Capítulo 68

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Lobélia estava analisando uma salinha separada para ela no interior do anexo, enquanto Lavínia e Salomé estavam de pé paradas na porta aguardando, ela está em uma forma humana, para evitar assustar os outros servos, às duas se encontravam ansiosas, entretanto, Salomé jamais admitiria, a grande verdade era que sua empolgação não vinha apenas da impressão que Lobélia teria do lugar, preparado especialmente por Salomé para ela, Persia havia limpado, mas cada coisinha naquela salinha foi escolhida por ela, organizada por ela, Persia tentou ajuda-la, mas ela insistiu em fazer sozinha, porque diante dela estava uma autêntica amosdiana, isso a fazia se sentir quase jovem novamente, Lobélia observava cada canto do lugar com extremo cuidado, desde a decoração que era simples, até a mobília, a pedido pessoal dela que preferia assim, uma namoradeira no canto, próxima à parede, alguns quadros escolhidos a dedo por Salomé, um divã grande o suficiente para ela, algumas mesinhas com vasos, próximas as paredes em alguns estratégicos para dar um ar de conforte e elegância, uma bancada e por fim, dois armários altos com portas duplas de vidro, um para guardar seus documentos e livros, outro para seus frascos, os utensílios usados em sua pesquisa seriam guardados nas gavetas das bancadas, o lugar era relativamente grande para a opinião da maioria das pessoas, plebeias, por assim dizer, os nobres em sua maioria teriam um parecer diferente, Lavínia e Salomé procuraram pela menor sala do anexo, Lobélia não era uma mulher de luxos, preferia a simplicidade, uma sala onde pudesse trabalhar e dormir, um canteiro para plantar algumas mudas, para ela, era mais que suficiente, ninguém sabia por quanto tempo seria sua estadia, mas a presença dela era um bálsamo, Lavínia necessitava de alguém que pudesse ajudar com questões médicas, tanto para casos futuros quanto para ajudar Natali, se Lobélia se mostrasse útil Lavínia pretendia oferecer uma vaga permanente, ela não poderia oferecer pagamento, na verdade, não sabia o motivo de Lobélia ter aceitado tão facilmente ir até aquele lugar, ajudar uma rejeitada pela própria família, que benefícios tiraria disso? Segundo Salomé, o conteúdo da carta de sua conhecida era desconhecido até para ela, entretanto, independente do motivo, ela não poderia exigir explicações devido a sua situação atual, mas pelo simples fato de poder oferecer um espaço para que Lobélia pudesse dar continuidade às suas pesquisas parecia ser um ótimo primeiro passo, segundo Mia, aparentemente os moradores da região onde ela vivia, apesar de serem gratos pela ajuda que ela prestava, não eram muito favoráveis a suas pesquisas, muitas vezes, por suas consequências desastrosas.

Lavínia sente algo roçando em sua perna por dentro do vestido, aquilo a assustou, ela dá um grande sobressalto e um grito, chamando a atenção de suas duas companhias que se espantam, até que avista um gato, que a encarava com um certo julgamento, enquanto Salomé e Lobélia se seguravam para não ri, pigarreando para tentar manter a postura, ela o olha mais atentamente, sua pelagem era de um cinza-escuro, quase preto, ela olha ao redor no corredor para verificar se alguma janela se encontrava aberta, porém não estavam, depois olha para Salomé que parece receber o animal com uma certa causalidade, nenhuma reação negativa, Lavínia fica atordoada com tal comportamento vindo da mulher que não prega nada além da perfeição, em uma situação assim ela imaginou que Salomé surtaria, um animal muito provavelmente de rua acabara de entrar, e ela não reagiu, talvez gostasse de gatos imaginou Lavínia por alguns segundos, Lavínia então se agacha, e afaga o animal que corresponde ao carinho, ela percebe que o animal possuía olhos verde-esmeralda e uma mecha de seus pelos do topo da cabeça, um pouco acima da testa, é de um cinza mais claro, Lobélia encara o bichano quase sem nenhuma expressão.

Lobélia - Então, é aí que você estava? Lavínia - Ele é seu? Salomé porque não me contou que ela tinha um bichinho? - Salomé não responde, apenas fitava o interior da salinha, ainda aguardando alguma palavra de Lobélia - . Lobélia - Temporariamente sim, espero que não se importe. Salomé - Perdão senhorita, erro meu, espero que o permita ficar. Lavínia - É claro que sim, temos dois hóspedes então, eu amo gatos, cães, cavalos, pensando bem... não sei se tem algum animal que desgoste. Salomé - Que bom saber desta informação... Lobélia - Na verdade, são duas hóspedes. Lavínia - Então é Ela? Como se chama? Lobélia - É uma boa pergunta, eu não sei, minha... - Lobélia parece um pouco perdida, pensando em como continuar a frase - . Lobélia - Amiga? Salomé - Amiga? - Salomé repete em um tom quase acusatório e duvidoso - . Lobélia - Sim! Amiga, me pediu para cuidar dela, acho que teremos de conseguir um nome provisório, já que ela não me disse. Salomé - Um nome? - Salomé parece pensar de forma maliciosa, enquanto Lavínia retira um laço e coloca no pescoço da gata que parece não se incomodar - . Lavínia - A senhora parece ter tido uma ideia. Salomé - Pensei em um apropriado... Agatha. - Lobélia ri, Lavínia fica confusa - . Lavínia - Eu perdi algo? Salomé - Não é nada importante, senhorita. Lobélia - É um nome perfeito. Salomé - Sem dúvidas... - Lavínia continua confusa, mas decide deixar para lá, a uma estranha camaradagem no ar entre elas que parece curiosa e divertida, mas ela sente que não deve se intrometer, deixando o assunto atual de lado - . Lavínia - O que achou, senhor- Digo! Doutora. Salomé - Exatamente, a senhorita gostou? Lobélia - Senhorita? Eu realmente gostaria de ser chamada apenas de doutora, ou por meu nome. Salomé - Entenda que por questões de costumes pessoais, é um pouco difícil para mim ser tão casual com alguém a quem deve respeito. Lobélia - Respeito? Por mim, mas por quê? Salomé - Temos uma conhecida em comum, como sabe, ela me falou muito bem da senhorita, de seus interesses, sua formação e conhecimento, como uma colega que já estudou magia, mas que alcançou uma colocação de prestígio e até de honra na torre, não consigo ser tão casual, pelo contrário, só consigo admirá-la. Lobélia - Acho que compreendo o quer dizer, apesar de que me sinto constrangida, devido a sua idade e pelos motivos expressados, permitirei que me chame desta forma. - Ela olhou para Lavínia que havia se erguido ficando ereta, tão dura quanto Salomé, Agatha havia corrido e estava brincando com a barra de um tapete - . Lobélia - Por favor, vocês duas, se continuarem assim, eu que acabarei ficando acanhada. Lavínia - Perdão, tentarei relaxar. Salomé - É melhor eu me retirar, para deixá-la mais à vontade, e para que eu mesma possa me acalmar, enquanto estiver dentro desta sala pode usar sua verdadeira forma. Lobélia - Isso é reconfortante de escutar. - Salomé faz uma reverência e se retira, Lavínia não segura o riso e quando Salomé se retira acaba soltando, enquanto que ao redor do corpo de Lobélia uma sombra negra com um brilho carmesim o encobre, e ela volta a sua forma impressionado Lavínia, a deixando encantada - . Lobélia - Ela é interessante, não é mesmo? Lavínia - De fato, mas a doutora também é, do seu próprio modo. Lobélia - Se você acha, aliás, espero não incomodá-la de chamá-la dessa forma. Lavínia - Eu não me incomodo de modo algum. Lobélia - Se me permite a ousadia, acho que deveríamos nos sentar. - Às duas vão até à namoradeira - . Lobélia - Mia e a senhora Salomé me explicaram a situação por alto, mas eu gostaria de rever os detalhes com você, Lavínia, se possível. Lavínia - É claro, eu explico em detalhes... Apesar de que não sei se devo mesmo fazer isso. Lobélia - Entendo o quer dizer, não precisa entrar nos detalhes que eu mesma possa descobrir com a paciente, apenas relate o que viu, percebeu e, porque acha que posso ajudar? Lavínia - Pois bem... - Lavínia faz como lhe foi pedido, alguns momentos depois - . Lobélia - Agora eu compreendo a situação melhor, confesso que fiquei confusa ao chegar quando uma jovem empregada, de nome Lorna veio ao meu encontro, bem empolgada, sua explicação foi um pouco complicada de entender. - Lobélia rir um pouco, quase vergonhosamente - . Lobélia - Principalmente levando em conta que ela ficava entrando em outros assuntos, eu não entendi exatamente quem seria Persia, porque eu deveria tomar cuidado com ela, mas, em simultâneo, me gabar quando possível? Ou Rosália e, porque eu deveria ficar de olho nela? E tomá-la como um exemplo a ser seguido? Fora que essa tal Rosália, aparentemente teria alguma estranha relação com Mia, uma empolgante, se compreendi corretamente. - Lavínia toca o cenho o apertando com a ponta dos dedos, arfando - . Lavínia - Você irá conhecê-las em algum momento, quanto às observações de Lorna, as ignore completamente.

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora