capítulo 41

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-     Não é verdade. Quando estão doentes, até mesmo os meninos grandes gostam de serem ninados. Faz parte do tratamento. Ajuda a melhorar e faz com que a doença fique menos grave.


-     É assim que você trata seus pacientes? Como esse médico que vem aqui?


Ela não conteve um sorriso. Charles era muito trans­parente em seu ciúme.


-Não, querido. Você é o único que recebe este tra­tamento super, extra, hiperespecial. Mas... quero con­versar sobre o Dr. Uckermann antes que ele chegue.


¾ Conversar o quê?


-Bem... - Dulce apertou-o com mais força. - Mui­tas vezes você tem medo de certas coisas, não?


Charles jogou a cabeça para trás, considerando a pergunta.


-Como os monstros... os que se escondem debaixo da cama?


¾ Charles, você sabe que não há monstro nenhum.


¾ Eu sei, mãe, mas...


-Ok. Como os monstros, então. Bem, muitas vezes os adultos também sentem medo de algumas coisas.


Os olhos castanhos do menino se apertaram cheios de suspeita.


¾ Você também está com medo dos monstros? Ela encostou o nariz no de Charles.


¾ Não acabei de dizer que não há monstro nenhum?


¾ Ok. Talvez, cobras, então.


Dulce ergueu os ombros.


-Talvez, cobras. Mas, não é disso que estou falando. Muitas vezes, as pessoas têm medo de coisas que não assustam a maioria de nós. Como o Dr. Uckermann


, por exemplo.


¾ Ele tem medo de alguma coisa? Mas, ele é homem.



-O fato de ser homem não faz muita diferença, Charles. Até mesmo os homens mais fortes sentem medo. O Dr. Uckermann tem... bem, talvez nem seja medo, mas, sim, um certo desconforto em relação a crianças. Você entendeu?


-Ele não gosta de crianças? - ele perguntou num tom de descrença.

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