𝕊𝕖𝕥𝕖𝕟𝕥𝕒 𝕖 ℚ𝕦𝕒𝕥𝕣𝕠

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📌 30 de janeiro de 2023

V A L E R I E

Entrar nessa casa algumas semanas sem pisar aqui é até estranho. Isso mesmo, tô na minha casa ou na casa da minha mãe, não sei mais como denominar. Venho passando tanto tempo na casa de Yuri que as vezes esqueço que tenho essa casa aqui. Plena certeza de que meu guarda-roupas aqui está quase vazio e que meu quarto está com um leve cheirinho de mofo por ficar tanto tempo fechado.

Não consigo lembrar da última vez que vim aqui, creio que tenha sido quando dona Flávia estava comigo, mas não tenho certeza. Tudo aqui cheira a casa fechada. Victor tem passado mais tempo na casa de uma de nossas tias que mora no mesmo condomínio que os Monteiro e eu vocês já sabem.

Minhae mãe avisou que estaria aqui hoje e pediu para eu acompanhar ela para tomar café da manhã. Eu provavelmente vou me arrepender disso, mas não quis deixa-la sozinha da mesma forma que ela fez comigo e com meu irmão por tantos anos. Não dessa vez.

— Bom dia, bom dia. — coloco minha bolsa na mesa da cozinha. Victor também está aqui, que ótimo, encontro de família. A mesa está montada e por incrível que pareça minha mãe não está no celular. Mas Victor está.

— Bom dia, Valerie. Que bom que chegou! — a mais velha sorri leve. Alguém morreu e ela não está sabendo contar? É isso?

— Bom dia, Lili. — meu irmão usa do apelido que todos usam.

— Lili? — a mais velha pergunta sem entender.

— A filha do Yuri chama ela assim desde sempre. E agora todos nós chamamos também. — Victor da ombros com certa indiferença.

— Ah, que fofo. Ele tem uma filha, né? As vezes esqueço disso. — ela sorri sem graça. Sento na mesa de frente pra ela enquanto Victor continua com o semblante desanimado de quem não queria estar aqui.

— Você quase sempre esquece de tudo. — ele sussurra mas de forma audível.

Isso não me deixa surpresa, mesmo Victor tendo muito mais da presença dela ou da superproteção que ela diz ter, ele também sofre com a ausência. Eu tento entender, eu juro que tento entender, mas na minha cabeça aquilo é um nó. E eu tenho guardado tudo isso há muito tempo. Victor está abrindo espaço para eu falar. Não deu tempo nem sequer de tomarmos café.

— Quê? — Sonia parece confusa.

— Você quase sempre esquece de tudo. Natal, ano novo, aniversário da Valerie. — não poupa a crítica.

Observo calada por enquanto. O que era pra ser um encontro entre nós três virou uma lavação de roupa suja.

— O aniversário da Valerie eu lembrei e até disse parabéns para ela. — tenta se defender.

— Mas quando chamamos para vir comemorar conosco na festa você negou. — Victor fala algo que eu não sabia. Engulo seco. Não posso deixar isso fazer perder a magia do que foi aquele dia para mim.

— Porque eu estava no Rio de Janeiro a trabalho! — se defende.

— Você sempre está a trabalho. Essa é sempre a desculpa desde que o papai faleceu. NUNCA tem outra desculpa. Se você não consegue superar isso pelo menos seja sincera com a gente. — Victor solta tudo que está preso nele.

— Eu concordo. Não entendi o o propósito do café aqui justamente porque pra mim é anormal tomar café na minha casa com a minha mãe. É como se você fosse uma estranha pra gente. — tomo a frente. Já que estamos lavando as roupas sujas, irei lavar as minhas também.

Fantasi • Yuri AlbertoOnde histórias criam vida. Descubra agora