capítulo 92

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Na manhã seguinte, juntaria os cacos e continuaria vivendo. Convenceria Charles a alterar os itens da lis­ta. Aliás, ela já tinha planos com relação à lista. En­contraria um marido para ela e um pai para Charles.


Uma mulher precisa de alguém para abraçá-la a noite.


As palavras de Ucker vieram-lhe à mente, sacudindo-a. Só de pensar em outro homem tocando-a, um ho­mem que não fosse Ucker, sentiu um aperto no coração.


A quem estava enganando? Como poderia pensar em encontrar um pai para Charles, quando o simples pensamento de outro homem tocando-a, deixava-a doente?


Não, não estava pronta para aceitar outro homem. Então, teria que pensar em outra solução.


A resposta veio logo na manhã seguinte.


-     Mamãe? - Charles saiu do quarto, descalço e de pijamas.


Dulce arrumava a mesa para o café. Ela não dormira e parecia carregar um peso enorme no peito.


- Sim, querido? Pronto para o café?
Ignorando a pergunta, Charles parou ao lado dela.


Dulce ajeitou-lhe os cabelos  despenteados.


-     Mamãe, vamos convidar Ucker para a minha festa de aniversário? Ele disse que não vai esquecer.


Respirando fundo, Dulce negou com um gesto de cabeça.


- Sinto muito, Charles, mas, não foi bem isso que Ucker quis dizer quando falou que não esqueceria. Ele não poderá vir. Além do mais, convidaremos só crianças.


¾ Eu sei. Mas, Ucker...


¾ Não, Charles, não. Ucker não poderá vir.


A festa de aniversário de Charles era um bom co­meço. Ainda não começara os preparativos. Na verda­de, nem pensara nisso. Talvez, pudesse começar a pen­sar imediatamente. Havia muito não se envolvia so­cialmente com ninguém. Se começasse devagar, em situações não ameaçadoras, onde não se visse forçada a um contato cara-a-cara com um homem... Sim, talvez fosse um começo. Um começo acanhado, sim, mas era tudo o que ela poderia enfrentar no momento.


Olhou para o rosto ansioso do filho.


-     O que acha de convidar as famílias dos seus amigos e fazermos uma festa especial? Será divertido, não?


Charles deu de ombros.


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