Capítulo 63

3 0 0
                                    


Salomé e Mia estão paradas em uma estrada, enquanto Salomé ampara Mia, que passava mal ao lado de uma carruagem.

Salomé - Você ainda está se sentindo assim mesmo, após já ter colocado tudo o que tinha para fora? Mia - Se eu soubesse que ela estava falando daquilo, não teria aceitado buarg... tão rapidamente...

Salomé, ao presenciar ainda mais deste panorama nada elegante, tenta se controlar para ela mesma não passar mal. - '' Salomé - Eu já deveria estar acostumada a esse tipo de cenário, mas há tanto tempo que não presencio esse tipo de coisa, é uma vergonha que eu tenha ficado mais suscetível. '' . Mia se ergueu vagarosamente, Salomé lhe entrega um lenço e enquanto limpa a boca.

Mia - Obrigada... - Tentando passar calma e indiferença, ao ocorrido devido à vergonha, Mia tenta falar de outra coisa, para enganar a si mesma - . Mia - Que lugar foi aquele que paramos no caminho? - Agindo com a mesma indiferença - . Salomé - Lembra-se de que eu disse ter um amigo que poderia ajudar a senhorita, e que ele conhecia um alquimista? Mia - Sim, como poderia esquecer? Salomé - Pois bem! Aquele lugar é onde trabalha o tal alquimista. Mia - Confesso que não me recordava tão detalhadamente, e aquele lugar não parece em nada com um lugar onde um alquimista trabalharia, não que eu tenha algum conhecimento sobre o assunto, mas, porque precisa vê-lo? Salomé - O lugar era insalubre de fato, imagino o porquê de alguém com tal qualificação aceitar exercer seu ofício em, tal ambiente? Mas você entenderá em breve, mas quem diria que quem seria a indicação de minha antiga colega seria uma asmodiana, não vi muitos do tipo dela ao longo da minha vida, sempre fui curiosa sobre eles. - '' Salomé - Além de ser animadora, essa situação não poderia ser melhor, a senhorita poderá crescer ainda mais se tudo ocorrer bem... '' - . Mia - Também fiquei surpresa ao vê-la, tentei não transparecer, já vi alguns tipos de outras raças quando mais jovem. Salomé - Que curioso isso, não são muito comuns deste lado da muralha, de onde é, senhorita Mia? Mia - De um lugar sem nome como muitos, um pequeno vilarejo nas proximidades de Erdos, mas mesmo próximo era distante, levava quase uma semana para irmos até lá se me lembro bem, me mudei quando jovem junto de minha família. - Às duas sobem novamente na carruagem, com Mia ajudando Salomé - . Salomé - Tem muitos irmãos? Mia - Alguns, não me lembro do rosto de todos, não sou a mais velha e quando criança lembro que alguns se mudaram, foram seguir sua própria vida, não sei se estão vivos e quando deixei os meus pais eu tinha dois irmãos mais novos, um menino e uma menina. Salomé - Seus pais têm muitos filhos, então? Mia - Algo comum para os plebeus, a senhora com certeza deve saber. Salomé - O que me impressiona, é que seus pais tenham tido tantos filhos, eles já não deveriam ser tão jovens, quando tiveram os seus irmãos mais novos. Mia - Já não eram quando me tiveram, mas para pessoas como meus pais, quanto mais filhos, mais ajuda. Salomé - O que sabe sobre Lorna? Mia - Se me permite, porque todo esse interesse repentino em nós? Senhora Diener. Salomé - Percebi que não sei muito sobre vocês, o que é uma falha da minha parte, ainda que eu tenha sido admitida para servir a senhorita, vocês duas se tornaram minhas alunas também, e futuras damas de companhia. Mia - E apenas por isso aceito ser chamada de senhorita, apesar de achar que a senhorita merece damas melhores, porém eu não sei muito sobre ela, apesar de ser uma falastrona irritante, Lorna não fala muito sobre si, a única coisa que sei é que ela é filha única, ou que foi a última a deixar os pais, eu não me compreendi muito bem, sei também que seus pais eram lavradores, mas nesse quesito ela não difere da maioria, se é que exista algum diferencial entre nós, plebeus. Salomé - Infelizmente, tenho de concordar, e não se menospreze, é necessário muito mais do que berço para ser uma boa dama de companhia. - Mia cora um pouco diante da afirmativa - . Mia - Mas se eu tiver de acrescentar algo, ela com certeza deve ter sido uma garota mimada, tendo em vista a sua falta de disciplina. Salomé - Isso pode ser verdade, talvez seja a mais nova, a maioria é tratado com mais esmero. Mia - Se eu tivesse poder de decisão colocaria ela para trabalhos mais pesados para aprender um pouco, e em seu lugar colocaria alguém mais interessado no trabalho. Salomé - Como Persia, presumo? Mia - Eu estava pensando na chefe Rosália. Salomé - Acredito que tenha dito, alguém mais interessado. Mia - Ela não é de todo mal quando você conhece melhor. Salomé - Estamos falando da mesma pessoa? - Mia dá uma pequena risada e Salomé a acompanha, pensar em Rosália sempre a deixa de bom humor, deixando os pensamentos de lado - . Mia - E a senhora, senhora Diener, se não for invasivo de minha parte é claro. Salomé - Não tem muito o que dizer sobre mim, sou uma ex-nobre como sabe, minha fortuna foi perdida porque aqueles que estavam no comando não souberam administrar nossas posses, elas foram sendo exauridas cada vez mais a cada geração, eu não fui uma exceção, era mimada quando mais nova, irritada com o mundo por não poder ter mais, fui a última da minha linhagem a viver naquela mansão, meu falecido marido era um gastador sem freios, usou bastante com amantes jovens, era um beberrão também, mas mesmo quando minha família ainda tinha algumas posses para se orgulhar, quando eu era jovem, decidi me voluntariar nas guerras como enfermeira. - Mia interrompe muito empolgada ao escutar sobre as guerras - . Mia - E como era? Servi quero dizer, ainda que fosse apenas uma enfermeira voluntária deve ter visto muita coisa. Salomé - A guerra não é algo que deve ser cortejado, minha jovem, é claro, naquela época eu pensava diferente, talvez fosse tão deslumbrada quanto você. Mia - Perdão, não quis parecer arrogante. Salomé - Não foi. Mia - A questão é que deve ter sido difícil ser uma mulher em meio aquela violência. Salomé - Fácil com certeza não foi, mas a guerra não era fácil para ninguém, para nenhum dos lados, nem para os que ficavam para trás esperando notícias, mas teve seus frutos, conheci muitos que se tornaram futuros senhores de suas terras, ganhas graças aos seus méritos adquiridos durante as batalhas, ou nas caçadas as bestas, com isso formei laços que foram úteis, me tornei tutora quando jovem logo depois, foi quando eu conheci meu falecido marido, ele era um galanteador, e como uma tola eu caí nos encantos daquele infeliz. Mia - Sua vida foi agitada. Salomé - E como, eu não faria nada de diferente se tivesse a oportunidade, mesmo com relação aquele desgraçado, me casaria com ele novamente todas às vezes. Mia - Mesmo que ele a tenha traído? Salomé - Como marido, realmente nos últimos anos ele falhou, como companheiro e amigo ele teve mais acertos do que erros ao longo de nossa vida, ele não tinha tino pros negócios, mas tinha para diversão, como a senhorita bem disse, minha vida foi agitada, em grande parte, graças a ele. Mia - A senhora fala como muito carinho dele, eu não compreendo? Salomé - Ele foi um bom amigo, é mais que muitas mulheres têm, eu me considero com sorte nesse quesito. Mia - Não gostaria de ter tido um grande amor? Salomé - Senhorita Mia, e onde se encontra isso? Eu não vou dizer que é mais importante um bom casamento, um bom partido, vi muitos assim e sei exatamente como terminam, mas só de conseguir alguém que esteja disposto a ficar ao seu lado até o fim, até nos piores momentos, sem mentiras ou manipulações, já devemos nos considerar com sorte, ele nunca mentiu para mim, conheci pessoalmente muitas de suas amantes, apresentei vários dos meus para ele, acho que com isso formamos até casais, alguns juntos até os dias de hoje.

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora