Capítulo 33

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Dentro da cela Cássia estava sentada sobre um caixote terminando de interrogar um dos capatazes que tinha as mãos e pés amarrados. Ela se levanta e faz sinal para um dos cavaleiros de guarda trancar, ela se vira para um de seus cavaleiros e pede que ele reúna um pequeno grupo para tomar a direção indicada pelo homem para eles conseguirem rastrear para onde foram os outros moradores capturados que seguiram por outras direções, Elan se aproxima calmamente ao lado dela.

Elan - Esse foi o último? Cássia - Dos sobreviventes sim. Elan - O que a senhora descobriu? Cássia - O nome do homem por trás disso, não que isso faça lá muita diferença, tendo em vista que estamos em território humano. Elan - Foi algum nobre humano da fronteira? Cássia - Essa é uma das partes surpreendentes, na verdade, não, é um homem que vive praticamente do outro lado do império Drachen. Elan - Mas como ele atravessou o continente com tantos homens sem chamar atenção? Cássia - Talvez tenha chamado, não estamos em Libben, estamos do lado humano da fronteira, esqueceu? Ele pode ter dito que usaria o contingente para exterminar algemas pragas feéricas e teve a passagem facilmente liberada, pode até ter tido voluntários, não que eu ache que ele se referiu a nós como feéricos. Elan - Mas eu achei que o atual imperador humano fosse contra essa caçada contra nós, que estivesse buscando a paz como a nossa rainha Lauriel. Cássia - Isso é o que ele diz, eu não acredito, mas ainda que seja verdade, a muitos humanos com poder, nobres que nos odeiam, e ajudariam qualquer um que quisessem nos exterminar ou escravizar, vamos deixar esse assunto de lado por enquanto, acho que já podemos partir. Elan - Só precisamos esperá-lo acabar. Cássia - Esperar quem? Acabar o quê?

Diante da entrada da mina, Gro estava sego de um de seus olhos, ferido por um corte profundo, havia vários ferimentos por todo o seu corpo, ele estava de pé, ofegante, segurando seu machado com ambas as mãos e sorria animadamente encarado a criatura diante dele, também ferida em vários pontos sob a pelagem, cortes rasos e profundos em ambos, os dois davam voltas se analisando, tomando cuidado e assistidos pelos cavaleiros feéricos que torciam, alguns para a fera que havia ganhado o respeito pelo espetáculo proporcionado, por fim se posicionam e partem para seu derradeiro confronto, avançando em movimentos rápidos e pesados, Gro lança o seu machado na direção da cabeça da fera que já não possuía um de seus chifres, a criatura se esquiva, mas o lançamento era uma distração, um poderoso soco e desferido na mandíbula do animal que apesar de ter recuado uns passos, não parece abalado e ergue sua enorme pata com suas garras expostas, descendo num violento golpe que rasga o ar, Gro não desvia e recebe o ataque, rangendo os dentes de dor tenta não demonstrar, para não perder em força e resistência assim como seu adversário que ruge em resposta, na entrada da mina finalmente saem Cássia seguida de Elan e mais alguns homens.

Elan - Eles haviam me contado, mas eu não imaginei o tamanho do espetáculo e como era tal criatura. - Elan olha para Cássia que parece maravilhada - . Elan - Você sabe que criatura é essa senhora? Eu nunca vi uma igual. Cássia - É um Rei da montanha, há décadas eu não via um.

Ela olha para os olhos da criatura que a encara de volta, o semblante da fera se torna sereno assim como Cássia, os pelos do animal se acalmam, as garras se retraem e a criatura dar as costas para o seu adversário que fica confuso e abismado, por fim corre na direção da floresta sumindo entre as árvores, Gro grita indignado caindo de joelhos e erguendo um de seus braços na direção onde o animal havia ido.

Gro - Volte covarde!!! Aonde pensa que vai!!! - Elan fica confuso, e Cássia vai até Gro - .Cássia - Não atue desta forma, seria uma desonra para um confronto tão espetacular. - Gro se ergue com os ombros caídos, vai até seu machado e o pega indo na direção do acampamento improvisado no meio da floresta, os soldados os seguem e Cássia olha para a direção onde a criatura havia ido, depois anda na direção dos cacos de vidro do frasco quebrado - .Cássia - Você não fez isso por vontade própria, não é? Agora aquilo faz sentido. Elan - A senhora virá conosco? Cássia - Não, eu irei aguardar até vocês estarem preparados e retornarem para orarmos, não tragam os que foram aprisionados, a não ser que eles desejem.

Depois de orarem pelos que foram perdidos, e queimarem até os corpos dos capatazes em uma pilha separada diante da entrada da mina, eles partem, saindo do território humano e voltando para sua terra, as crianças e os outros que foram libertados são colocados em carroças e Cássia lidera a frente com seu cavalo seguido por seus homens.

Balor - Mas é estranho. Andrazia - O que é estranho? Balor - Não tinha ninguém vigiando a fronteira do lado humano, para onde será que foram?. Cássia - Não pense sobre isso, o que ocorre do lado humano, não nos diz respeito, na verdade, eu não me importo. Balor - Direta como sempre. Cássia - Como assim? Balor - Eu jamais defenderia um humano, mas nós nunca tivemos problema com quem quer seja que comande as terras desse lado. Gro - O que está tentando dizer? Que algo aconteceu com esse humano e o homem responsável pela invasão aproveitou? Balor - Ou ele mesmo se livrou da pessoa que comanda esse lado, sendo verdade, que comandava. Cássia - Eu penso diferente, nunca tivemos problemas antes, porque talvez por ele simplesmente nunca tenha se importado em ver as próprias terras, esses nobres humanos possuem muitos territórios, não tente transformar um desses porcos em santos. Balor - Por favor senhora, não diga isso. - Cássia olha sério para o anão, uma pequena tensão se forma e os outros engolem em seco - . Balor - Não ofenda os porcos, são criaturas belíssimas. Gro - Principalmente com um espeto atravessando seu corpo.

Todos caem na gargalhada. Os dias se passam e eles finalmente voltam retornam às terras de Cássia e ao chegarem se deparam com muitas pessoas reconstruindo e até melhorando um dos primeiros vilarejos avistados, Cássia não entende e questiona um dos homens que trabalhava, ele fala que a rainha havia mandado muitas pessoas para ajudarem a reconstruir o que foi perdido, com muitos sendo voluntários, alguns outros nobres feéricos de regiões próximas e distantes vieram em pessoa ajudar colocando a mão na massa e com materiais e mão de obra. Os cavaleiros descem de seus cavalos, Cássia vai de encontro a pessoa responsável, seus homens não pensam duas vezes em começar a ajudar, uma guarda à distância é montada para vigiar o entorno com os homens responsáveis usando roupas comuns para não assustar os moradores e principalmente os que haviam sido libertados, nas carroças a maioria havia descido, os mais velhos queriam ajudar, mas foram praticamente forçados a descansarem, as crianças estavam mais retraídas, algumas ainda com seus olhares perdidos e outras pareciam apenas desconfiadas.

Porém, o ar em volta delas mudam, quando a beirada da carroça, pronta para descer, estava de pé a jovem, decidida e pequena garota de olhos âmbar, fitando o vilarejo, suas memórias vão para a morte de seus pais e de seu amigo falecido, seus olhos marejaram e ela os enxuga, uma lágrima teimosa escorre, mas sua expressão é séria, ela ainda pensa em como Cássia lutou desarmada contra aquele homem que antes ela temia.

Garota - Eu não vou ficar triste, ou parada apenas sentindo medo. - Ela pula da carroça e vai na direção do vilarejo para pegar um dos escombros e ajudar a limpar, um cavaleiro já trajado em roupas comuns ameaça ir até ela para impedi-la, mas é parado por Cássia que olhava a situação de longe - . Cássia - Pensando bem, talvez seja melhor permitir que eles ajudem. - As outras crianças estavam apenas olhando no começo, mas logo muito seguem seu exemplo, até o garotinho tímido de antes que vai para junto dela colocando o trapo em seus ombros e pegando pequenas pedras que estavam bloqueando a estrada - . Cássia - Vejam seus vermes, eles não se entregaram, vocês não venceram.

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora