𝕊𝕖𝕥𝕖𝕟𝕥𝕒 𝕖 ℂ𝕚𝕟𝕔𝕠

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Esse capítulo contém mais de uma narração. Atenção.

📌 04 de fevereiro de 2023.

Y U R I

— JÁ CHEGA! NÃO DÁ MAIS! — a loira grita alterada apontando o dedo no meu peito. Eu estou parado, atônito.

— Valerie, não vai. — peço falando mais baixo. Gritar não faz parte da minha personalidade. Só em jogos.

— Eu vou, eu vou sim. Já deu pra mim. — ela joga as roupas na mala enquanto limpa as lágrimas no rosto. Meu coração palpita forte.

— Não faz isso. Eu não aguento te ver ir. — deixo algumas lágrimas caírem.

Ela fecha a mala com dificuldade e vira os calcanhares saindo porta afora. Me deixando ali, sozinho. De novo.

Acordo assustado.

Puta que pariu. Que pesadelo desgraçado.

Eu tô suado, meu coração parece que vai sair pela boca. Caralho, o que foi isso? Foi tão real que eu tô passando mal. Valerie dorme tranquilamente ao meu lado. Ela não foi. Ela não vai.

A abraço devagar enquanto ela se mexe um pouco e resmunga ainda dormindo. Me mantenho ali, a abraçando como se fosse a última vez, mesmo sabendo que não é.

Não consigo mais pregar os olhos. Me pego pensando o quão turbulento foi meu último término. Um término de casamento. E eu era tão jovem. Não que hoje não seja jovem, mas penso diferente. Eu amo a Valerie mais do que já amei qualquer outra pessoa.

Pensar em perder ela me causa arrepios. Pensar nos traumas que carrego me fazem ficar ali, pensando na vida. Minha vida em Porto Alegre estava feita, casado e com uma filha, e tudo desandou de uma hora pra outra. Thainara voltou pra Santos e eu continuei ali, sozinho.

Eu não suportaria ficar sozinho novamente. Minha mente está me sabotando. Eu não posso deixar esse pesadelo alugar um triplex na minha cabeça. Não tem que ser assim. Valerie está comigo, isso não vai mudar. O que aconteceu no passado não vai se repetir.

— Já acordado? — Valerie aperta o corpo dela ao meu tronco e eu assinto ainda pensativo. — Achei que fossemos dormir até mais tarde.

Ela sorri coçando os olhos. Ontem foi a festa de aniversário da minha mãe, ficamos até tarde conversando e sorrindo de várias besteiras. Hoje vamos curtir o dia aqui em casa mesmo. Aproveitar que Ysis ainda está aqui.

— Uhum. Não consegui dormir mais. — sorrio fraco.

— Já já a Ysis bate aí querendo entrar. — se senta na cama. — Eu vou esperar ela vir pra eu dar logo banho nela e depois tomar meu banho.

Continuo calado. Mas é genial a ideia dela de esperar. Valerie pega a babá eletrônica e aguarda pacientemente enquanto faz carinho na minha perna.

— Aconteceu algo? — ela arqueia uma sobrancelha. Me conhece como ninguém. Eu não posso fazer do mesmo jeito que fiz da última vez, não posso guardar minhas paranoias pra mim. Mas não me sinto confortável de falar sobre isso agora. Quem sabe algum outro momento do dia. Dai eu falo tudo que eu tô sentindo. Não vou guardar só pra mim.

— Não, meu amor. — levanto e selo nossos lábios. Ela assente calada e sorri para a câmera da babá eletrônica.

— Zizi tá acordando. Vou esperar ela levantar e chamar eu ou você.

O modo como a loira cuida de minha filha me impressiona muito. Não tenho dúvidas que Thainara é uma ótima mãe, e saber que agora tem outra figura materna para Ysis em casa, sem ser minha mãe, me enche de alegria. Eu escolhi certo. Escolhi alguém que cuida da Zizi tal qual uma mãe cuidaria. E olha que no início ela dizia que não se dava bem com crianças.

Fantasi • Yuri AlbertoOnde histórias criam vida. Descubra agora