Capítulo 52

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Uma pequena garota maltrapilha estava acuada de baixo de uma mesa velha em uma casa escura caindo aos pedaços, enquanto um homem grande e forte cambaleando enquanto quebrava tudo gritava, uma mulher tentava segurá-lo com toda a sua força dizendo que ele assustaria a pequena Natali, ele responde que até uma sombra assustava aquela inútil, que ele deveria vendê-la, ganharia mais desta forma, até troca-lá por um punhado de pão seria um negócio melhor do que tê-la por perto, a mulher fala que nunca permitirá que isso aconteça, até que ele a empurra e ela bate com força no chão, ele sobe em cima dela e continua a agredi-la, com tapas seguidos, enquanto isso a menina assiste aquela cena horrível sem conseguir se mexer ou respirar corretamente, sua visão parece turva, seu coração acelera mais, o homem se levanta cambaleando e saia novamente sem previsão para voltar, sua mãe estava machucada em várias partes, alguns hematomas e cicatrizes antigas, mas tendo como prioridade a filha, ela se ergue e vai até ela engatinhando, entra debaixo da mesa e fica ao lado dela, como um ritual diário, ela coloca uma das palmas de suas mãos nas costas da menina, enquanto a abraça com a outra, e fala para ela se lembrar de respirar e encher a barriga com bastante ar, a menina o faz no ritmo das batidas dos toques dos dedos da mãe em suas costas, enquanto a mãe canta uma música, quando finalmente a menina havia se acalmado ela, começa a chorar segundos depois, pedindo para elas irem embora daquele lugar, a mulher não sabe o que responder, ela em seu íntimo quer isso mais do que qualquer coisa, porém ela já havia tentando anos antes de Natali nascer, mas sem dinheiro ou família, não conseguiu ir muito longe, foi rapidamente encontrada por ele e arrastada de volta, agora, com uma criança, seria impossível, aquele lugar infelizmente com toda infelicidade existente, provia teto e comida para sua amada filha, mas olhando nos olhos da garota ela fala que um dia, quando ela for mais velha, com toda certeza irão embora daquele inferno.

Anos depois, uma Natali mais jovem caminha a beira de uma estrada de terra seca, ao lado pastos de grama ressecada, ela está segurando suas trouxas com dificuldade, amassadas em um grande lençol velho e encardido, suas vestes não estão em um estado muito melhor, seu olhar é decidido apesar de rastros de lágrimas sobre a poeira de seu rosto denunciar seu sofrimento momentos antes. Adiante em uma direção contrária a que ela segue, uma carroça surge com um casal de idosos, na traseira uma menina aparentando ter a mesma idade balança as suas pernas fitando o horizonte.

Edmundo - É a filha do Oliver que vem à beira da estrada? Berta - Deve está indo lavar as roupas no rio. - A garota na traseira da carroça vira seu rosto rapidamente - . Clear - Vovô, vovó eu vou ajudar a Natali! - Ela pula da carroça antes da resposta do casal - . Berta - Tudo bem, querida, não venham para casa muito tarde! Clear - Sim senhora!

Clear para ao lado de Natali que dá um leve sorriso ao vê-la. Sua mente volta o mais longe que consegue em suas memórias, as poucas ocasiões que foi feliz, eram quando seu pai sai para trabalhar ou gastar o pouco que juntavam com bebida, ela ficava sozinha com sua mãe, que após arrumar a casa da bagunça que ficava após as brigas, saia mesmo machucada sem vergonha de seus ferimentos, pois todos sabiam o que acontecia, não era incomum mulher alguma sofrer coisas parecidas, mas poucas eram tão corajosas quanto a mãe de Natali que muitas vezes revidava, ela deixava a filha brincar com a neta de um casal de idosos gentis, enquanto lavava as roupas no rio, ou colhia em uma pequena horta próxima, até onde se lembra Clear sempre foi sua amiga, seja subindo em árvores, catando pedras na beira do rio, ou vendo as estrelas escondidas a noite, ou até passando a noite na casa de Clear nas poucas vezes que seu pai sumia por alguns dias.

Clear - Quer ajuda para carregar? - Clear fala sorridente - . Natali - Não precisa... Clear - Quer falar sobre isso? - Clear aponta para o rosto de Natali - . Natali - Eu preciso mesmo? - Natali arfa - . Clear - Não, o motivo é sempre o mesmo... Eu não sei como você suporta, eu já teria fugido. - Ela diz decidida, Natali para repentinamente e olha para o lado, para o rosto de sua amiga - . Natali - É exatamente o que estou fazendo. - Clear parece confusa, rir de nervoso - . Clear - Você sempre diz que vai fazer, mas nunca faz... - Natali volta a andar apressadamente e com passos firmes, Clear corre para acompanhá-la e continuar ao seu lado. Natali - As coisas mudaram. Clear - O que mudou? Natali - Você também sabe essa resposta. - Clear olha para os seus pés evitando o rosto de Natali - . Clear - Piorou tanto assim desde que a tia morreu?

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora