Capítulo 15

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Lorna está andando por um dos corredores do anexo, ela entra na sala de estudo improvisada, onde era a antiga biblioteca que estava vazia e quase não possuindo livros, problema este que foi resolvido por Salomé, ao adentrar silenciosamente e olhar em volta percebe que o lugar está vazio a olhar ao redor. O anexo em si, pode ser considerado uma propriedade relativamente grande, ainda assim possui apenas vinte serviçais, incluindo o jardineiro, cocheiro (apesar de sua função que não exerce, ele passou a trabalhar em trabalhos braçais, como ajudar o jardineiro, cortar lenha e tudo o que lhe for pedido) e cozinheiro, contando com um ajudante, vinte e um se contar com Salomé, por tanto, devido ao tamanho da propriedade é possível conseguir momentos de paz e não encontrar ninguém por longas horas, mas, ao mesmo tempo, também significa muito trabalho para poucos funcionários, o que fez vários largarem o emprego ao longo do tempo, ou pedirem transferência para a mansão principal, levando em conta o gênio difícil de Lavínia só reforçou a desistência de muitos, graças a recente mudança da personalidade da jovem senhorita Gilbert que se tornou mais contida, esse pensamento foi desaparecendo da mente dos servos e alguns apenas estão esperando temerosamente seu comportamento explosivo retornar, mas estão aproveitando o quanto podem a tranquilidade, eles não passaram a respeitá-la, ou se quer ter um carinho por ela, mas permanecer não era mais um sacrifício necessário para se obter um bom salário.

Aproveitando-se do silêncio que se encontrava, e que ninguém a estava vigiando, Lorna pega um dos livros e diante de uma estante o folheia até encontrar algo que lhe agrade ou chame sua atenção, por fim senta-se na cadeira e mesa normalmente usada pela senhorita Gilbert, o título do livro escolhido era intrigante, '' As 7 Partes '', a capa é de couro, sem muitos detalhes, ela não parece muito cativada no começo como esperava, mas à medida que avança, sua expressão vai mudando, e sua escolha parece ter sido correta.

Durante aquela misteriosa noite uma jovem garota que não entendia aonde se encontrava apenas corria instintivamente em meio às árvores em um terreno íngreme, a copa densa das folhagens impedia que a luz da lua a alcançasse, ela não entendia por que estava correndo e o porquê de seu coração bater tão rapidamente, ela conseguia escutá-lo e sua respiração estava cada vez mais pesada, ainda assim sentia que poderia correr por mais tempo, ela para por alguns segundos, e se apoia em uma enorme rocha, o suor escorria por seu rosto, até que escuta vozes furiosas vindas da direção contrária, ao fitar a mesma ela consegue enxergar luzes fracas de tochas, então ela compreende, estava sendo perseguida, mas pelo quê? Ou por quê? E de quem, ainda eram indagações enevoadas em sua mente, um medo aterrador foi tomando conta de seu corpo, mesmo sem essas respostas, ela apenas sentia que deveria continuar, galhos são quebrados e as folhagens dos arbustos farfalham, isso chama a atenção de seus perseguidores misteriosos que seguem em seus rastros, finalmente ela alcança um descampado, ela hesita por um segundo, sabe que ao cruzar esse caminho será facilmente avistada, mas ela não tem escolha, não pode voltar e essa também é a sua única oportunidade de enxergar ainda que por um breve momento os rostos misteriosos, ao adentrar no descampado ainda está bastante escuro, as nuvens tomaram conta dos céus, escondido mais uma vez a luz da lua, quando já havia cruzado mais da metade do terreno seus perseguidores finalmente se tornam visíveis, ainda com a escuridão ao se virar ela os vê com uma nitidez assombrosa, eram homens com foices, forcados, machados que trajavam roupas simples de camponeses, ao fundo por fim chegam aqueles com tochas que perderam terreno para os mais obstinados e corajosos, por fim eles param quando a avistam, eles parecem furiosos, mas, em simultâneo, cautelosos, ela não entende, não traja nada além de roupas rasgadas, seu corpo é franzino e esta cheia de arranhões, então por que seria uma ameaça para homens armados? Ate que por fim...

Lorna é interrompida bruscamente, tendo sua orelha puxada ao ponto de tirá-la da cadeira, o que a faz tomar um enorme susto e quase largar o livro.

Lorna - Aiaiaai! O que está acontecendo?. - Lorna bate com a sua mão no braço da garota que surgira silenciosamente por trás dela para soltar sua orelha, o que dá certo, ambas estão irritadas - . - O que caralhos está acontecendo? - Ela massageia a própria orelha e lágrimas quase escorrem pelo canto de seus olhos até que ela consegue vê de quem se trata, uma garota que ela conhecera dois dias antes - .

'' Lorna - Aaaa é ela... Persia, a garota que fiz amizade, bem amizade é uma palavra forte, digamos que eu a forcei a intimidade, mas agora estou começando a me arrepender.''

Persia - Novamente está negligenciando os seus afazeres! Lorna - Fiz apenas uma pequena pausa. Persia - O que pensa que está fazendo? Se te pegarem será demitida! Ou pior, castigada, não temos o direito de tocar nos objetos a não ser para limpar!. - Persia toma o livro das mãos de Lorna e a puxa pelo braço - .

Persia - Eu iria limpar esse lugar, mas vejo que terei de dar um jeito em você antes, vamos arrumar algo para você fazer. Lorna - Eu posso te ajudar a limpar a biblioteca! Persia - Algo me diz que você não será confiável nesse lugar. - Elas estão quase na porta e Lorna sente seu braço doer cada vez mais, ela quase tropeça - . Lorna - Vai com calma!! Você quase arrancou a minha orelha! Que retirar o meu braço também?! - Persia a larga -. Persia - Me desculpe, mas o que você estava pensando? Lora - Eu só estava curiosa, só isso. Persia - Mas foi uma surpresa, não imaginei que soubesse ler sendo tão jovem e plebeia. - Persia parece sem jeito ao dizer isso - . Lorna - Não é tão surpreendente quando seus pais são comerciantes, é claro, os meus não são grande coisa, eles têm uma venda que mal dá algumas míseras prata, mas eu aprendi o suficiente. Persia - Compreendo, mas não faça mais isso, dependendo de quem encontrar você aqui, as coisas podem não acabar tão bem.

'' Lorna - Acho que talvez dê para chamar isso de amizade, de um certo ângulo, pelo menos temos alguma relação, o que é mais do que eu possa dizer sobre o resto dos criados que só ignoram uns aos outros e focam em seus afazeres, tudo bem que eu tive de insistir bastante para ela responder, durou quase que um dia inteiro, ela se fez de difícil, mas eu percebi seu temperamento explosivo e por alguma razão deu vontade de provocá-la. ''

Lorna - Tudo bem, me devolva o livro que vou guardar onde encontrei, e verei se precisam de ajuda na cozinha. Persia - Ótimo... - Persia cruza os braços e gagueja para falar - . - E se não for incomodo, pode me ensinar a ler? Lorna - O que eu ganho com isso? - Lorna sorri de um jeito malicioso - . Persia - Sua fedelha gananciosa! Esqueça! Eu não preciso aprender isso de qualquer jeito para trabalhar. Lorna - Calma, não precisa ser tão agressiva, eu te ajudo se você me ajudar. Persia - Com o quê? Lorna - Onde fica a cozinha mesmo? Persia - Você trabalha aqui há semanas e ainda não aprendeu? Lorna - Esse lugar é grande demais. Persia - Tudo bem, mas eu não vou ensinar novamente. Lorna - Espere um segundo.

Lorna pega um pedaço de papel de cima da mesa, assim como o vidro de tinta e pena.

Persia - Quão imprudente alguém pode ser? Pare de pegar essas coisas, devolva rapidamente!!! Lorna - Tudo ficará bem, não se preocupe, eu só preciso disso para desenhar um mapa simples. - Persia franze o cenho enquanto coloca a mão na testa e arfa - . - Você ainda irá se dar muito mal e irá me arrastar junto, vou apenas fingir que não vi nada.

Elas passam o resto da manhã fazendo um tour pelo anexo enquanto Lorna desenhar seu mapa despreocupadamente, elas passam pelos corredores.

'' Lorna - Mesmo já tendo visto isso tantas vezes, não consegui olhar nada com calma como agora, é de fato impressionante o que me faz pensar se de fato estou aqui ou sonhando, parece tudo muito inacreditável e fantástico.''

Pelos inúmeros quartos, sala de música que possui apenas um piano trancado, a sala para os visitantes, escritório, uma segunda sala para tomar chá nos fundos que mais parece uma estufa com paredes de vidro que tem a vista para um pequeno lago o que por um instante tira o ar de Lorna por sua beleza e a faz ter vontade de abrir e a porta dos fundos e ir até lá, elas vão para a lateral do anexo onde deveria ficar o estábulo e, na verdade, está apenas abarrotado de ferramentas, se despedem e Persia corre para a sala de estudos, pois iria limpá-la antes, enquanto Lorna vai para a sala de chá de Lavínia que estava trancada por dentro, ela bate na porta e avisa quem é antes mesmo de alguém dentro responder, a fechadura abre rapidamente e Mia surge apreensiva, Lorna entra, na mesa de chá está Salomé calmante saboreando um chá com biscoitos e lendo um livro, a porta se fecha e é trancada novamente, Lorna se deita em um divã para descanso quando diante de Salomé uma outra figura estava a acompanhando no chá, outra Lorna, Salomé se dirige para aquela deitada no divã.

Salomé - E então, senhorita Lavínia, como foi seu terceiro passeio se passado por Lorna? 

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora