capítulo 51

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No dia seguinte, Dulce reconheceu que Ucker enfrentava a situação com gar­ra. Percebera que ele lutara para não cerrar os punhos nas vezes em que Charles a chamou.

Ele não dissera uma única palavra. Apenas ficara sentado, exercitando os dedos. Dulce sabia que, na ver­dade, era mais uma reação às queixas de Charles, do que propriamente exercícios.

-Desculpe - pediu ela, mais uma vez, depois de ver Charles. - Pensei que hoje ele estaria melhor. Mas, essa tosse... Ele nunca teve tosse antes.

-Relaxe, Dulce - Ucker aconselhou, percebendo o desconforto dela.

-Eu não deveria ter concordado com sua vinda. Tanta tensão só o prejudicará.

A risada cínica de Ucker espantou-a.

-     Moça, estou tenso desde o momento em que você colocou os pés em minha casa. E, você também. Você abre a boca, e lá estou eu contestando. Eu discuto e você me enfrenta. Quando nos tocamos...

Ela levantou a mão, interrompendo-o.

¾ Não diga nada. Já expliquei que foi gratidão.

¾ Gratidão - repetiu ele. - Também não quero mais discutir esse assunto. Só quero que saiba que estou enxergando as coisas sob uma ótica diferente. Mas, isso não faz diferença. Esse menino que está no quarto... - Baixou o tom de voz. - Este é o território dele, a casa dele. Eu sou o intruso e garanto que estou lidando muito bem com a situação.

Charles choramingou de novo. Dulce fitou Ucker nos olhos. Ele prendeu a respiração e estremeceu levemente.

- Mamãe? - Charles chamou.

Mordendo o lábio, ela lançou um olhar de desculpa para Ucker.

-     Vá vê-lo, Dulce. É seu filho e está doente. Você não tem do que desculpar-se. Ele precisa da mãe por perto e das coisas que ele gosta... como o urso de pelúcia, por exemplo.

Dulce sorriu. Pensara que conseguira esconder o ursinho antes que Ucker o notasse.

-     Tudo bem. Vou parar de sentir-me uma mãe culpada.

Ucker acariciou-lhe a palma da mão.

-     Agora vá. Aposto como a febre deixou-o com sede. Vá sossegada. Estarei aqui.

Vagarosamente, ela puxou a mão. Caminhou alguns passos, depois se voltou. Ele a observava. Os olhares se encontraram.

-     Você deve ter sido um pai maravilhoso, Christopher Uckermann - ela murmurou.

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