Capítulo 50

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Salomé está na cozinha sentada utilizando o seu xale em volta do ombro durante mais um crepúsculo enquanto a água ferve, ela está distraída o que para ela não é algo costumeiro, sua mente continua voltando na conversa que teve com Agatha dois dias atrás, se fosse qualquer outra pessoa ela desconfiaria, porém, dentre as pessoas do seu passado Agatha é aquela que nunca havia mentido para ela, ou tentado enganá-la de alguma forma, esse era a categoria de relação que elas possuíam, apesar das rixas, uma rivalidade saudável que fazia com que ambas se esforçassem em sua juventude para provarem quem seria a melhor dentre elas, competição essa que Salomé abandonou anos atrás devido a sua missão secreta, após conhecer alguém que despertou seu interesse, que despertaria o de qualquer um seja quem fosse, se tivesse a conhecido da mesma forma que Salomé, na verdade, ela acreditava que independente da forma que fosse, ainda teria sido um encontro único e memorável. Não importa o quanto indagasse, ela não encontrava nada próximo de uma resposta para as revelações de Agatha, se elas trabalhavam para a mesma pessoa, o que isso significaria? Um homem entra na cozinha e se depara com a água que borbulhava de forma agitada, o vapor subia como uma névoa transparente, a água estava abaixo da quantidade necessária para um bom chá, talvez se demorasse um pouco mais, não haveria líquido algum, ele já conhecia muito bem Salomé e sua rotina, percebendo que ela parecia distante e não querendo interrompê-la em seus devaneios, ele mesmo se propôs a terminar o Chá matinal daquela mulher que funcionava todas as manhãs como os relógios das torres das igrejas, esse homem é Germano o cozinheiro do anexo, uma jovem empregada passa diante da porta aberta da cozinha e se esconde no corredor, no canto da porta para olhar aqueles dois, cada um focado em seu mundinho pessoal, ela passa os olhos por toda a cozinha, a um pouco de melancolia em seu olhar, até que seus olhos se encontram com os de Germano, ela corre e ele não parece estranhar o comportamento da garota, apenas volta a focar em seus afazeres, terminando o chá, ele o põe em uma xícara e vai até Salomé estendo-a de forma sorridente.

Germano - A senhora não estaria atrasada para o seu passeio matinal no jardim? - Salomé toma um pequeno susto voltando a si, ela o olha nos olhos, entendendo aos poucos a situação, o tempo pareceu parar para ela enquanto estava perdida em suas ponderações, ela pega a xícara de sua mão - . Salomé - Muito obrigada, senhor Germano. Germano - Eu já disse que não deveria me chamar assim, Germano está de bom tamanho, não sou mais velho que a senhora e muito menos casado. Salomé - Não conseguiria me referir ao senhor de forma tão casual... - Salomé termina rapidamente de beber o chá, põe a xícara em uma mesinha de madeira e se levanta - . Salomé - ... O senhor tem razão, estou mais que atrasada.

Germano entrega para ela a lamparina que ela costumava usar, ela agradece com um aceno sutil da cabeça e um sorriso singelo, já no jardim melhor cuidado do que da primeira vez que havia caminhado por ali, ela passeava calmamente.

''Salomé - Não adianta focar nisso, é algo que está fora do meu controle de qualquer forma, irei me dedicar nos meus atuais planos para ajudar a senhorita. Meu velho amigo ainda não deu uma resposta sobre a carta que enviei, deve estar ocupado cuidando dos detalhes, a senhorita está focada em seus estudos, Mia e Lorna estão se saindo tão bem quanto a senhorita em sua etiqueta, agora o que eu preciso é ajudar a senhorita a dar um jeito nos outros servos...'' - Salomé olhando detalhadamente o jardim, percebe que ele está em melhor estado - . '' Salomé - Apesar de não entender muito de jardinagem, aquela serva, Persia foi a escolha certa para cuidar deste lugar, o jardineiro contratado não entende muito do serviço, na verdade, ela é uma empregada bem confiável visto que cheguei a dar outras funções a ela e todas foram muito bem administradas, não entendo porque a senhorita e Lorna tem tanto medo dela? Bem isso é só minha impressão pela forma que se referem a ela muitas vezes, talvez gostem e eu esteja interpretando errado, o mesmo vale para aquela que detém o título de empregada-chefe, ela não parece muito interessada no trabalho mesmo essa sendo uma função cobiçada, desde que cheguei não consigo reconhecer aquela mulher como tal, por isso decidi assumir o cargo temporariamente, ela não pareceu se importar, apesar de que muitos a tratam como ainda sendo a que possui o título. ''

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora