capítulo 16

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- Com licença, voltarei num minuto - afirmou, lutando para mostrar-se impassível. - Deixei alguns aparelhos no carro. O infravermelho e o banho de pa­rafina. Não demoro.


Ucker respirou longamente. Recuou, dando-lhe mais espaço para passar. Seu olhar continuava sério, perdido, e o corpo tenso.


Os poucos minutos de solidão foram suficientes para Dulce voltar a respirar normalmente e colocar os pen­samentos em ordem. Nunca duvidara que não seria fácil. Na verdade, quando alguma coisa fora fácil para ela? Nunca. Nunca tivera alguém que a ajudasse. Sem­pre dependera de si mesma, do seu trabalho. E o fato de não ter tido uma vida despreocupada, com certeza só contribuíra para seu fortalecimento moral, para sua independência e sucesso profissional. Tornara-se uma mulher forte e não desprezava as chances que apare­ciam em seu caminho. Como o trabalho com Christopher Uckermann. Preferia não tê-lo aceito. Mas aceitara, para provar que tinha capacidade para cuidar dele, e tam­bém porque precisava. Assim, poderia proporcionar ao filho uma vida melhor do que ela tivera.


Com o tempo, ela se acostumaria. Christopher seria mais um na lista enorme de pacientes. Tinha que convencer-se disso.


Quando entrou na casa com o restante dos equipa­mentos, Dulce compreendeu que todos os avisos com relação a Uckermann eram inúteis. Ele estava jogado numa cadeira, as pernas compridas esticadas e os olhos fechados. Assim que ela se aproximou, ele os abriu, contemplando-a com um olhar devastador.


-     Vai demorar, moça? - perguntou ele com jeito indolente.


Dulce ergueu a sobrancelha.


-     Por que? Você tem algum compromisso? Um co­quetel, talvez? - Fingindo não notar o rosto vermelho de Nathan, ela prosseguiu: - Bem, respondendo à sua pergunta, saiba que demorarei o tempo que for necessário. Fisioterapia não é um passeio pelo quar­teirão, doutor. Lembre-se disso.


Ucker se levantou-se num salto e começou a andar pela sala. Ela não se intimidou. Continuou preparando o banho de parafina.


- Você terá que mergulhar as mãos aqui por uns vinte minutos, para amaciá-las - ela explicou, apon­tando para o recipiente onde preparava o banho.


- Conheço muito bem os benefícios do banho de parafina, srta. Saviñón.

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