando voltaram para a sala, Charles lançou um olhar longo e solene para Dulce. Depois, sorriu, virou-se de lado, adormecendo em seguida.


Sentaram-se e, em silêncio, recomeçaram os exercí­cios. Dulce percebeu que Ucker observava a sala, olhando ao redor, mas, evitando deter-se em Charles.


Ele afirmara que não fora um bom pai, que era cul­pado pela morte da filha. No entanto, tratara Charles com muito carinho, preocupando-se em levá-lo para o sofá, mesmo sabendo que o menino poderia perfeita­mente caminhar.


Por quê? Ele estaria pagando suas penas? Resga­tando culpas do passado? Dulce não sabia e, segura­mente, Ucker nada explicaria. Ele recuara depois de colocar Charles no sofá. Fora gentil, mas sentira-se desconfortável. Não errara ao dizer que Ucker tinha medo de crianças.


-     Você está tão calada, Dulce. Está preocupada com... com ele? - Ucker evitava mencionar o nome do menino.


Dulce forçou um sorriso.


-     Claro que estou preocupada, Ucker. Fico preocupada o tempo todo. Mas, Charles e eu já vivemos momentos iguais a este antes. E, viveremos outros no futuro. Portanto, não se preocupe conosco. E, por favor, pare de olhar-me assim.


-Assim como? - Ucker fitou-a com tanta inten­sidade que Dulce desviou o olhar para fugir do perigoso magnetismo que emanava daqueles olhos verdes.


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