Capítulo 42

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O ar parece menos pesado, o Conde está de pé colocando uma das bebidas de sua adega pessoal do escritório em seu copo, enquanto Cássia o ignora, o Conde se senta novamente, olha nos olhos de Cássia.

Conde - O que Cornélia contou a você? Cássia - Impressionante, sabe até sobre isso. Conde - O braço direito de Estevam, Elias é um homem de muitos talentos. Cássia - Ele consegue apagar a própria presença? Conde - Então está me dizendo que consegue sentir de forma tão precisa a mana? Cássia - Não tão bem assim, não é uma habilidade fácil de dominar. Conde - Eu conheço a pessoa certa para ajudá-la. Cássia - O Conde é de fato um homem generoso pelo que vejo. Conde - Não é generosidade, apenas sinto que devo fazer isso. Cássia - Acho que é perda de tempo esconder qualquer coisa no fim das contas.

No dia anterior, Cássia estava em meio aos moradores, seus antigos companheiros e amigos, os tendo reencontrado, todos estavam sentados em uma roda, alguns de pé, outros sentados no chão de barro ou na grama, em caixotes, cadeiras ou banquinhos, as crianças brincavam ao fundo. Cássia estava sentada em uma cadeira de madeira cedida a ela enquanto escutava os moradores falarem sobre suas vidas naquele lugar. Eles explicaram sobre como Tussen funcionava agora, aparentemente Tussen foi divida em regiões especializadas em diferentes funções e áreas, desde pesca, a colheita externas de madeira e caça, haviam as plantações de árvores frutíferas, legumes, vegetais e principalmente plantas medicinais, cada região tinha um líder responsável por repassar o progresso e o que precisavam em um encontro semanal, ministrado por um homem chamado Petras. Em um primeiro momento ela por mais que desejasse saber sobre os detalhes do que eles passaram, sabia que não eram memórias que nenhum deles gostaria de reviver, então decidiu esperar até eles darem o primeiro passo. Por fim a conversa que de fato importava iria se iniciar.

Cornélia - Apesar de achar que podemos ser punidos, minha lealdade vem com a senhora em primeiro lugar.

Cássia ficou perturbada com a afirmação, e ansiosa com as próximas palavras que sairiam dos lábios de Cornélia.

Cornélia - Nós viemos para esse lugar a mais de dois anos, após sermos libertados, com o intuito de sermos interrogados, os cavaleiros humanos queriam saber tudo o que havíamos passado, com o passar dos dias e com interrogatórios corriqueiros começamos a enlouquecer pelas lembranças, a fim de nos distrairmos fomos convencidos a ajudar na mudança de local do vilarejo para escondê-lo com magia que confundiria qualquer um que se aproximasse, a menos que fosse guiado por um dos cavaleiros ou moradores, de outra forma qualquer um pode acabar andando em círculos por dias, até que quando estava tudo esclarecido e parecia que poderíamos ir embora, nos deparamos com um novo fator. Cássia - Que fator? Cornélia - Nós nos tornamos uma ameaça não apenas para os que haviam escapado de serem subjugados pelos cavaleiros imperiais, mas para os nobres que haviam ajudado em segredo, em alguns dos lugares que ficamos aprisionados, muitos destes nobres visitavam, nós não nos lembramos de seus nomes, mas nunca que vou esquecer aqueles rostos. Cássia - Isso não seria resolvido com vocês atravessando a fronteira e voltando a viver em Argos, o mais distante possível da fronteira? Cornélia - Por mais que isso pareça com uma solução plausível e que seria simples e resolveria a situação, não adiantaria, por mais que eu odeio admitir, não são apenas os humanos que são podres assim, a senhora sabe que durante as guerras, principalmente a última que ocorreu a sete anos atrás, muitos feéricos foram capturados, alguns se entregaram após longas batalhas e por ficarem em menor número sem seus comandantes, apenas soldados rasos esperando a morte, e tiveram os que traíram seus camaradas pela sobrevivência, não seria surpresa se existissem espiões do nosso lado trabalhando para esses monstros. - Cássia cerra seus punhos, por mais que ela odeie admitir, essa é uma verdade incontestável - . Cássia - Então, o que devo fazer? Desistir de vocês? Cornélia - Por mais que me doa aceitar, estamos seguros por enquanto, os outros moradores não sabem de onde viemos ou pelo que passamos, o Conde acredita que é o melhor, eu sonho com nossa terra natal, apresentá-la ao meu filho é o que mais quero, porém, isso irá demorar a acontecer, pelo menos até que seja seguro.

Voltando ao escritório do Conde.

Conde - Ela contou praticamente tudo então. Cássia - O senhor não age muito como um Conde. Conde - Nem você como uma Baronesa, acho que somos meio parecidos, mais militares que qualquer outra coisa. Cássia - Não me compare a você. Conde - Perdão por ofendê-la. Cássia - Então como resolveremos isso? Conde - Não entendi. Cássia - Sem enrolação, achei que já tinha deixado claro, o que preciso fazer para capturar esses vermes e conseguir tirar meu povo desse lugar? Conde - Uma mulher de ação, não vou mentir, eu prefiro assim, mas não isso que quero de você. Cássia - Está me dizendo o que, que fui atraída até aqui? Conde - Eu diria mais que é uma providência divina, destino se preferir, mas antes disso estou muito curioso com uma coisa, intrigado, na verdade. Cássia - O que seria? Conde - Não é muito perigoso andar por aí com uma jovenzinha tão especial quanto ela? Cássia - O que quer dizer? Conde - Por favor, não tente me enganar, ela é de um tipo bem incomum de elfo. Cássia - Ela é apenas uma mestiça de elfo negro com elfo da floresta, pelo menos é o que eu sei pelas características que ela deu de seus pais. Conde - Seria mais crível se você mentisse que um dos pais da garota é humano pelas orelhas dela, são bem pequenas para um elfo. Cássia - Eu já disse, ela é apenas uma mestiça. Conde - Cornélia não lhe contou tudo, não é? Cássia - O que ela não teria me contado? Conde - Os nobres que foram até a região onde ela estava aprisionada, estavam em busca de um tipo bem específico de feérico, algo mítico, conhecidos como filhos das estrelas, amados pelo sol e a lua. Cássia - Eu já disse e não vou repetir, ela é apenas uma mestiça entre raças de elfos, não vamos mais tocar nesse assunto.

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora