Capítulo 67

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Salomé estava caminhando calmamente pelo corredor, ela se direcionava para os aposentos da senhorita, havia silêncio no ar, além de um resquício de receio em sua face, seus passos eram lentos, quase hesitantes, quando se encontrava a metros das portas do quarto, no outro corredor ao lado surgia Lorna, com uma expressão ainda mais receosa, às duas se entreolham por alguns segundos, Lorna faz uma reverência singela, Salomé se surpreende um pouco, uma atitude que não condizia com sua personalidade, por fim ela fala.

Salomé - Que grata, e surpreendente surpresa, vê-la acordada tão cedo minha jovem. Lorna - Bem, enquanto Mia estiver indisposta, acho que terei de fazer isso, mas é apenas até que ela retorne. Salomé - Compreendo - Curvando-se para frente e colocando e colocando a mão sobre seu ombro, Lorna ainda estava um pouco tensa, e com um pequeno sorriso em sua face - . Salomé - Até que ela retorne, então. Lorna - Sim... - Lorna parece um pouco mais aliviada, apesar do diz em voz alta, do que deseja, algo, no fundo, de sua mente dizia que isso poderia nunca acontecer, mas as palavras de Salomé para ela, foram uma certeza que não apenas ela acreditava nisso, e se a mulher que ela teme e também admira acredita nisso, porque ela duvidaria?

Já diante do quarto, Salomé dá um passo para o lado e gesticula para Lorna fazer o seu trabalho, ela assente com a cabeça, fica diante da porta, respira fundo, coloca um sorriso no rosto, abre a porta e é surpreendida com a senhorita já acordada, sentada, diante de sua cômoda, que possuía um espelho grande, o banquinho era alto, o suficiente para os pés de Lavínia nem tocarem o chão, penteando o seu cabelo, ela ainda trajava a camisola, ela vira o seu rosto e sorrindo.

Lavínia - Ah, oi Lorna, é uma bela manhã, não acha? - Lorna quase se engasga com as palavras para responder o cumprimento - . Lorna - Sim, senhorita, é um belo dia... - '' Lorna - Ela parece bem, melhor do que eu estava esperando encontrá-la... '', ela se apressa correndo para tomar a escova das mãos da senhorita. - Lorna - Deixe-me fazer isso, senhorita! Lavínia - Tudo bem, como desejar... Aqui está. Lorna - Não, apenas é o meu dever. Lavínia - É que, eu não sabia se Mia viria. - Lavínia fala em um tom quase sussurrante, Lorna não sabe o que responder, suas palavras se embolam novamente, mas Salomé finalmente entra e com uma voz enfática - . Salomé - Ela está apenas indisposta, ela retornará quando estiver se sentindo melhor. Lavínia - Eu vejo... - Lorna sorri de alívio, seus olhos lacrimejam, mas ela limpa o seu rosto para evitar desabar na frente da senhorita, Lavínia, por outro lado, aparenta estar bem, apesar do desânimo em sua voz - . Salomé - Hoje está sendo uma manhã esplêndida. Lavínia - Porque diz isso? Salomé - Primeiro me deparo com Lorna tendo despertado cedo, agora a senhorita. - Lavínia responde quase bufando - . Lavínia - Pois fique sabendo que agora essa será o meu novo normal, acostume-se. - Lorna solta um arfar por segurar a risada - . Salomé - Espero que isso seja verdade, e senhorita Lorna, não quero nenhum tipo de comoção, atenha-se ao seu trabalho esta manhã. Lorna - Vou tentar ser o mais profissional possível, não quero sofrer nenhuma punição. - Lorna rapidamente engoliu suas palavras, percebendo que falou algo que não deveria, um pequeno silêncio se forma, carregado de uma leve tensão que faz o peito de Lorna se apertar um pouco, Lavínia fica em silêncio fitando-a pelo reflexo, depois seus olhos se voltam para o chão, quase melancólicos, Salomé pigarra - . Salomé - Exatamente, pois eu consigo ser ainda mais severa do que já demonstrei. - Olhando para baixo nervosa enquanto passa a escova pelos cabelos da senhorita - . Lorna - Sim, sim, é isso o que quis dizer, por fim Lavínia quebra o seu breve silêncio, tentando esquecer esse breve e tenso acontecimento. Lavínia - E então Salomé, já cuidou do que lhe pedi com relação ao nosso ex cozinheiro? Salomé - Sim, senhorita, eu já consegui transferi-lo para a mansão, sem nenhum problema... a liberdade e autoridade que a baronesa me passou está nos servindo muito bem. Lavínia - Por falar nela, quando verei minha madrasta? Ela não deveria retornar da capital para ver como andam as coisas por aqui? E ver o meu progresso? Salomé - Eu não posso dizer com exatidão, mas deve ser próximo ao inverno, ou após seu início. Lavínia - Então eu tenho mais uma temporada inteira de liberdade? Imagino como estão as coisas na mansão, fazem dias que nem eu ou Lorna vamos até lá. Lorna - Se a senhorita desejar, eu posso ir até lá. Salomé - Você deve ficar, a senhorita precisará do seu auxílio constante, se for muito trabalho peça a Persia para ajudá-la. Lorna - Entendido, após as aulas da manhã da senhorita iniciarem, eu irei imediatamente até ela. Lavínia - Então acho que temos tudo decidido, mas eu prefiro que vá agora Lorna. Lorna - Mas senhorita... Salomé - Apesar de não ser o meu trabalho, posso ajudar a senhorita a se vestir esta manhã. Lavínia - Persia nunca foi uma serva que serviu pessoalmente algum nobre antes, você deve passar a manhã ensinando tudo o que puder, ela não irá se sentir bem se não estiver confiante em suas capacidades, você sabe, a conhece tão bem quanto eu. Lorna - A senhorita tem razão, então se me permitem, irei me retirar - Ela faz uma reverência, Lavínia assente, ela sai correndo como sempre faz, Salomé assume a posição de Lorna e passa a escovar o cabelo da senhorita, aquilo faz Lavínia sorrir um pouco, quase que tristemente - . Lavínia - Vê-la assim, quase me dá a sensação que as coisas estão bem, como de costume. - Salomé arfa profundamente - . Salomé - Se quer um conselho sincero, senhorita, não seja orgulhosa, se deseja dar um fim a essa situação lamentável, apenas vá falar com ela. - Olhando para baixo e apertando os dedos contra o banco - . Lavínia - Não é orgulho Salomé, é vergonha e covardia. Salomé - Senhorita... Lavínia - Não diga nada, eu desejo me vestir sozinha se não se importa. Salomé - Como desejar. - Salomé se curva, depois se retira, Lavínia coloca a mão contra o rosto, a desliza sobre o topo de sua cabeça até apertar seu pescoço com ambas as mãos - . Lavínia - Quando deixarei de ser tão patética? Foi assim com Clara, está sendo assim agora, achei que tinha mudado um pouco, mas continuo uma medrosa com medo de enfrentar situações difíceis. - Seus olhos lacrimejam e ardem, ela os fecha com força.

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora