Em um crepúsculo, segurando uma lamparina, Lobélia estava sentada no banquinho baixo de jardim, com Agatha em seu colo ronronando, até que surge Salomé que usava um xale mais espesso que o usual, ela fica parada alguns segundos a olhando, quase admirando a mulher a sua frente, não a malícia, ou desejo em seus olhos, apenas uma empolgação quase infantil, ela respira profundamente, pois não irá se permitir perder a compostura, vai até ela e se senta ao seu lado de uma forma que ela imagina ser casual, um pouco desajeitada, mas que ela disfarça o melhor que pode, e por incrível que pareça, Lobélia apenas acena com a cabeça, ela não percebeu o nervosismo de Salomé.
Salomé - Acredito que não adianta ficar encarando, suas plantas não irão crescer tão rapidamente como espera. -Salomé tenta fazer uma brincadeira para acalmar a si mesma - . Lobélia - Eu não espero que algo assim ocorra. - Responde com um sorriso largo e malicioso - . Salomé - Erro meu, mas falando mais seriamente... Lobélia - Já? Salomé - Não me provoque, tentei fazer um gracejo, mas não levo jeito. Lobélia - Eu discordo... Mas continue, o que dizia? Salomé - Apenas fico feliz em saber que tenhamos o mesmo hábito, o silêncio do início das manhãs é agradável, durante o crepúsculo consigo pôr em ordem os meus pensamentos, mas ter uma boa companhia de vez em quando, aparenta ser uma boa mudança de ritmo. Lobélia - Agradeço por suas palavras, não gostaria de descobrir que interrompi a sua rotina, mas, a verdade, é que eu estava mesmo esperando um momento para poder conversar com a senhora, sem nenhum tipo de interrupção ou olhos curiosos. Salomé - Agora é a senhorita que deseja falar seriamente? Lobélia - A senhora consegue ser ácida quando quer, eu gostei... - Ela está sorrindo enquanto fala - . Salomé - Estou intrigada com a motivação por trás de tais desejos. Lobélia - Como colegas, amigas, conhecidas ou pela forma que prefira chamar a relação que cada uma de nós tenha com aquela mulher... eu sei que os métodos por trás das aulas que leciona para a senhorita, podem ser considerados... Não tradicionais. Salomé - Estou confusa, o que quer dizer? Lobélia - Ainda assim, está falando todas as mesmas baboseiras enfadonhas daqueles velhos para aquela garota, por quê? É um pouco contraditório. Salomé - A senhorita é uma moça direita, não tenho certeza se gostou ou desgosto. Lobélia - O tempo responderá. Salomé - Tem razão, mas como sabe, o que estou ensinando ou não para a senhorita? Lobélia - Tive uma pequena conversa com ela a respeito de magia, principalmente sobre a influência. Salomé - Que pergunta sem sentido, você mais do que qualquer um, pelo fato de se associar a eles sabe que se ela quiser o mínimo de respeito, ou autonomia no uso de magia, precisa seguir as crenças deles. Lobélia - Nosso trabalho não deveria ser, ensinar sobre a verdade. Salomé - A verdade é regida sobre as leis dos poderosos. Lobélia - Ainda assim, disse me respeitar anteriormente, mesmo que eu esteja associada a eles, por suas palavras de agora a pouco, fico confusa. Salomé - Não menti quanto a isso, consegui mesmo uma posição de prestígio, mesmo não seguindo exatamente suas leis e crenças, mesmo sendo asmodiana, isso mostra um grande valor. Lobélia - Quase fez eu me sentir constrangida agora, mas compreendo, isso não foi exatamente fácil, agora voltando a falar da jovenzinha, notei mais uma coisinha estranha ao conversar com ela ao longo da tarde. Salomé - E o que seria? Lobélia - Por que ela acredita estar em um nível abaixo do básico? - Salomé bufa de irritação - . Salomé - Eu precisava freá-la de algum modo, confiança demais pode gerar situações irremediáveis, eu acreditava que sua presença aqui poderia encaminhá-la de formas mais proeminentes, de maneiras que eu não conseguiria, ou melhor dizendo... Lobélia - Não poderia... Então eu não estou aqui para ser apenas uma simples médica? Realmente achei estranha essa coincidência de conhecer uma humana capaz de usar sombra. Salomé - Acredite ou não, é uma coincidência, praticamente divina eu poderia dizer, eu esperava que pudesse convencê-la a abraçar esse lado dela. Lobélia - Fica difícil quando alguém não ajuda, e fica enfiando baboseiras conservadoras na mente dela. Salomé - Minha posição aqui é extremamente delicada, minhas sinceras desculpas, eu não posso fazer tudo o que gostaria, acredite, se eu pudesse transformaria aquela torre em escombros, não me entenda mal, eu realmente admiro muito dos magos que vivem nela, entretanto a maioria dos que estão no conselho não estão entre eles. Lobélia - Uma atitude radical de sua parte, eu de fato não gosto deles, mas não dá para não elogiar o acervo mágico, ou os investimentos para as pesquisas constantes. - Salomé parece ainda mais irritada - . Lobélia - Eu sinto que sua repulsa sobre a torre vai além do conservadorismo, mas não precisa entrar em detalhes... mas quanto a convencê-la, pode ficar tranquila...
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A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)
FantasyCristiane, uma ilustradora que havia passado por muitas mudanças nos últimos anos na sua vida, morre ao tentar salvar uma garota que ela estava seguindo e percebe que transmigra na história de um jogo de universo expandido que ela é muito fã. Ela to...