Capítulo 47

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Cássia estar dormindo relaxadamente em sua cama, a única fonte de luz é uma lamparina no canto do quarto, ao lado de sua cama está a de Rassvet que dorme tão tranquilamente enquanto divide a cama com Snel, no quarto ao lado está Cornélia com seu marido e filho dormindo na mesma cama de casal enorme, a casa possui dois andares, no de cima estão os quartos separados por um corredor estreito e mais dois cômodos, no fim do corredor está uma escadaria em espiral que leva ao andar de baixo, que possui três cômodos, a sala a cozinha e um pequeno galpão nos fundos, na porta da frente a uma pequena escada com três degraus de pedra, uma pequena horta e canteiros para flores, as casas ao lado possuem um tamanho parecido, indicado que podem ser iguais por dentro. Cássia abre os olhos em um rompante, como se algo a compelisse a se levantar, ela se ergueu vagarosamente se espreguiçando, esticando bem os braços e encara a cena de Sne e Rassvet dormindo abraçadas.

'' Cássia - É sério, vocês se amam ou se odeiam? ''

Ela se troca e vai até à sala, por entre as frestas das janelas e porta ela percebe que ainda é madrugada.

'' Cássia - Aparentemente eu dormi mais que o normal hoje. ''

Ao abrir a porta para sair, ela se depara com uma figura assustadoramente grande erguendo os seus braços na direção da porta, ela toma uma postura de ataque instintivamente e pula com toda a sua força para frente derrubando quem quer que seja ao agarrá-lo pela cintura, depois se posiciona segurando um de seus enormes braços peludos, tentando imobilizá-lo.

'' Cássia - Espera?! Uma figura enorme e peluda?''

Cássia - Petras?! - O ser estranho ergue seu rosto se revelando de fato Petras que tem uma expressão de dor, Cássia o larga imediatamente e o ajuda a se levantar, ela tenta esconder o seu rosto vermelho de vergonha - . Cássia - Perdão, não percebi que era você. Petras - Tudo bem, eu não senti quase nada. - Ele fica apoiado em uma única perna enquanto tenta se levantar e recuperar o fôlego - . Cássia - Não está parecendo isso. Petras - Esqueça, de qualquer forma eu vim por um bom motivo. Cássia - Batendo a essa hora na casa de alguém, ou melhor tentando, espero que seja mesmo. Petras - Tenho um recado urgente do Conde, precisaremos nos apressar na nossa retirada. Cássia - Mas por quê? Petras - Eu não sei se aqui é um bom lugar para conversarmos, vamos entrar e ir para os fundos, no galpão. Cássia - Tudo bem, mas deixe-me ajudá-lo. - Ela o apoia e ele anda com dificuldade - . Petras - Eu consigo ir sozinho. Cássia - Eu sei, mas vou fingir ajudá-lo para enganar qualquer um que esteja nos vigiando escondido. Petras - De fato é uma grande ideia, esperta como sempre.

Quando por fim os dois estão no galpão e Cássia já havia verificado os arredores da casa e os que estavam dormindo, eles por fim podem conversar.

Cássia - Me explique exatamente o porquê precisamos nos apressar? Petras - Eu não entendi exatamente, só sei que segundo o Conde, ele não poderá mais nos ajudar, ao que parece ele está com problemas. Cássia - Acho que não poderei ser discreta como de costume, irei falar com Elias. Petras - Para falar a verdade, ele já se encontra a beira do riacho de pedras, está esperando você para levá-la ao encontro do Conde através do rio subterrâneo. Cássia - Ótimo! O que estamos esperando? Petras - Só me dê mais alguns segundos, para eu colocá-la no saco de batatas. Cássia - Eu não preciso disso! Petras - A você normal não, mas no estado desesperado que esta consegue ser discreta? Cássia - Vamos descobrir... - Cássia sai da casa como o vento, literalmente ela está usando uma magia estranha de aprimoramento em seus pés que a lança como uma flecha, um vulto cortante passa por sobre as casas, pela mureta, então por fim cortando os galhos das copas das árvores, Elias escuta um zunido forte vindo da mata, ele estreita os olhos tentando identificar, depois fecha os olhos e se concentra em sua magia - . Elias - Cássia? - Um barulho forte, como um estrondo vindo de suas costas faz com que ele se vire e aviste Cássia com um dos pés fincado em uma árvore, ela o puxa com bastante força e a árvore começa a tombar - . Cássia - Preciso aprender como parar... Elias - Bem, você tem uma entrada marcante, não posso negar... Agora vamos, o Conde nos aguarda.

Enquanto estavam no barco, cada um remando de um lado, Elias estava no assento da frente.

Elias - Você progrediu bastante no uso de suas habilidades mágicas. Cássia - Aquela magia que você viu eu já sabia, mas nunca foi tão forte como agora, tudo graças a você. Elias - Não tire o seu próprio mérito, antes de conhecê-la acreditava que todos os feéricos tinham um domínio preciso sobre a mana. Cássia - Bem, você não está errado... quando eu era mais nova, conseguia sentir a mana no ar, praticamente eu podia tocá-la, eu a enxergava, tinha muitas cores e formas, porém quanto mais velha eu ficava, mais eu me afastava desse meu lado e focava mais nas guerras, eu perdi a minha conexão. Elias - Conexão? Cássia - Eu não sei no que vocês humanos acreditam sobre a mana, mas para nós a mana é viva, claro eu não sou do tipo que acredita fielmente nisso, no lado místico de tudo, eu sei que magia é algo que precisa ser praticado, para ser dominado. Elias - Mas... Cássia - Mas quando eu precisava de consolo, a mana me cobria, praticamente me preenchia e eu sentia um calor forte, quase como um abraço, quando eu estava cansada eu conseguia relaxar graças a ela e para mim era algo natural, eu acreditava que era por ser um elfo então a sentia em abundância comparada a outras raças, o dia que eu perdi minha conexão foi o dia eu que eu matei pela primeira vez, não que eu tenha notado na época, estava tudo um caos, lutas por todos os lados, o cheiro de sangue que impregnava o meu nariz misturado com o metal enferrujado, eu podia sentir o gosto misturado com a sujeira e a ferrugem, quando eu tentei usar magia para me defender em determinado momento quase não consegui de tão cansada, eu achei estranho na hora, mas pela situação, parecia ser apenas cansaço, mas quando finalmente pude não era igual, eu senti que fui abandonada por um tempo, depois me convenci de que eu apenas não estava praticando corretamente, acreditei nisso até agora, até encontrá-lo. Elias - Eu? Cássia - Graças a você o nível da minha magia se equipara ao meu eu mais jovem, não em tudo, mas alguns estão no mesmo nível ou até melhores, mas aquela conexão que eu tinha com a mana, com o mundo, ela não voltou e eu sinto que não vai, que depois do caminho em que eu trilhei não sou mais merecedora. Elias - Eu não sei o que dizer a você. Cássia - Não precisa dizer nada. Elias - Por que se abriu comigo? Cássia - Eu não sei, talvez esse seu jeito manso ou essa sua língua solta tenham me contagiado.

Eles estão saindo do barco no píer secreto do Conde e Margarete os aguarda com uma lamparina para guiá-los. Da primeira vez que Cássia veio pela parte contrária deste caminho não havia percebido, mas depois de algumas visitas ao olhar para os lados enquanto subia ou descia as escadas, havia visto muitas passagens e caminhos, tomando alguns destes caminhos, ela imaginou que a maioria não deveria levar a lugar nenhum existindo apenas para confundir quem tentasse invadir ao descobrir a passagem secreta ou o píer, ela cogitou também a possibilidade de Margarete ser talvez a única que de fato conheça o caminho, Cássia tentou decorá-lo algumas vezes, sempre que tinha uma chance ao ser chamada pelo Conde, mas ao fazer isso sua mente ficava enevoada e ela rapidamente se esquecia da bifurcação anterior, se havia subido ou descido, ela tinha a impressão que estava apenas subindo todo esse tempo ou descendo quando ia embora por um único caminho, mas quando tentava confirmar sua mente se confundia, confirmando a existência de algum tipo de magia que impedia qualquer um, exceto muito provavelmente Margarete de decorar, ela estava certa que Margarete era muito mais importante do que aparentava, ou apenas o Conde confiava muito nela, elas sempre conversavam durante esse trajeto, mas desta vez havia um silêncio ensurdecedor. Finalmente eles chegam ao seu destino.

Elias - Eu me despeço aqui. Cássia - Não participará da reunião? Elias - Meu dever era apenas acompanhá-la, preciso retornar para o comandante Estevam, as coisas não estão fáceis para ele também. Cássia - Para nenhum de nós pelo visto.

Cássia chega junto de Margarete em frente ao escritório que está guarnecido por Sandoval, às duas se despedem, Sandoval abre a porta sem anunciá-la em um gesto quase fúnebre, o silêncio toma conta do lugar e o Conde está novamente de pé, encarando o horizonte pela janela, Cássia anda até diante da mesa, mas antes que possa falar.

Conde - Eu ainda não me acostumei com essa visão, por mais que eu a encare, ainda me surpreendo como se fosse a primeira vez, vou sentir falta. Cássia - Do que está falando? Vai viajar? Conde - Infelizmente não a lazer. - O corpo de Cássia trava, ela sente um gosto ruim na boca, engole em seco - . Cássia - Do que diabos você está falando?

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora