capítulo 36

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-     Não vou embora enquanto não fizermos nosso tra­tamento de hoje - avisou-o. - Você deu um grande passo, sim, porém, ainda há muito trabalho pela frente. Você é um cirurgião. Sua coordenação motora deve ser perfeita.


Ucker não discutiu. Em silêncio, foi para a sala. Sentou-se e estendeu as mãos para Dulce começar os exercícios.


Quando, finalmente, ela se despediu, Ucker adian­tou-se para abrir-lhe a porta. Ela sorriu e ele soltou um sonoro suspiro.


- Dulce?


-Voltarei amanhã. E, por favor, Ucker, não pense mais no... no beijo. Como eu disse, essas coisas acon­tecem. Será melhor ambos esquecermos o assunto.


Essas coisas acontecem. Essas coisas acontecem. As palavras dançavam no cérebro de Dulce, durante o trajeto de volta para casa. É gratidão. Essas coisas acontecem. O único problema era que essas coisas não deveria acontecer. Não para ela.


A reação de Ucker fora natural. Afinal, ele movi­mentava a mão pela primeira vez, desde o acidente. Fora arrebatado pelo entusiasmo. Mas ela era a fisioterapeuta. Era ela quem devia manter o controle da situação. Desde o início, estava certa. Christopher Uckermann era um homem muito perigoso.


Ele a beijara! Pior ainda, ela correspondera ao beijo. Só por um verdadeiro milagre conseguiria dormir naquela noite.


Mais tarde, deitada e com os olhos abertos, espe­rando silenciosamente que a madrugada levasse suas misérias embora, Dulce ouviu seu filho chorando. Levantando-se, correu para o quarto dele.


O dia amanheceu, encontrando-a ao lado da cama de Charles. Ele estava doente, com gripe.


Dulce teria que encontrar alguém para atender seus pacientes. Tirando o fone do gancho, começou a discar.


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