Capítulo 61

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Rosália encarava a senhorita de braços cruzados enquanto aguardava uma resposta, Salomé, por outro lado, estava calma como de costume, Lavínia parecia tensa, até que arfa, olhando para os cantos, Rosália franzindo o cenho, com indignação expressa.

Rosália - Não me diga que permitirá que ele saia impune? - Lavínia não a encara nos olhos - . Rosália - Não acredito que depois de tudo o que ele fez, da maneira arrogante que agiu, nada irá acontecer com ele? - Lavínia praticamente bufando responde - . Lavínia - Diga-me! Prefere que eu o puna e não dê a ele o prêmio que ele exigiu, certo? Rosália - Mas isso não é óbvio? Lavínia - Sim, eu confesso que preferiria não ter me curvado, mas eu entendo a mágoa que ele carrega e de onde vem, é culpa minha, além do mais, a presença dele aqui tornaria o ambiente insuportável, então é melhor que vá de uma vez! Isso não seria algo bom? Rosália - Primeiro, de fato a senhorita nunca foi fácil, mas no fim das contas era só uma criança mimada e nojenta da nobreza como qualquer outra. - '' Lavínia - Quanta sinceridade, ela não tem medo mesmo de perder o pescoço... '' - . Rosália - Acredite, a senhorita não foi a única a agredir os seus servos, fisicamente, verbalmente ou de qualquer outra maneira, nem será a última, a maioria tende a piorar com o tempo, porém pelo visto, os boatos sobre a sua mudança são verdadeiros, além do mais nós tínhamos permissão de puni-la não se não está lembrada caso saísse das proximidades do anexo, arrastá-la de volta se fosse preciso caso fosse longe demais... - '' Lavínia - Disso eu não sabia, agora entendo mais a reação de Mia quando falei em sair '' - . Rosália - Por tanto, o comportamento dele, ainda que proveniente de ressentimento não é justificável ou perdoável, o mundo sempre foi assim, pessoas que estão acima pisarão nos de baixo, os que estão nos alicerces estão fadados a aceitar, se irritar tudo bem, agora as leis deste mundo não permitem tais comportamentos rebeldes. Lavínia - É uma visão bem radical e desagradavelmente realista, vinda de você. Rosália - Eu aceitei parcialmente o meu destino como plebeia, claro que nem por isso vou aceitar de cabeça baixa, muito menos respeitar alguém que está acima de mim que não mereça. Salomé - Isso soa meio contraditório ao que disse anteriormente, confesse, você não passa de uma garota agressiva e prepotente. Rosália - Calada! Sua velha! Salomé - Minha afirmação acaba de ser confirmada. Rosália - Segundo! - '' Lavínia - Tudo aquilo foi o primeiro? '' - . Rosália - O melhor seria demiti-lo, ele sair desta casa é o mínimo, porém permitir que ele consiga ser admitido na mansão principal? Dar a ele o que quer? Onde está a cabeça? Lavínia - Não se preocupe, ele irá pagar, eu já sei o que farei, apenas espere, ele terá uma punição, mesmo em sua vitória. Rosália - Estou ansiosa por isso, estou me retirando. Lavínia - Aonde vai? Não irá ver Natali? Rosália - Já passou da hora do meu cochilo, preciso repor. - Lavínia dá uma pequena risada diante da declaração ousada, ainda mais dita de forma tão casual, enquanto Rosália se retira '' Lavínia - Ela é divertida e inflexível... infelizmente, estou começando a gostar '' - . Salomé - Ainda darei um jeito nessa garota, senhorita... não se preocupe. Lavínia - Não esquente a sua cabeça, eu diria que ela tem o seu próprio charme. Salomé - Esquentar? É, bem, eu, ah por favor, senhorita, não incentive esse tipo de comportamento, lembre-se do seu objetivo.

Diante da porta de um dos aposentos das empregadas, Rosália aguardava após escutar uma voz que a fez parar, imaginando se deveria entrar ou não, ela se recostou na parede próxima à porta, colocando as mãos no rosto nervosamente tentando acalmar os seus pensamentos, enquanto isso dentro se encontravam Mia que ampara a cabeça de Natali que vomitava em uma jarra de barro velha, Natali vira o seu rosto tentando não encarar Mia envergonhada, mesmo querendo continuar ao seu lado devido à situação, compreendendo os sentimentos de Natali, Mia se ergue um pouco sem jeito. - Mia - Irei me retirar para encher uma jarra de água no caso de você precisar. - Mia tenta forçar um sorriso ao falar, Natali não responde continuando cabisbaixa, ajoelhada no chão diante da jarra, Mia se retira por fim, ao sair é tomada de surpresa ao encontrar Rosália que estava prestes a ir embora, muito provavelmente por escutar os seus passos. - Mia - Chefe Rosália? Você estava esperando aqui há muito tempo? Precisa de algo? - Rosália não responde, Mia olha para dentro do quarto, imaginando ter compreendido a situação - . Mia - Ela ficará bem... - De costas para Mia com uma das mãos massageando sua nuca - . Rosália - Não me recordo de ter demonstrando preocupação? - Mia se encaminha calmante para seu lado, Rosália vira o rosto para não encarar e Mia percebe um leve rubor no rosto de Rosália - . Mia - É mesmo? Acho que só queria falar em voz alta para convencer a mim mesma, não preste atenção nas minhas tolices. Rosália - Para mim, é impossível não prestar atenção no que diz... - Ela sussurra se virando para enfim fitar os olhos de Mia, que como todas às vezes, sempre que os encarava, pareciam brilhar como joias, fazia Rosália sentir que se perderia se continuasse a olhar, mas isso não parecia ser um destino tão ruim, às duas passam a andar lado a lado na direção do refeitório - . Mia - Eu não compreendi, falou comigo? Rosália - Apenas perguntei se não conhecia um bom lugar para descansar? Mia - Pergunta difícil, nunca procurei por um lugar assim, apesar de já tentar me esconder de uma certa serva irritante, mas ela sempre me acha. Rosália - Eu conheço uma que é assim, então entendo a sua dor. - Mia abre um sorriso tentando segurar a risada, Rosália ao perceber faz o mesmo, por fim gargalham por um tempinho, com Mia tentando se segurar, mas a energia de Rosália deixa isso um pouco difícil de fazer, após se controlar, Rosália pigarra e encara Mia serenamente - . Rosália - Você parecia bem preocupada com ela, com Natali eu quero dizer, mas nem se conhecem direito. - Mia faz uma expressão confusa diante das palavras de Rosália - . Mia - É necessário proximidade para ajudar alguém que precisa? Rosália - Para a maioria das pessoas? Sim. - Rosália responde com certo desdém - . Mia - Não somos a maioria então. Rosália - Está me incluindo? Porquê? Mia - Não sei, porque será que estou? - Mia encara Rosália com um sorriso de orelha a orelha deixando suas covinhas bem marcadas - . Mia - Acho que é porque gosto da sua presença. - Rosália instintivamente vira o seu rosto para frente apertando o seu peito - . Rosália - Você deveria medir mais as palavras... não sabe o quanto elas podem abalar alguém, especialmente a mim. Mia - Sempre que nos falamos é um mistério para mim, desvendar a metade das coisas que diz. Rosália - Sempre que nos falamos para mim, é difícil ficar calma. - Mia ri um pouquinho, em um tom provocativo para tentar fazer graça, e, ao mesmo tempo, por curiosidade ela indaga em um sorriso malicioso - . Mia - Porque eu a deixaria nervosa?

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora