capítulo 61

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Ucker enlaçou-a pela cintura.


-    Nada conseguirá apagar o passado. Jamais me perdoarei. Mas, se eu puder ajudá-la... Bem, preciso fazer isso.


O sorriso de Dulce transformou a noite. Inclinando-se mais, ela o beijou nos lábios.


-    Obrigada, Ucker. Eu aceito. Provavelmente, não deveria, mas aceito.


Ucker fitou-a fundo nos olhos. Passou o dedo nos próprios lábios, ainda sentindo o calor do beijo de Dulce.


¾ Gratidão? - perguntou ele.


¾ Gratidão.


¾ Ok. Voltarei amanhã. Bem cedo.


Ele se afastou. Mas, só entrou no carro depois de certificar-se que Dulce fechara a janela. Estava flu­tuando. Dulce o beijara, tocara-o espontaneamente, pela primeira vez desde que pousara a mão no braço dele, logo na primeira sessão.


Apenas porque sentia-se grata.


Ainda podia senti-la em seus lábios. O calor, o per­fume, o gosto dela. Ucker respirou fundo, tentando imaginar como seriam os próximos dias convivendo com Dulce e com o filho dela. Talvez pudesse cuidar do garoto por alguns dias e ainda manter sua sanidade. Mas havia limites para a sobrevivência de um homem.


Ao experimentar o beijo de Dulce, Ucker descobriu que atingira seu limite.


Já era tempo de colocar um ponto final nas sessões de fisioterapia. Já era tempo de acabar com aquele clima entre Dulce e ele.


Porém, antes, teria que enfrentar o dia seguinte.


um pai perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora