A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)

Capítulo 43

O conde está fitando Cássia nos olhos que responde com um olhar feroz.

Conde - Tudo bem, eu prefiro não aborrecê-la, não é esse meu objetivo, eu apenas queria alertá-la, nunca se sabe quem pode estar de olho. Cássia - Agradeço a preocupação, mas sei o que estou fazendo, agora eu queria entender melhor o que o senhor quer dizer quando fala em ''negociações''? Conde - Eu acreditava que seria impossível tirá-los de forma segura do lugar onde estão escondidos, pelo menos até você aparecer, você tem conexões talentosas pelo pouco que sei a seu respeito, e como pode ver com Snel e Elias, temos os nossos trunfos também. Cássia - Esses poucos parecem bastante para mim, mas entendo aonde quer chegar, ainda assim como faríamos com os prováveis espiões do nosso lado? E é claro, o perigo deve existir desse lado da fronteira também.

Do lado de fora da sala um homem magro de estatura mediana se esgueira agachado próximo à porta, ao seu lado a dois outros homens, ele usa roupas um pouco mais elegantes o que torna a sua mobilidade nessa posição desconfortável, ao ficar de frente a porta ele cola um de seus ouvidos encostados à porta tentando escutar alguma coisa, de dentro de suas botas altas ele retira uma adaga e aproxima sua mão do trinco da porta, engolindo em seco, ele se prepara para invadir junto de seus companheiros que seguram sabres em punhos, um de frente para a porta e o outro ao seu lado, rapidamente ele escancara a porta pulando para dentro seguido dos outros dois, Cássia entra em guarda pulando e ficando ao lado do Conde, em um movimento rápido ela já estava com a faca de prata focando sua atenção nos invasores.

Cássia - Uma armadilha?! Conde - Acalmem-se todos. - Cássia olha para o Conde que parece relaxado, ele faz um movimento com o braço e os homens saem da posição de combate - . Conde - Você também, deveria relaxar, são apenas meus homens, que agiram tarde demais para me proteger. Mordomo - Perdão senhor, eu falhei. Conde - Não se desculpe meu caro, você apenas cumpriu com o que eu pedi diminuindo as rondas e criando algumas aberturas. Cássia - Você realmente armou para mim. Conde - Apenas imaginei que você não usaria a porta da frente, para falar a verdade agradeço por não fazer isso. - O Conde olha para o mordomo - . Conde - Sandoval como a descobriu? Sandoval - Uma serva se assustou em um dos galpões, quando chegamos lá encontramos três outras que haviam sido nocauteadas, uma estava acordada, após o seu relato imaginei que o escritório seria o alvo. Conde - Imagino que tenha controlado a situação. Sandoval - Como de costume senhor, impedi que qualquer rumor se espalhasse pela mansão, assim impossibilitando que qualquer espião ou o invasor tomasse conhecimento de nossas preparações, mas tendo em vista que o senhor está bem, acredito que devo chamar essa senhorita e sua jovem acompanhante desacordada de convidadas? Conde - Está certo, mantenha a presença delas em sigilo e mande às três servas embora juntamente com a que as encontrou com uma compensação, e indicação para trabalhar em outra família. Sandoval - Como desejar, irei me retirar... Venham senhores, me acompanhem.

Cássia se senta novamente com os braços cruzados.

Cássia - Então existem espiões nessa mansão que você tem conhecimento? Conde - A maioria dos servos que têm nessa propriedade são de minha total confiança, porém imaginei em atrair algumas moscas para ficar de olho e descobrir suas redes de contato, apesar de desvendar algumas, tenho certeza que não descobri todas então não agi ainda, meus servos de confiança sabem como agir. Cássia - E as que serão demitidas? Conde - Elas estavam em período de teste, eu apenas queria atrair mais moscas, mas ao fazer isso acabo colocando muitos plebeus que estão apenas em busca de trabalho em risco, alguns cidadãos dessa região que estão apenas tentando sobreviver, é melhor que trabalhem em outro lugar menos arriscado. Cássia -Então como exatamente planejou essa reunião? Conde - Eu não planejei, eu já disse, apenas tive fé de que viria, quando passou pela muralha. Cássia - Então esse é o perigo que enfrenta desse lado, precisa da minha ajuda para acabar com essas redes de informação? É por isso que precisa de mim? Conde - Essa operação requer muito mais do que nós dois, estou apenas investigando, com a nossa parceria, iremos fazer com que o seu pessoal atravesse a fronteira. Cássia - Essa parte estava subentendida, porém, e quanto os espiões do meu lado, vocês plantaram na minha cabeça a existência deles, o que faremos, qual o seu plano? Conde - Você é o meu plano, mas precisamente o seu pessoal do lado de lá, essa é a parte mais importante. Cássia - Estou começando a entender, ainda não confio totalmente em você, tudo poderia ser apenas um plano para chegar a rainha Lauriel ou alguém conectado a mim. Conde - Você tem toda a razão, mas ainda assim minha cabeça continua no lugar e você ainda está aqui... Por quê? Cássia - Assim como o instinto de Petras em confiar em mim, eu confio nele e ele parece confiar em você, eu estava apreensiva no começo, mentiria se dissesse que ainda não estou, mas algo em você me faz querer baixar a guarda e acreditar, ainda que eu esteja com medo, me prove que esse medo é irracional.

Ela se levanta e os dois apertam as mãos, Cássia vai até sua jovem escudeira assustada, e coloca Rassvet no colo, o Conde vai até à porta e sai por uns estantes, trazendo consigo Margarete que não se assusta com às duas elfas vestidas de empregadas, Margarete entende a situação sem precisar de explicações, passa o braço em volta do de Cássia que quase se desequilibra e a arrasta para fora do escritório, no fim do corredor de frente para um quadro do tamanho de uma pessoa, ela pressiona com o pé uma parte do piso que aciona algo que faz um barulho de engrenagem, depois Margarete pressiona o quadro para trás e o arrasta para o lado fazendo surgir uma passagem secreta, uma escadaria, após passaram uns segundos depois a passagem se fecha, elas descem com Margarete segurando uma lamparina que antes estava na entrada da passagem, no final de uma longa escadaria elas chegam a uma sala de madeira, ao atravessarem a porta Cássia nota que o teto alto e de pedra, uma rocha dura e irregular, a várias rochas e um barulho de água corrente, elas estão em uma enorme gruta no subterrâneo, elas estão em cima de um píer de madeira, Cássia entra em um pequeno bote, acomoda Rassvet e toma das mãos de Margarete um frasco entregue a ela pelo conde.

Margarete - Coloque isso em um tecido misturado com água porque é muito forte, vai ajudar a garota a acordar, a um remo dentro do bote, não entre em nenhuma bifurcação, mesmo após sair do subterrâneo, pare quando avistar ao longe um campo de trigo, encontrará no bote também um saco com roupas comuns, talvez alguma sirva, um guia encontrará vocês após um tempo e mostrará o caminho para Tussen. - Margarete se vira para ir embora. Cássia - Espere! Obrigado. Margarete - Não precisa agradecer, é o normal a se fazer, ajudar quem precisa. Cássia - Normal? Muitos da sua espécie, discordariam. Margarete - A maioria não é muito inteligente. Cássia - Você, seu olhar, você não... Esquece. Margarete - Não te olho como se você tivesse lepra? Cássia - Algo assim. Margarete - Por que eu me enojaria? Você é uma das mulheres mais bonitas que já vi, agora vá, o guia vai acabar chegando ao local antes de vocês, ele não é muito paciente. - Cássia se surpreende com a afirmação da mulher humana, não que nenhum outro humano não tivesse elogiado sua aparência antes, porém por alguma razão, ela sentia que era diferente, havia luxúria na maioria das vezes, outras por deboche, alguns até para alavancar seu ego a fim de ganhar algo, mas as palavras de Margarete, não carregavam malicia - . Cássia - Mas uma vez, obrigado.

Elas se despedem, Margarete some da visão de Cássia que ajuda Rassvet a acordar após fitar um tempo o píer, Rassvet sem compreender nada abraça Cássia e se acalma, Cássia pega o remo e com um pequeno sorriso guia o barco enquanto atualiza Rassvet que estava inquieta diante da atual situação.